sábado, 31 de dezembro de 2011
Revista de imprensa (31/12/2011)
- «(...) A segunda lição do ano é para o PS. Como todos os partidos de centro-esquerda no poder quando a crise do euro levou a UE a mudar radicalmente a orientação das políticas, do hiper-investimento que foi a sua reacção ao crash financeiro mundial para a austeridade e a obsessão com os défices e as dívidas, cometeu o erro de não exprimir o seu desacordo e de não procurar dentro da União parceiros nessa oposição. Assumir as medidas de austeridade como suas e até como boas foi uma ingenuidade voluntarista que pagou, à bruta, nas urnas.Terceira: parece que já se pode concluir com toda a certeza que, ao contrário do que BE e PCP tanto repetiram, o PS no governo não é igual ao PSD e ao PP. Pena que toda a gente, mesmo a que já suspeitava, tenha de pagar, e com língua de palmo, a aula prática. E que quem mais precisasse de a aprender dê mostras de ainda não ter percebido, o que - quarta lição - nos diz que jamais o BE e o PCP viabilizarão governos de esquerda, criando espaço (vide os 40% de abstenção nas legislativas) para uma nova força política, capaz de alianças com o PS.(...)» (Fernanda Câncio)
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Talvez o país mais secularizado do mundo
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Dez anos depois
(Publicado originalmente no i.)
Castigar os justos
Democracia sob ataque
Mas não é único ataque. Os outros são pequenos e diversos. Cá em Portugal há agentes provocadores infiltrados, e manieta-se a Comissão Nacional de Protecção de Dados. Pela Europa fora várias notícias pintam um quadro assustador. Veja-se o caso do Reino Unido:
Quando é os cidadãos põem um travão neste ataque?
Há alguns movimentos nesse sentido, mas face à gravidade da situação, a reacção está a ser de letargia.
Há que acordar!
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Revista de imprensa (27/12/2011)
- «A última década foi a pior de que há memória para a economia portuguesa e o mau desempenho deve-se mais às restrições causadas pela união monetária que a erros políticos, diz Ferreira de Amaral.
- O economista argumenta que "é razoável" pensar que a Europa "estaria melhor" sem a moeda única: "A zona euro cresceu pouco, muito menos que na década e meia anterior. Acumularam-se desequilíbrios gigantescos nas balanças de pagamentos, nomeadamente em Portugal, na Grécia e também, em parte, em Espanha."
- Quanto a Portugal, assegura, nunca teve alguma "década tão má" como a começada com a introdução das notas e moedas de euro em 2002, "pelo menos desde a II guerra mundial".
- Para Ferreira do Amaral, Portugal "já está" numa situação "pior que há dez anos": "Não só pior em termos de rendimento 'per capita' como pior nas desigualdades, pior em termos de estrutura produtiva".
- (...)
Esmifrar-se para conseguir fazer investigação científica é tudo menos patriotismo
Ao mesmo tempo, como cientista, não condeno a referida decisão, embora não quisesse passar por ela. Sei o que move os cientistas, reconheço e respeito a vontade de querer estar sempre na linha da frente, mesmo que graças a isso se sacrifiquem outros valores que consideramos importantes. E sobretudo sei o que é a pressão por ter de produzir resultados, por não ficar para trás nos concursos, por publicar artigos para (no caso dos bolseiros e mesmo dos contratados) poder concorrer à bolsa ou ao contrato seguinte. Se os houver, onde e quando os houver. Sem nunca saber como será o amanhã. Um laboratório constituído por gente assim - e é gente assim que constitui e produz a maioria da nossa ciência - não pode parar. E tem de fazer tudo para não parar. Mesmo o que não acha aceitável.
Quem toma uma atitude destas não o faz por patriotismo: em grande parte dos casos não é português ou, mesmo que o seja, não sabe onde vai trabalhar a seguir, podendo ser em Portugal ou não. Pode ter escolhido o laboratório onde trabalha, mas em grande parte dos casos o facto de esse laboratório ser em Portugal não tem importância nenhuma. Quem toma uma atitude destas fá-lo, nalguns casos, por ambição; noutros (a maioria) por desespero. Nunca por "patriotismo". Se o Daniel quer entender um pouco melhor como é fazer ciência, pode começar por ler esta entrevista (que em muitas coisas não subscrevo) de Rui L. Reis.
Mala de Cartão
Tantos anos a ouvir dizer que era "perigoso" porque "ninguém dava nada por mim e eu aparecia em Portugal com um PhD", a fazer concorrência aos meus "colegas". E agora o PPD declara que afinal sou mas é um amigo das estatísticas, um patriota verdadeiro. Que alegria, poder finalmente servir a Pátria no exílio.
Sugestão inocente
O Portugal Futuro
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
A tortura colectiva continua na Coreia do Norte
domingo, 25 de dezembro de 2011
Homem revestido a ouro apela à humildade
Revista de blogues (25/12/2011)
sábado, 24 de dezembro de 2011
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Fiscalizador que prometeu não fiscalizar foi eleito por maioria de dois terços dos deputados
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Os perigosos esquerdistas do FMI
São quatro pontitos. Em três deles é clara a sua crítica ao discurso e as soluções dos líderes europeus.
Multiple equilibria are not new. We have known for a long time about self-fulfilling bank runs; this is why deposit insurance was created. Self-fulfilling attacks against pegged exchange rates are the stuff of textbooks. (..)
