A uma determinada altura, Nuno Crato refere que tem alunos na universidade que lhe pedem que não recomende literatura em inglês.
Devo dizer que já passei por essa situação, como docente do ensino superior, e foi algo que me chocou, comparado com o tempo (afinal, não foi assim há tanto!) em que eu era estudante, e me habituei a estudar em inglês (e mesmo em francês!) logo no primeiro ano.
É claro que, se os alunos chegam à universidade sem saberem ler em inglês (e com graves deficiências em português), é um problema do sistema de ensino (mesmo se agora, percentualmente, muito mais alunos chegam à universidade que há uns anos - se a mesma percentagem que chega hoje chegasse então à universidade, talvez já se notasse esse problema). Mas os alunos, nas universidades, são adultos - e sabem o que têm que fazer. O principal problema destes alunos é o comodismo, o estarem habituados a terem tudo feito e não terem de se esforçar para nada - apesar de já terem sido expostos às línguas, como eu fui. Creio que é isso que um professor universitário deve dizer aos alunos numa situação destas - devem esforçar-se por fazerem melhor, e não conformarem-se e serem mais uns a engrossarem a lista dos que só se sabem queixar-se e não se responsabilizar por nada.
Mas não é isso que Nuno Crato responde aos seus alunos: manda os inocentes, coitados, pobres vítimas do "eduquês"... irem atirar pedras ao Ministério da Educação! Podem confirmar na página web do programa - é perto do fim.
Tantas queixas do "eduquês"... para isto. Os alunos não devem esforçar-se: devem atirar pedras. Falava Vicente Jorge Silva, no meu tempo, da "geração rasca" (de que fiz parte) - afinal, éramos melhores que os alunos do Nuno Crato. Da próxima vez que virem um economista que não saiba fazer contas (eu conheço alguns), não lhe chamem a atenção: atirem pedras ao Nuno Crato.
2 comentários :
Filipe:
Parece-me que a tua crítica é injusta.
Ele manda os alunos esforçarem-se (tê de ler os livros em ingês e acabou) E mandar pedras ao ME, sendo que esta segunda parte é uma brincadeira.
Por isso acho que, passe a "boca política", a posição dele é igual à tua, e aliás ao que é de bom senso.
TÊm obrigação de saber inglês, agora esforcem-se.
Se não gostam, mandem pedras ao ministério.
Duvido que algum aluno tenha mesmo levado a segunda parte a sério ("Desculpe senhor agente da autoridade, foi o meu professor que mandou").
Não sei se é a brincar ou não. A linguagem é totalmente inaceitável. Mas fica bem no programa (que nunca tinha visto), tendo em conta os outros participantes regulares. Esperava era mais do Nuno Crato.
Enviar um comentário