Num discurso memorável, Álvaro Santos Pereira apontou o pastel de nata como desígnio nacional. Estou com ele: a pastelaria lusitana é exportável e merece a internacionalização, dos ovos-moles de Aveiro aos fofos de Belas, passando pelos pastéis de Tentúgal e pelas pinhoadas de Grândola, sem esquecer os mil-folhas e ainda aqueles bolinhos algarvios com formas e cores engraçadas. Todavia, e fazendo um esforço para não ser injustamente satírico, tenho duas coisas a dizer ao ministro.
Primeiro, que a ideia geral é boa mas o exemplo é péssimo: a cadeia de frangos Nando’s, citada por ele como modelo de empreendedorismo português (emigrado), já comercializa o dito pastel, que aliás é bem vendido (por portugueses) nas maiores capitais europeias e gozou de várias campanhas promocionais.
Segundo, e embora nada me mova contra a nobre profissão de pasteleiro, que tantas pequenas alegrias gustativas me tem proporcionado na vida, a verdade é que a um país europeu se pede mais ambição. Vejamos: a Índia e a China, beneficiando de enormes mercados internos em expansão e de recursos naturais, apostam em software, energias renováveis e inovação científica e tecnológica. Álvaro, apoiado pelo próprio primeiro-ministro, propõe-nos a aposta no pastel de nata. E o crescimento de uma economia baseada essencialmente em pastéis de nata será, previsivelmente, um grande pastel.
1 comentário :
Os jesuítas de Santo Tirso!
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