What has become clearer this year is that liquidity problems, and associated runs, can also affect governments. (...) If investors believe they are solvent, they can borrow at a riskless rate; if investors start having doubts, and require a higher rate, the high rate may well lead to default. (...) many governments are exposed. Without adequate liquidity provision to ensure that interest rates remain reasonable, the danger is there.
3. Some preliminary estimates that the IMF is working on suggest that (...) the joint effects of fiscal consolidation and the implied lower growth (...) lead in the end to an increase, not a decrease, in risk spreads on government bonds.
4. (...) perception molds reality.
(...) For example, nothing much happened in Italy over the summer. But, once Italy was perceived as at risk, this perception did not go away. And perceptions matter: once the “real money’’ investors have left a market, they do not come back overnight.
A further example: not much happened to change the economic situation in the Euro zone in the second half of the year. But once markets and commentators started to mention the possible breakup of Euro, the perception remained and it also will not easily go away. Many financial investors are busy constructing strategies in case it happens.
Premiar os culpados da crise
Solstício
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Candidato a cargo público defende o crime e a violação da Constituição
E, por incrível que pareça, (quase) toda a gente assobia para o lado e faz de conta que não vê. Continuem assim. Um dia, isto acabará muito mal para alguns dos novos pides.
A Oeste... um Milagre!
Mas ontem aqui na minha universidade aconteceu um suave milagre, que penso que os fundamentalistas não perceberam bem, e que provocou muita consternação, a meu ver infundada: um menino Jesus subiu aos céus, directamente da manjedoura!
A história é simples, como a maioria das histórias milagrosas: um fundamentalista evangélico colocou um presépio na capela multi-fé da universidade, para tornar o Natal mais cristão, o que é compreensível em face dos ataques vis que todos os anos os "secular humanists", os energúmenos da "liberal elite", dirigem contra a festa do nascimento do senhor Jesus (lord Jesus).
Ontem um grupo de evangélicos dirigiu-se à capela e encontrou a manjedoura vazia e um papel com dois balões, em que o S. José dizia "He has risen!" e a Nossa Senhora "Oh God!"
Mal interpretado, este milagre passou despercebido e a comoção e a dor dos evangélicos transbordaram para os jornais com a intensidade que esta quadra oferece: indignação, acusações e protestos pios. Toda a cidade comentou o acontecimento.
O poder de mercado e a mão de obra - III
Como várias destas partes têm elevado poder de mercado, as alterações da oferta e da procura são claramente insuficientes para explicar a variação dos preços a que a mão de obra - em particular a dos gestores de topo - tem sido transaccionada.
Na sequência da alusão que fiz à importância de valores com carga simbólica como essenciais para compreender a avolução dos preços, é de notar que existia «pudor» em pagar a um gestor de topo um valor muito superior ao dos empregados pior pagos. Em 1965 o CEO nos EUA ganhava em média um salário 24 vezes superior ao do trabalhador médio, enquanto que hoje ganha 325 vezes mais. Isto para não falar nos casos extremos (Stephen J. Hemsley recebe cerca de 50 vezes mais que o CEO médio, portanto cerca de 15 000 vezes mais que o trabalhador médio)...
O que explica esta evolução é a perda de força dos sindicatos. Enquanto que antes tanto os gestores de topo como a generalidade dos trabalhadores tinham considerável poder de mercado, com o enfraquecimento sindical, apenas os gestores de topo mantiveram esta vantagem. Em consequência, os recursos criados pelo aumento significativo da produtividade acabaram por ser apropriados por este grupo, fazendo com que a generalidade das pessoas mal sentisse o seu benefício.
Assim, a perda de poder de mercado da generalidade dos trabalhadores beneficiou dois grupos distintos. Por um lado beneficiou os proprietários, detentores de capital, por outro lado beneficiou os gestores «de topo», detentores de cargos onde se coloca um problema de agência.
Esta situação está a tornar-se insustentável, e é cada vez mais urgente invertê-la.
O casamento já não é o que era
Há 15 anos, por cada bebé nascido de uma união de facto, havia 6 de um casamento. Hoje há apenas 1,8.
O preço do catolicismo em Itália
€ 6.086.565.703
(seis mil milhões de euros por ano).
Taxas enganadoras
Serve isto para introduzir um bom texto da sua autoria sobre o recente aumento das taxas moderadoras, que cito parcialmente aconselhando a leitura integral:
«O aumento anunciado das taxas moderadoras nas urgências hospitalares é uma medida injusta, incoerente e inútil.
[...]
Lembremos que o governo, ao impor sacrifícios aos portugueses, anunciou a intenção de proteger os mais carenciados, os mais vulneráveis, entre os quais obviamente se encontram as famílias que têm de recorrer em desespero aos hospitais.
Por último, o acréscimo de receita com esta medida representa apenas cerca de um por cento do orçamento da Saúde, ou seja, é irrelevante. Além de que o sistema para garantir a cobrança efectiva das taxas moderadoras consome uma parte considerável das receitas geradas.
Se não se encontra justificação plausível, porquê então esta medida? O aumento das taxas moderadoras surge apenas porque está previsto no acordo com a Troika. Mas curiosamente aí também se prevê a renegociação das parcerias público-privadas, medida abandonada e que geraria muito maior poupança. Assim, o governo parece preferir beneficiar empresários ricos, em detrimento dos pobres dos doentes.»
