segunda-feira, 17 de maio de 2010

Indignação

Durante anos tive um poster no meu gabinete com o Cavaco e o outro papa e uma legenda em que Cavaco dizia "I'll keep them poor" e o papa dizia "And I'll keep them ignorant". A coisa não mudou (as coisas nunca mudam) e hoje Cavaco Silva vai provavelmente vetar a lei do casamento gay.

Acredito que se não lutarmos energicamente pelos nossos valores, nos próximos 10 anos os fascistas vão recuperar o poder: os fascistas muçulmanos que nos querem proibir a cerveja e querem degradar as nossas mulheres, os fascistas católicos que querem destruir a classe média e as liberdades mais elementares, ou os fascistas evangélicos, que querem proibir a ciência e acabar com a democracia.

Isto é como no início dos anos trinta do século passado: se não nos batemos agora, estamos nas mãos destes camorristas todos.

12 comentários :

JDC disse...

Não podemos acrescentar os fascistas ateus que querem proibir a liberdade religiosa a esse grupo?

Ricardo Alves disse...

Conhece alguma pessoa concreta nessa circunstância, JDC?

JDC disse...

Sim, basta ir ao Diário Ateísta consultar os comentários. Há ainda outro que comenta aqui neste blog, o Stefano (escreve-se assim?)

Ou você é ingénuo ao ponto de pensar que não existem ateus que gostariam de proibir a prática religiosa?

Ricardo Alves disse...

JDC,
já existiu um projecto político organizado que visava (embora nem sempre, e quando assim era, como um objectivo muito secundário), a ateização da sociedade. Era o marxismo-leninismo. Não tem hoje expressão significativa no mundo fora da Coreia do Norte e mais alguns países secundários, e não creio que a volte a ter.

Os ateus organizados/militantes realmente existentes, hoje, não defendem a erradicação da religião (com a possível excepção de Sam Harris, e mesmo aí duvido...).

Portanto, não me parece que haja razão para levantar o fantasma do fim da «liberdade religiosa». Onde hoje existem limitações graves à liberdade de ter uma religião, essas limitações vêm mais da acção de outra religião (Islão, tipicamente). Não do ateísmo.

Anónimo disse...

Eu acho que a evolução das sociedades e das mentalidades levará as religiões a desaparecerem lentamente. O problema é que em regimes religiosos não há esta evolução porque tudo, incluindo as leis, é feito na base da interpretação das obras sagradas, que são tão válidas como se fossem aleatórias. Prender alguém por beber uma cerveja faz tanto sentido como depois sortear o nº de anos de cadeia no bingo. A ideia de haver um ilustre papa que viaja e vive à custas de contribuintes de outros países a dar opiniões sobre leis que promovem a igualdade entre cidadãos não é animadora. Menos animadora é a perspectiva de haver gente que o leva a sério...

E idiotas como o Glenn Beck a quem deus está a ditar um plano (já não bastava a Alexandra Solnado!) também não ajudam. A crença em algo sobrenatural, seja um deus, fantasmas, ou o Benfica, pode permanecer, mas só atrasados mentais podem acreditar e apoiar "fascistas evangélicos" que continuam a negar a evolução das espécies e a ensinar a criação na escola!

NG disse...

Estou de acordo com JDC. Nos países de tradição cristã, o fascismo de esquerda, incluindo a sua variante ateísta, representa a ameaça maior à liberdade. Isso está razoavelmente documentado, por exemplo, aqui:

"Fascismo de esquerda" de Jonah Goldberd

Este livro já está editado em Portugal, Ricardo?

Filipe Castro disse...

Está bem, mas quantos são eles? Acreditam mesmo que é possível proibir as pessoas de praticar uma religião? Perguntem aos judeus de Belmonte...

Ricardo Alves disse...

Nuno,
não fundamentou a sua afirmação. Assim, vale zero.

JDC disse...

acho óbvio que na europa ocidental dificilmente se proibiria a prática religiosa, especialmente pela mão do ateismo. Mais depressa seremos islamizados. No entanto, cada vez mais há ateus que menosprezam e atacam as pessoas religiosas, como o comentário do anônimo bem demonstra. Eu, devido às minhas crenças, sou apelidado, autênticamente, de mentecapto, um carneiro acefalo que recebeu as suas crenças por osmose sem nunca ter meditado nelas e nas suas implicações. E era a esta intolerância crescente que eu me queria referir.
O número de pessoas não é relevante. Por essa ordem de idéias não deveríamos discutir as idéias e discurso do PNR.
Por fim, os judeus de belmonte estavam proibidos de professar a sua religião e se o fizeram foi clandestinamente sob risco de vida!

Ricardo Alves disse...

JDC,
desde criança que sou insultado por ser ateu. E, em caixas de comentários de blogues (para não falar de artigos de jornal), já me chamaram coisas muito piores e muito mais pessoalizadas do que o anónimo faz no comentário de cima (nem sequer menciona o seu nome).

Pense nisso.

Cumprimentos,

JDC disse...

ninguém diz que as pessoas não são insultadas por outros motivos. Claro que acho mal que seja insultado por ser ateu mas não é esse facto que faz com que seja aceitável que os crentes sejam insultados pelas suas convicções...

Filipe Castro disse...

O que eu quiz dizer é que é impossível proibir a religião: nem o rei, nem o papa, nem a Inquisição, nem a nobreza, nem as fogueiras conseguiram proibir o judeísmo num país minúsculo, onde todos se conhecem, como Portugal.