sábado, 28 de junho de 2014

Uma maioria sem medo do ridículo

  • «O projeto de resolução da maioria PSD/CDS-PP para criar o Dia Nacional do Peregrino (13 de maio) foi hoje aprovado no Parlamento (...) A resolução recomenda ao Governo a instituição do Dia do Peregrino lembrando que em Portugal “existe uma forte tradição na realização de peregrinações cristãs direccionadas para os mais variados locais de culto, com destaque para aquelas que se decorrem no Santuário de Fátima, que envolve inúmeras pessoas”. A condição de peregrino “não se esgota na intenção de caminhar direcção de um lugar sagrado”, segundo o texto, defendendo que “importa também valorizar o motivo que o levou a fazer essa jornada, determinante para a sua vida, onde muitas vezes se procura o sentido da própria existência, como um percurso interior”.» (DN, Público)

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Afinal teria sido melhor reestruturar a dívida de Portugal

E quem o diz é o FMI.

A evidência de que uma reestruturação teria sido a melhor opção para Portugal vai sendo cada vez mais persuasiva. A opção que há uns anos só recolhia o apoio da CDU e BE tornou-se mais tarde partilhada por personalidade de um largo espectro ideológico, passando por Mário Soares e chegando mesmo a Freitas do Amaral, Manuela Ferreira Leite, Bagão Félix. Hoje o próprio FMI reconhece o erro.

No entanto, mesmo quando era uma posição minoritária e impopular, nunca foi uma posição extremista. Pelo contrário, essa posição era uma posição ampla que captava todo o universo de posições intermédias entre as duas posições extremistas: a da CGTP, POUS (e agora MAS), de não pagar um cêntimo, e a do Governo de Pedro Passos Coelho, de não deixar de pagar um cêntimo.

A política que Portugal seguiu foi uma política extremista, apesar das aparências que a impopularidade das alternativas criava. Não creio, no entanto, que se tenha tratado de um erro inocente, de "cegueira ideológica" ou algo do tipo. Os mais poderosos e influentes, cá em Portugal e lá fora, ficaram muito beneficiados por este erro estratégico crasso.

Hoje os bancos alemães podem dormir descansados, que já não serão afectados por qualquer tipo de reestruturação. A dívida que detinham está hoje nas mãos da Troika ou da nossa Segurança Social. Podem agradecer a Pedro Passos Coelho e ao XIX Governo (in?)Constitucional de Portugal. 

sábado, 21 de junho de 2014

Não se esqueçam de obrigar também ao registo de ascendência judaica, moura ou cigana

  • «Na reforma das "secretas", um dos pontos agora aprovados passa a obrigar os agentes a inscreverem no registo de interesses eventuais ligações a entidades de natureza associativa, nomeadamente maçonarias» (Público).

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Já nem Vítor Bento alinha com a "narrativa" do governo

"O nosso principal problema não é a dívida pública, o principal problema é a dívida externa" Vítor Bento, no IDEFF esta manhã num debate sobre a crise do euro.
Depois de ouvir isto da boca do Braga de Macedo, agora o Vítor Bento. Haverá algum economista que ainda venda a lenga-lenga do governo?

quinta-feira, 19 de junho de 2014

O Felipe VI é... inconstitucional

 Constitución Española

Artículo 14

Los españoles son iguales ante la ley, sin que pueda prevalecer discriminación alguna por razón de nacimiento, raza, sexo, religión, opinión o cualquier otra condición o circunstancia personal o social.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Tarde demais?

  • «Se há uma crítica que podemos fazer aos socialistas em geral é que a esquerda socialista na Europa, durante muito tempo, foi demasiado complacente com os interesses financeiros globais - e com o discurso tecnocrático da União Europeia a partir de Maastricht - e foi complacente com os grandes grupos empresariais. Pagámos um preço elevado por não termos combatido de forma consistente as desigualdades. Os estados não se impuseram aos mercados e isto gerou uma situação de desconfiança dos cidadãos.» (Alberto Martins)

Se ainda tinha dúvidas sobre o Podemos...

Acompanhei mal o fenómeno Podemos em Espanha. Ao contrário dos novos fenómenos políticos pela Europa fora, que têm tido uma inclinação mais à direita (UKIP no Reino Unido, M5S em Itália, FN na França, etc.), o Podemos era abertamente de esquerda. O pouco que fui lendo não deu para perceber se era carne ou peixe, se era uma lufada de ar fresco na esquerda espanhola, ou também ele um fenómeno meramente populista. As minhas dúvidas foram entretanto esclarecidas.
Há dias foi lançada a ideia de realizar um referendo sobre a inclusão das medicinas alternativas no sistema de saúde.
Hoje leio no i o líder do Podemos, Pablo Iglesias, a defender que devem ser os cidadãos (!) a fazer política, "se os cidadãos não se envolverem nela, outros o farão". Os outros, os não-cidadãos, não são os marcianos, são os "políticos". 
Cristalino como a água.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Um espião denuncia alguns crimes

Os excertos do «Manual de Procedimentos» referido anteriormente (que detalha, segundo o DN, como os funcionários do Estado devem cometer crimes) terão sido enviados a vários órgãos de comunicação social, por correio electrónico, acompanhados de uma carta que é transcrita naquele blogue. Essa carta fica reproduzida na totalidade neste artigo (mais abaixo). Fica ao critério do leitor avaliar se será ou não verdadeira. A ser verdadeira, explicita parte do contexto das actividades criminais da nova PIDE. Se não for, é uma mentira credível porque compatível com tudo o que se conhece sobre o monstro que é o SIS/SIED.