Ana Gomes, sozinha
- «A justiça alemã condenou hoje dois ex-executivos da Ferrostaal a dois anos de prisão, com pena suspensa, e ao pagamento de coimas por suborno de funcionários públicos estrangeiros, na venda de submarinos a Portugal e à Grécia. (...) O ministério público de Munique acusou os dois ex-gestores da Ferrostaal de terem pago "luvas" no valor de 62 milhões de euros, entre 2000 e 2003, para conseguir vantagens sobre a concorrência e vender submersíveis a Atenas e Lisboa.(...)Quanto a Portugal, o tribunal deu como provado que Haun e Muehlenbeck subornaram o ex-cônsul honorário em Munique Juergen Adolff, pagando-lhe 1,6 milhões de euros, através de um contrato de consultoria, para que o diplomata propiciasse contactos com o governo português.
No contrato, o empresário bávaro comprometeu-se a prestar "assistência orientada" no que respeita ao fornecimento de submarinos à marinha portuguesa, sustentou o Ministério Público de Munique.A queixa-crime foi omissa quanto a eventuais reuniões que Adolff terá conseguido organizar com membros do executivo, na altura chefiado pelo atual presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e em que Paulo Portas era ministro da Defesa.
Adolff, que foi exonerado pelo governo português em março de 2010, depois de a justiça alemã ter informado Lisboa, continua sob investigação em Munique e poderá ser julgado por corrupção passiva.» (Expresso) - «"É inaceitável que este processo esteja parado em Portugal", afirmou à agência Lusa a eurodeputada socialista. Ana Gomes considerou ainda que só "por manipulação política" é que a Justiça portuguesa "não avançou mais com o processo". (...) Para Ana Gomes é "inaceitável que o processo na Alemanha tenha avançado, ao ponto de haver condenados por suborno a portugueses, e em Portugal o assunto esteja em águas de bacalhau". A deputada ao Parlamento Europeu defendeu que é preciso "interpelar o Governo sobre este processo", dado que há "fortes suspeitas de corrupção" e "o principal responsável político pelo negócio é o próprio ministro [da Defesa] da altura, o doutor Paulo Portas", atual ministros dos Negócios Estrangeiros.» (DN)
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
O que é o ateísmo de Estado?
Revista de blogues (20/12/2011)
- «No de Dickens, Ebenezer Scrooge transforma-se radicalmente. Aprende quanto pode fazer por si e pelos outros e, com isso, torna-se numa pessoa melhor. O João César das Neves não é um Charles Dickens, obviamente, mas também não era preciso fazer o oposto. Num texto apressado, conta como um tal André lida com a crise: «Queres saber o segredo da minha calma? Queres saber como consigo não ficar desesperado? É que o meu Pai é dono disto! […] Estou a referir-me Àquele a quem digo todos os dias ‘Paí Nosso’, que é dono de tudo o que tenho e sou, de tudo o que vejo e existe no universo. Nada me preocupa porque Deus é dono da minha vida. A confiança em Deus é a melhor coisa da existência.»(1) A mensagem parece ser que, ao contrário do que se passou com Scrooge, o melhor para nós é aceitar tudo como é: «esta crise tem me feito muito bem. Ao princípio assustou-me, mas um dia percebi que acima dela está Deus [e] desde que Lhe entreguei, mais uma vez, a minha vida senti uma liberdade e alegria profundas [...] ‘Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus’ (Rm 8, 28)».
Além de promover a bovinidade, a historieta salienta algumas inconsistências do fatalismo cristão. O André não se preocupa porque o seu “Pai” está encarregue de tudo, mas também não estranha que o “Pai” trate os filhos de forma tão injusta. É difícil imaginar que um pai fique indiferente ao filho que passa fome numa cubata na Somália enquanto outro vive luxuosamente num chalé suíço. Pior, esse tal André diz-se descansado da vida porque «se ao Seu Filho Deus deixou que nós O crucificássemos, tudo o que eu sofrer é pouco». Chiça. Felizmente sou ateu e não acredito ser filho de um pai desses. Senão é que andava aterrorizado.
O poder de mercado e a mão de obra - II
No entanto, na transacção de mão de obra as coisas raramente se passam desta forma. Porque existe um limite ao número de horas que um indivíduo pode vender (inferior a 24h por dia) mas não existe limite ao número de horas que pode comprar (só o capital de que dispõe), tende a existir um número de compradores de mão de obra muito inferior ao número de vendedores. Tal desproporção não criaria, por si, qualquer poder de mercado: se há infinitos consumidores de batata, e por cada dez destes um produtor, podemos estar perante um mercado perfeito desde que não existam barreiras à entrada.
Mas a realidade não é infinita, e os mercados são limitados. O facto de existirem muito menos empregadores do que empregados num mercado limitado faz com que os primeiros sejam poucos, com que se possam conhecer pessoalmente, possam executar estratégias de cartelização tácitas ou concertadas, ou pelo menos partilhem um conjunto de valores que na prática possa «de facto» criar uma situação de cartelização e elevado poder de mercado. Sem qualquer interferência compensatória no mercado de mão de obra, o resultado é uma mão de obra numa situação de quase escravatura, sem férias, fins de semana, protecção social, e uma sociedade com enormes desigualdades sociais, com tudo o que de negativo isso traz ao nível da criminalidade, do bem estar, da confiança e empatia das pessoas umas pelas outras, etc. Essa chegou a ser a realidade antes dos sindicatos ganharem força.
Os sindicatos, por outro lado, cartelizam a oferta de mão de obra. Numa situação em que a oferta de mão de obra tem elevado poder de mercado, mas a procura também tem, o que é que seria de esperar? Ao contrário da situação de mercado perfeito, onde o compromisso se faria para o preço que maximizaria o valor, a negociação entre agentes humanos com elevado poder de mercado tende a fixar-se em torno de valores com significado psicológico, tendo em conta, entre outras coisas, as noções de justiça, as capacidades comunicativas dos envolvidos, as suas capacidades negociais e disposição para correr riscos.
Tomemos um exemplo onde a entidade patronal e os sindicatos tentam negociar os aumentos salariais: os sindicatos querem aumentos superiores ao aumento de produtividade, mas a entidade patronal quer dar aumentos inferiores. O compromisso entre estas duas forças com elevado poder de mercado tenderá a ser precisamente o aumento de produtividade.
Nos EUA os sindicatos eram fortemente atacados - pelo próprio estado - antes de Roosevelt assumir a presidência. A partir dessa altura, os sindicatos ganharam uma força significativa. É por isso que durante as décadas seguintes os salários nos EUA subiram a par e passo com a produtividade.
Posteriormente, as políticas de Reagan tiveram um efeito devastador nos sindicatos. Por isso podemos verificar que, tendo a produtividade continuado a aumentar significativamente, os salários reais (descontando o efeito da inflacção) pouco subiram.
É preciso alertar para um mal entendido comum. Muitas pessoas associam sindicatos fortes a uma incapacidade para o compromisso, uma predisposição excessiva para a greve e para conflitualidade social. Essa associação é errada.
Quando uma proporção menor da mão de obra está sindicalizada, é comum que os poucos que ainda dão força aos sindicatos sejam aqueles menos disponíveis para o compromisso e mais disponíveis para luta social, e que portanto tenham mais poder sobre as acções do sindicato como um todo. Em Portugal as taxas de sindicalização rondam os 25% (das mais baixas da Europa), e nos EUA aproximam-se dos 10%, mas na Suécia chegam aos 70%. Um sindicato forte não precisa de tomar medidas tão drásticas para ser tomado em atenção pela entidade patronal, desde que, por ter muitos associados, a entidade patronal saiba que pode tomá-las. De qualquer forma, as taxas de sindicalização e o número de greves diminuíram significativamente nos países ricos ao longo das últimas décadas, o que contribuiu para o aumento das desigualdades nestes países.
É preciso reforçar que em Portugal o número de greves está longe de ser excessivo, não só quando nos comparamos com outros países, como quando olhamos para a evolução temporal nas últimas décadas.
Por fim, não nos devemos esquecer que uma parte da mão de obra viu as suas condições de trabalho melhorarem significativamente: os gestores «de topo».
O próximo texto desta série foca essa questão.
Homenagem a Havel
Todos estes episódios são relatados com muito humor nas memórias de Havel, "To the Castle and Back", sobretudo quando descreve o estoicismo burocrático dos funcionários do PC checo bem como os delírios fanáticos dos ultraliberais que seguem o actual presidente Václav Klaus.
Mas Havel, é também um exemplo de um grande europeísta, daqueles que fazem falta na Europa nos dias de hoje. O seu primeiro discurso perante o Parlamento Europeu em 1994 não poderia ser mais actual. Havel apela à construção de uma Europa mais forte, simplificando os tratados numa constituição clara (pag. 18) e à eleição directa pelos cidadãos europeus de um presidente que substituiria as presidências rotativas (pag. 19).
Havel, o checo enfezado que costumava passar férias no Algarve, vai deixar muitas saudades.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
O mundo ao contrário
Condenável é alguém meter o bedelho no que lá se passa
Serviços secretos alemães protegeram célula neo-nazi?
Revista de blogues (19/12/2011)
- «Sabe qual é a exportação nacional mais bem sucedida das últimas décadas? Não, não são os têxteis nem o calçado, ou sequer o turismo. E também não são os moldes, as tecnológicas, ou até as energias renováveis. Não. A exportação nacional que mais tem contribuído para atenuar o nosso défice externo é... a nossa mão-de-obra. Todos os anos, dezenas de milhares de portugueses emigram para os mais variados destinos do mundo. Nos anos que se seguem, esses emigrantes trabalham e poupam nos seus países de acolhimento, enviando parte das mesmas poupanças para Portugal (as chamadas remessas). E é assim que, todos os anos, o nosso país recebe centenas de milhares de euros dos trabalhadores “exportados”. Nenhuma outra exportação nacional tem gerado tantas receitas para o país.O problema é que, como em tudo, a exportação de trabalhadores nacionais precisa de ser competitiva. E essa competitividade tem-nos saído cada vez mais cara. Nos anos 60 e 70, o emigrante típico tinha poucas qualificações, de modo que não era muito caro “produzir” e “exportar” um trabalhador. Porém, o mundo mudou e agora os emigrantes portugueses têm de “competir” com chineses, indianos, ou cidadãos de outros países para emigrarem. E é assim que começámos a exportar muitos dos nossos trabalhadores mais qualificados. Actualmente, Portugal exporta licenciados, mestres e até doutorados em números tais, que já somos o segundo país da OCDE com a maior “fuga de cérebros”.Resta saber se, no futuro, os custos dessa exportação para a economia nacional não serão bem maiores do que os benefícios.» (Álvaro Santos Pereira, Novembro de 2010)
Resolução da Convenção de Lisboa
Também foi eleita a comissão mandatada para coordenar os trabalhos.