Quanto aos excertos do «Manual do Crime Estatal», estando na posse de várias pessoas, alguma deveria cumprir o dever cívico de o divulgar. A bem da República.
  • «O Oficial de Informações é ensinado/treinado para – mentir – falsificar e usar documentos de todos os tipos – manipular pessoas – criar empresas para cobertura das atividades que é suposto executar (nomeadamente de consultoria e media). Um Oficial de Informações que não seja capaz de fazer, entre outras coisas, o que acima se refere é um mau Oficial de Informações sem expectativas de progressão ou será um ex-Oficial de Informações, quer porque se demita, quer porque seja exonerado.».
  • «Quem autoriza que cidadãos cumpridores e sobre os quais não recai qualquer suspeita da prática de crimes, possam ser “rotinados” (seguidos, filmados, fotografados e controlados 24 horas por dia) por vezes durante semanas, apenas porque desempenham uma actividade ou ocupam um cargo (numa empresa ou na função pública) que pode ter interesse ou utilidade para os Serviços, sendo o único objetivo destas acções arranjar formas de tornar o dito cidadão cumpridor numa fonte?»
  • «Quem autorizou a instalação de cavalos-de-Tróia informáticos em sistemas públicos, privados e pertencentes a entidades a quem é devida lealdade institucional, tais como a PJ, GNR e PSP? E para que é necessário este verdadeiro sistema de “pesca de arrasto” e a quem aproveita na realidade?»
  • «Quem autorizou as operações técnicas (penetração de sistemas e intercepção de emails e comunicações móveis) a grandes escritórios de advocacia (nomeadamente na Avenida da Liberdade) os quais tratam de dossiers como as grandes privatizações e contam entre os seus clientes nomes de relevo angolanos, chineses e outros?»
  • «E o que fizeram e fazem as diversas personalidades nomeadas para fiscalizar os Serviços? Almoçam e bebem um Porto de honra cada vez que visitam as sedes dos Serviços? É que eu nunca vi nenhum desses senhores enquanto ali trabalhei...»

domingo, 8 de junho de 2014

Revista de imprensa (8/6/2014)


  • «Não quero estragar a festa, pá, mas não conheço instituições mais corruptas e impunes do que as do futebol. (...) Não compreendo que, por ser o maior desporto de massas, o futebol escape a toda a censura e todo o escrutínio e que as suas instituições sejam tratadas com um privilégio que nem as religiões monoteístas têm. (...) O futebol confere carta branca para mau comportamento em campo e fora dele e o mau comportamento é extensivo às claques, grupos tribais com características selvagens que não hesitam em recorrer ao crime e à agressão. A corrupção do futebol é totalmente tolerada e consentida. (...) Num país [Brasil] onde não se gasta em infraestrutura nem se melhora substancialmente a vida dos cidadãos de classes baixas e remediadas, num país onde falta tudo menos estádios, onde os trabalhadores que alimentam as cidades com mão de obra gastam horas nos transportes e habitam favelas, decidiu-se queimar a nota a construir estádios de nula utilidade. (...)» (Clara Ferreira Alves, Revista do Expresso, 7/6/2014)

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O Estado enquanto criminoso



O Diário de Notícias da passada quarta-feira (4/6/2014) anunciou tranquilamente que o SIS e o SIED (departamentos do Estado, recorde-se) têm um «Manual de Procedimentos» que recomenda que se recolham informações, sem mandado judicial, junto das Finanças, de bancos, de seguradoras e de empresas de telecomunicações. Portanto: há serviços de Estado que têm um manual que recomenda como praticar crimes.

O «Manual...» não tem nada de teórico, como já foi demonstrado pelo «caso Silva Carvalho», em que houve acesso ilegal a dados de operações de telecomunicações, acesso que aguarda sanção em julgamento.

O DN acrescenta que o actual director do SIRP (Júlio Pereira), e os dois anteriores directores do SIS (Margarida Blasco e Antero Luís), não negam que existe um manual de incitamento ao crime nesses serviços do Estado que dirigiram. Terão mesmo escrito parte ou totalidade do manual dos criminosos estatais.

Estranho em tudo isto é que a Procuradoria Geral da República nada tenha feito, já dois dias passados. É que quando não há justiça nos tribunais, a revolta pode exprimir-se de forma mais primária. Por exemplo, pendurando os novos pides nos candeeiros das avenidas.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Histórico: Passos admite que não devia ter nomeado Vítor Gaspar sem «escrutínio democrático»

  • «(...) Está na altura de fazer a discussão na sociedade portuguesa para "saber como é que uma sociedade com transparência e maturidade democrática pode conferir tamanhos poderes a alguém que não foi escrutinado democraticamente"» (Diário de Notícias).