Selecciono parte da resolução, aconselhando a leitura integral a quem estiver curioso:
«As cidadãs e cidadãos continuam a desconhecer a origem, a composição e os valores rigorosos da dívida pública portuguesa. [...] há contratos públicos pouco escrutinados, de que resulta, a prazo, maior endividamento público. É o caso de diversas Parcerias Público-Privadas (PPP), que, como indiciam relatórios do próprio Tribunal de Contas, se têm vindo a revelar gravosas para o Estado português. [...] A auditoria deve avaliar a complexidade do problema da dívida, calcular a sua dimensão, determinar as partes da dívida que são ilegais, ilegítimas, ou insustentáveis [...] A realização de uma auditoria cidadã que permita determinar a dimensão e complexidade do problema da dívida pública é um direito legítimo das portuguesas e dos portugueses. [...] Há que ter presente, acima de tudo, que a dívida pública é apenas um dos múltiplos compromissos do Estado português. Além das suas obrigações contratuais juntos dos credores, o Estado tem deveres inalienáveis para com todas as cidadãs e cidadãos [...] As actividades da Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida Pública portuguesa (IAC) são regidas pelos seguintes princípios fundadores: Democraticidade [...] Natureza participativa [...] Transparência [...] Controlo pelos cidadãos [...] Independência»
domingo, 18 de dezembro de 2011
Emigrai, portugueses!
Revista de blogues (18/12/2011)
- «Sou conhecido, entre os amigos, pelo meu espírito tolerante. Vários deles consideram-no excessivo. A prova disso é que até recebo em minha casa um ex-PIDE!Não o convidei, obviamente. Apresentou-se na minha residência, dias depois do 25 de Abril, a contar-me a sua história singular.Trata-se de um homem completamente destruído pelo sentimento de culpa. Durante o excepcional regime de incomunicabilidade que me foi imposto da ultima vez que passei pela PIDE – seis meses nos curros do Aljube! – foi encarregado de me guardar, quatro ou cinco vezes, durante a chamada tortura do sono. A sua tarefa era impedir-me de dormir. Era obrigado a estar de pé, sem me encostar à parede, enquanto durasse o castigo, ou seja, enquanto não confessasse o que eles queriam.Mas esse agente, um tal Colaço, permitiu-me, sempre que esteve de serviço, que me encostasse à parede. Recomendou-me que fechasse os olhos e tentasse descansar. Ele passearia no corredor e, quando se aproximasse algum superior, entraria no quarto e acordar-me-ia. E assim fez!Quando foi a minha casa, a seguir à Revolução de Abril, afirmou-me que se tinha apresentado na Comissão Coordenadora do FMA, pouco depois da Revolução de Abril, para contar que tinha pertencido à PIDE, mas conseguira sair daquela polícia cinco anos antes do 25 de Abril. Esse facto foi confirmado. Relatou aos militares de Abril as torturas que me foram aplicadas e que, segundo afirma, o indignaram.Por que é que ele, apesar de, por várias vezes, lhe ter dito que a sua visita me incomodava, continua a aparecer em minha casa na altura do Natal? Compreendo perfeitamente porquê. Sou o seu “álibi”!
O poder de mercado e a mão de obra - I
Claro que há poucas semelhanças entre esta abstracção teórica e a realidade. Entre muitas outras diferenças, no mercado perfeito assume-se que cada produtor e cliente tem um poder de mercado nulo. No mundo real, o poder de mercado dos produtores é frequentemente muito significativo, e em algumas situações o dos clientes também.
Quem tem maior poder de mercado transacciona a preços diferentes daqueles que ditariam a maximização do valor para todos. Se o produtor detiver maior poder de mercado, venderá menos do que a quantidade óptima, e venderá a preços superiores. Se for o comprador aquele que possui maior poder de mercado, comprará menos do a quantidade óptima, a um preço inferior ao preço óptimo. O máximo de poder de mercado para o produtor atinge-se na situação de monopólio, cujos prejuízos para o bem comum são conhecidos por todos. O máximo poder de mercado para o cliente atinge-se na situação de monopsônio.
Diagrama relativo à transacção de horas de trabalho. Explicação detalhada no fim do texto.
O mercado, entregue a si próprio, tende a evoluir no sentido do aumento da concentração do poder de mercado. Um produtor que compre o negócio de outro poderá aumentar a riqueza de ambos, visto que o lucro dos negócios na mão do mesmo proprietário é superior ao seu lucro conjunto em situação de concorrência, pese embora a dimensão conjunta não ser a mais eficiente.
Quem acredita que o mercado se auto-regula tende a acreditar que esta concentração do poder de mercado cria fortes incentivos à entrada de novos agentes - o lucro aumenta com a concentração do poder de mercado. Tal crença esquece que quem tem maior acesso ao capital (que é geralmente o caso de quem conseguiu maior poder de mercado) pode impedir a entrada no mercado de um novo agente através de uma política de preços suicida, que dure o suficiente para que o novo agente, se não for à falência, perceba que tem lucros superiores a fazer noutro sector. E isto poderia nem chegar a acontecer: o agente não entraria num mercado lucrativo para não se envolver numa guerra de preços, preferindo investir noutro negócio.
As leis que existem que impedem a prática de preços inferiores ao custo de produção, a cartelização, e a excessiva concentração da produção de um determinado bem são tudo leis essenciais que testemunham a necessidade de regular o mercado. Apesar de evitarem extremos, elas não impedem que os agentes económicos detenham frequentemente um poder de mercado não negligenciável.
Um exemplo relevante desta situação é o da compra de mão de obra.
PS- Sobre a figura desenhada acima:
O eixo vertical corresponde ao preço a que é transaccionada a hora de trabalho, e o eixo horizontal corresponde à quantidade de horas de trabalho transaccionadas. A linha azul é a linha da oferta: quanto maior o salário, mais horas de trabalho estão disponíveis para venda. A linha vermelha é a linha da procura: quanto menor o salário mais horas de trabalho encontram comprador. w' é o salário óptimo. Nesse ponto o compradores (empregadores) ganham um valor que corresponde à área entre a linha vermelha, o eixo vertical e a linha a tracejado, e os vendedores (trabalhadores) ganham um valor que corresponde à área entre a linha azul, o eixo vertical e a linha a tracejado.
Se os compradores tiverem o monopsônio, podem determinar o salário a que transaccionam, e vão escolher o preço que maximiza o seu valor: neste caso é w: perdem a parte a amarelo acima do tracejado, mas ganham à custa dos trabalhadores toda a parte a cinzento, portanto ficam a ganhar. Os trabalhadores não só perdem essa parte a azul claro, como ainda perdem a parte a amarelo abaixo do tracejado. No total, o conjunto dos dois perde toda a parte a amarelo.
O benefício em que o comprador incorre por deter o monopsônio é inferior ao prejuízo que causa aos vendedores, e isso ocorre também na transacção de mão de obra.
sábado, 17 de dezembro de 2011
Um genuíno herói da bola
- «A política não me interessa. Deixou de me interessar. Apoiei um candidato porque, na altura, achei que era a pessoa adequada. Não que eu seja do partido a, b, c, ou d, mas pensei que ele poderia ajudar Portugal a crescer e a melhorar as coisas. Errei. Enganei-me, como se enganaram milhões de portugueses que votaram nele. Mas eu, por ser figura pública, tive consequências disso. Hoje ninguém acredita nos políticos, há uma descredibilização total, aqui, em Espanha ou em Itália, é igual. Não me venham dizer que há uma crise financeira, uma crise mundial. Há é políticos que gastam mais do que há para gastar. E isso é o bê-à-bá da economia. Não é preciso ser muito inteligente para perceber isto - eu não sou muito e não gasto mais do que aquilo que tenho.» (Luís Figo ao Público)
Melhor blogue de esquerda de 2011?
Aversão aos números
Serve este preâmbulo para introduzir uma lamentação. Existe uma atitude perniciosa que também me parece mais comum à esquerda que à direita: a aversão aos números.
Não é assim tão pouco comum ler algum texto onde se critica a importância que «os números» têm na nossa sociedade ou no debate político. Sejam as estatísticas que são mentirosas, sejam os algarismos que são desumanos, estes textos contrapõem à frieza dos números a importância do sentimento. Frequentemente, os autores de textos com esta mensagem são de esquerda, e associam valores de esquerda a esta aversão numérica. E seus textos são, não raras vezes, louvados e aplaudidos.
E eu tenho pena disto.
O que estas pessoas parecem não entender é que os números, tal como as palavras, representam ideias. Tal como as palavras podem ser vazios, desumanos, e mentirosos; mas tal como as palavras podem transmitir ideias cheias de conteúdo, de valor, de verdade.
A aversão aos números é aversão a toda uma linguagem, importante e essencial em vários aspectos. Não querer lidar com os números é como não querer lidar com o Inglês: uma escolha legítima, mas que manieta a capacidade de comunicar ideias importantes.
O pior é se esta aversão aos números tem um significado mais profundo, se ela corresponde à aversão que certos sonhadores têm ao pragmatismo. Isso seria péssimo, porque a aversão ao pragmatismo é pouco mais que a garantia de derrota.
O sonho é essencial para que a acção não seja vazia, e o pragmatismo é essencial para que o sonho não seja estéril. Sonhos sem pragmatismo têm o mesmo triste resultado que pragmatismo sem sonhos: não se caminha em direcção à utopia.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Christopher Hitchens (1949-2011)
Do grupo anglo-saxónico conhecido como os «Novos Ateus», Dawkins é o mais informado cientificamente, Dennett o filósofo, Sam Harris o radical e Hitchens é (era) o melhor escritor. Juntava uma vasta cultura erudita (e política) com um estilo de escrita fluente, preciso e humorístico, combinação só possível para um genuíno produto da região demarcada de Oxford. Após as décadas em que pensadores ateus se dedicavam a refutar a existência de «Deus», e quando o esforço já é mais provar que existe ética e moral fora da religião, devemos-lhe, enquanto ateus, a eficaz difusão da noção «anti-teísta» de que «Deus» não apenas não existe como seria péssimo que existisse (noção muito útil para contrapor aos religionários que aceitam as dúvidas sobre a existência d´«Ele» mas argumentam que a ideia de «Deus» é benfazeja e útil).
Hitchens era também, dos ateus hoje mais mediatizados, o que melhor entendia o papel histórico e político do anticlericalismo no combate a todas as formas de autoritarismo. Numa conferência em Lisboa, começou mesmo por citar Marx, no tal bitaite do «ópio do povo», que realmente significa que o homem (ou a mulher) se deve libertar da «alienação» religiosa para depois encetar o combate pela melhoria das suas condições materiais. Para Hitchens, derrubar ditadores ou derrubar santos dos altares era quase o mesmo. Como disse na última entrevista com Dawkins, «(...) para mim, o totalitário é o inimigo - aquele que é o absoluto, que quer controlar o interior da tua cabeça, não apenas as tuas acções e os teus impostos. E as origens disso são teocráticas, obviamente. O início disso é a ideia de que há um líder supremo, um Papa infalível, ou um rabino chefe, ou seja o que for, que serve de ventríloquo para o divino e nos diz o que fazer». O seu paralelo entre o Natal e a Coreia do Norte compreende-se.
O afastamento de Hitchens do trotsquismo terá começado em Portugal, onde observou em 1975 o nosso período revolucionário, numa das suas muitas reportagens da linha da frente dos conflitos mundiais. Afastar-se-ia ainda mais de alguma esquerda europeia em 1989, quando o aiatolá de Teerão emitiu um apelo ao homicídio de Salman Rushdie e muito poucos reagiram. Mais tarde, muitos se chocaram com o seu apoio à guerra do Iraque (embora esquecendo as suas críticas à tortura e à espionagem interna que a acompanharam), mas a coerência de Hitchens era o combate a todas as ditaduras (espirituais e materiais) e a defesa do pensamento livre e da liberdade do indivíduo. Os seus modelos eram Thomas Paine, Thomas Jefferson e George Orwell, todos eles heterodoxos e cosmopolitas.
Nos últimos meses, sabendo que o fim estava próximo, garantiu que não se converteria. Mais: afirmou que na hora final gostaria de estar «activo» e «olhando-a de frente e estar a fazer algo quando chegasse». Que tenha sido assim.
Horários, despedimentos, tragédia menor do que temia
Imaginemos que, mantendo o salário por hora, se diminuiria 5% o horário de trabalho, e consequentemente o rendimento mensal. Os empregadores teriam de contratar mais pessoas para fazer o mesmo trabalho, sem qualquer despesa acrescida. O desemprego diminuiria significativamente face ao do cenário alternativo. Assim, em vez dos efeitos da crise recaírem assimetricamente sobre aqueles trabalhadores que teriam a sua vida desgraçada pelo espectro do desemprego, todos os trabalhadores veriam uma pequena diminuição no seu salário, tendo como contrapartida um aumento do seu tempo de lazer.
O oposto seria manter o salário por hora, e aumentar o horário de trabalho. Esta medida não iria beneficiar os empregadores, mas iria tornar os efeitos da crise mais assimétricos, levando a um aumento considerável do desemprego. Para comprar 400 horas semanais de trabalho a 5€ à hora, o empregador paga sempre 2000€, mas pode pagá-los a 10 trabalhadores com um horário máximo de 40 horas, ou apenas 8 se o horário for de 50 horas - o aumento do horário neste exemplo levaria ao despedimento de 2 trabalhadores.
Outra possível medida corresponderia a aumentar o horário de trabalho, mas diminuir o salário por hora, por forma a manter o rendimento mensal. Esta medida iria ter dois efeitos. Por um lado, poderia aumentar a competitividade a custo da diminuição da qualidade de vida de todos os trabalhadores, e este efeito tenderia a diminuir o desemprego. Por outro lado, o aumento do horário de trabalho iria levar ao aumento directo do desemprego pelo efeito descrito no parágrafo anterior.
No caso da economia portuguesa, no entanto, a descida de salários é um instrumento particularmente ineficaz para melhorar a competitividade. Isto significa que uma medida deste tipo iria piorar a qualidade de vida dos trabalhadores que mantivessem o emprego (trabalhando mais horas sem aumento do rendimento), e agravaria o problema do desemprego. Isto por sua vez agravaria o problema financeiro do estado devido ao aumento de despesa com os subsídios de desemprego. Tomar tal medida nesta altura de crise seria criminoso.
Mas isso não vai acontecer. Como que compreendendo as consequências desastrosas da proposta de aumentar os horários de trabalho em 2h30m por semana, a proposta de lei nesse sentido vem agora acompanhada de uma condição que mitiga significativamente os seus efeitos nefastos. Só empresas que não despedem podem aumentar horários: uma empresa que despeça mais trabalhadores que aqueles que contrate não poderá usufruir do aumento de horário.
Claro que a lei continua a ser perversa: naqueles poucos sectores que estiverem em expansão, a qualidade de vida dos trabalhadores irá piorar (menos tempo para a família, para o lazer), e trabalhadores que seriam contratados não o serão.
No entanto, as grandes indústrias, cadeias de supermercados, etc. não poderão livrar-se de cerca de 5% da sua mão de obra sobrecarregando os outros trabalhadores para manter a produção.
E essa é uma boa notícia.
Não nos esqueçamos, no entanto, do fim dos feriados, e agora desta nova ideia de permitir o trabalho gratuito no dia 1 de Janeiro e 1 de Maio. Pior qualidade de vida para quem trabalha, tendo como contrapartida maior risco de desemprego.
França prova o próprio veneno
Só mesmo umas cabeças iluminadas na França e Alemanha (Holanda, Finlândia e Passos Coelho também) é que ainda estão convencidas que os problemas da periferia da Zona Euro por esta altura se devem a essas luxúrias, e não à arquitectura do Euro, aos zigue-zagues do eixo Paris-Berlim, à austeridade conjunta, à inexistência de um emprestador de último recurso, etc. A França está prestes a provar o seu próprio veneno.
Realmente, é um caso interessante
Pedro Nuno Santos no congresso do PS (vídeo via Jugular).
Registe-se que, perante a divulgação das suas blasfemas declarações democráticas e soberanistas, o deputado foi pressionado pela direita no Parlamento. Mas não recuou: «nós não temos um líder em Portugal que ponha os interesses dos portugueses em primeiro lugar e esse é o drama que os portugueses enfrentam hoje no nosso país, enfrentam todos os povos dos países da periferia da Europa».
Seguro que aprenda com ele.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
TIAC condena «privatização pela calada» da EDP
«TIAC condena «privatização pela calada» da EDP
Associação exige explicações públicas do Governo
Lisboa, 15 de Dezembro de 2011
A Transparência e Integridade – Associação Cívica (TIAC) condenou hoje a forma como está a ser conduzida a privatização da EDP, ao arrepio das mais elementares normas de transparência e contra todas as promessas de abertura ao escrutínio público repetidas vezes feitas pelo Governo. A negociação directa conduzida pelo Executivo abre a porta à arbitrariedade total e ignora por completo as recomendações feitas atempadamente pela TIAC.
«O Governo prometeu toda a transparência nos processos de privatização, mas o facto é que ninguém sabe o que se está a passar nestas negociações que vão entregar a investidores estrangeiros um monopólio natural que é um dos maiores empregadores do nosso país e cujo trabalho tem um impacto gigantesco na vida das famílias e das empresas portuguesas», diz o presidente da TIAC, Luís de Sousa.
Para a TIAC, a nomeação de uma comissão especial de acompanhamento à privatização da EDP, feita já na fase final do processo, não dá quaisquer garantias de escrutínio público. «Trata-se de uma comissão nomeada arbitrariamente pelo próprio Governo ao arrepio das recomendações da TIAC e que nunca produziu qualquer parecer público em relação a um processo que está já praticamente concluído», diz Luís de Sousa. Nem a Assembleia da República, cujo papel fiscalizador tem sido omisso, nem o Conselho de Prevenção da Corrupção, que prometera acompanhar atentamente estes processos, publicaram qualquer informação ou parecer sobre o assunto e mantiveram-se à margem de toda a negociação.
Recorde-se que a TIAC entregou em Junho passado à Troika, ao Governo e à Assembleia da República um memorando alertando para os principais riscos de corrupção decorrentes das reformas acordadas com o FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu. O documento pode ser consultado no site da TIAC. «Tudo indica que o método opaco de consulta do mercado e de negociação utilizado no caso da EDP será o modelo a aplicar às demais privatizações que se seguem. Isso é uma machadada grave na confiança que o Governo pediu ao país. O primeiro-ministro tem apelado à compreensão dos portugueses para os sacrifícios que estão a ser impostos, mas não pode contar com a apatia dos cidadãos quando decide fazer negócios de milhares de milhões de euros pela calada», diz Luís de Sousa.
Por tudo isto, a TIAC exige do Governo explicações públicas imediatas sobre a forma como o processo está a ser conduzido, antes que qualquer novo passo para a privatização da EDP seja dado.»
Bravo!
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
E depois do empobrecimento?
Deriva de direita em imagens - parte III
Se a deriva continua, o fascismo vem a caminho...
A acelerar na direcção de uma parede
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Muitos Anders Breiviks
Vão chamar «Deus» à vossa tia
Poder de Compra na UE
Fica claro que os paraísos fiscais (Irlanda, Luxemburgo, Holanda, etc.) têm os valores do PIB bem inflacionados, que Portugal está bem melhor do que os países de Leste mais ricos, e que afinal só estamos 16% abaixo da média europeia.
O Xerife de Nottingham
(foto BBC)
O Xerife de Nottingham não é ingrato, não morde a mão dos cortesãos que o levaram ao poder.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Mas a «Religião e Moral» continua
domingo, 11 de dezembro de 2011
Chegou o príncipe encantado?
Será que os movimentos sociais emergentes irão acordar os cidadãos da letargia que os tem envolvido?
Esta não é uma gordura do Estado
- «Um ano após terem chegado a Portugal, os dois veículos blindados da PSP apenas foram utilizados em três ocasiões - e sempre de modo preventivo. (...) A média de uma saída a quatro meses, dizem alguns dos principais sindicatos daquela polícia, prova que a compra foi "descabida" e "era de evitar".
(...) Os seis blindados acordados, assim como algum outro material para protecção individual, custariam cinco milhões de euros, dinheiro esse que o MAI foi buscar ao Governo Civil de Lisboa. Cada blindado custou 170 mil euros mais IVA.
"O facto de os carros só terem saído três vezes prova que a sua compra não era necessária. Que, se calhar, tendo em conta as dificuldades financeiras da polícia e do país, era de evitar", disse ao PÚBLICO o presidente do Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP), António Ramos.» (Público)