terça-feira, 11 de maio de 2010

Foi a 24 de Abril

Bandeira do PCP impede funeral (via Um Tal de Blog).

12 comentários :

Ricardo Alves disse...

Por duro que possa parecer dizer isto, um diácono não é um funcionário do Estado, e as exéquias fúnebres em que ele participa cerimónias privadas. Como qualquer privado, tem o direito, penso eu, de recusar um serviço.

Filipe Moura disse...

Tens razão, sem dúvida. Mas não deixa de ser uma manifestação de uma certa intolerância.

JDC disse...

Não me parece uma manifestação de intolerância, uma vez que é uma tomada de posição contra um partido que defende, por exemplo, regimes onde a simples distribuição de bíblias dá direito a prisão como trabalhos forçados.
Se concordo que o tenha feito? Não, o funeral de uma pessoa deve estar acima de tais questões. Mas não me parece que possa ser classificado de intolerância.

Ricardo M Santos disse...

Ricardo, a pessoa em causa terá, com certeza, o direito a recusar-se a prestar o serviço. Poderia, no entanto, tê-lo feito saber antes da cerimónia.

Filipe, não me parece que seja "certa intolerância", parece-me antes intolerância certa.

JDC, não lhe parece intolerância, porque, supostamente, o PCP é um Partido... intolerante. Com certeza não precisarei de sublinhar o ridículo da coisa. E devia reler a notícia, trata-se do PCP, n é do PCC, do PCE, do KKE ou de outro qq.

PS: O segundo P de PCP é de Portugal.

PS2: Para atalhar caminho para o argumento seguinte, aqui fica o parágrafo da Resolução Política do XVIII Congresso do PCP:

"os países que definem como orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista - Cuba, China, Vietname, Laos e R.D.P. da Coreia. Com percursos diversos, experiências históricas próprias, evoluções distintas, problemas e contradições inerentes ao processo de transformação social num quadro de relações capitalistas dominantes, estes países estão sujeitos pelo imperialismo a uma intensa campanha de pressões económicas, ameaças militares e operações de desestabilização e intoxicação mediática que encerram graves perigos para a segurança internacional e que, a vingarem, significariam um grave retrocesso na luta libertadora. Independentemente das avaliações diferenciadas em relação ao caminho e às características destes processos - a exigir uma permanente e cuidada observação e análise - e das inquietações e discordâncias, por vezes de princípio, que suscitam à luz das concepções programáticas próprias do Partido"

Ou pode ver aqui a resolução completa: http://www.pcp.pt/joomla/index.php?option=com_content&task=view&id=32864&Itemid=763#12

JDC disse...

rms,

Pela sua lógica podemos tolerar o discurso incitador à violência de alguns elementos do PNR. Como todos concordaremos, não podemos condescender com aquilo que achamos errado. Se o diácono em questão sente que o PCP atenta contra os seus ideais (um exemplo poderá ser o que referi) não pode nem deve ser obrigado a participar na glorificação (talvez uma palavra demasiado forte...) desse projecto.

E já agora, "contradições inerentes ao processo de transformação social" é um branqueamento atroz do que se passa nalguns desses países. É fazer de nós todos parvos e ingénuos. Será que o PCP também estaria disposto a implementar, em Portugal, essas "contradições inerentes ao processo de transformação social" no seu caminho para o socialismo?

Ricardo Alves disse...

rms,
o padre deveria ter avisado. De acordo. Até porque poderia haver um padre que não se importasse de conduzir o funeral naquelas circunstâncias.

Quanto aos países que refere, acho que a sua libertação passaria justamente pelo final dos regimes que aí existem.

Cumprimentos,

Ricardo M Santos disse...

Caro JCD, vou repetir:

"Independentemente das avaliações diferenciadas em relação ao caminho e às características destes processos - a exigir uma permanente e cuidada observação e análise - e das inquietações e discordâncias, por vezes de princípio, que suscitam à luz das concepções programáticas próprias do Partido".

Isto é a avaliação que o PCP faz dos países acima referidos. O que o PCP quer para Portugal está noutro capítulo da resolução do XVIII Congresso.

Ricardo: A noção de liberdade é subjectiva. Como a de democracia. Nomeadamente, das democracias impostas por agentes externos aos países.

Ricardo Alves disse...

rms,
a noção de liberdade não é subjectiva. Liberdade é poder fazer o que me der na telha, criticar o governo e a religião, poder sair e entrar do país, poder manifestar-me e poder mudar de emprego.

E a noção de democracia menos subjectiva é ainda.

Ricardo M Santos disse...

A noção de democracia passa a subjectiva a partir do momento em que há duas teorias sobre ela? Para mim, democracias como a dos EUA, do Irão ou de Israel não são democracias. Assentam em princípios religiosos, quanto a mim, nada democráticos. E, no entanto, vão a votos.

E sim, a noção de liberdade não só é subjectiva, como varia de era para era e sociedade para sociedade.

Unknown disse...

Ricardo Alves, gostava de acrescentar que para além das questões da liberdade é preciso não esquecer as questões de soberania. A história está repleta de casos em que governos eleitos ou revolucionários ousaram questionar os grandes interesses imperialistas. E todos sabemos como acabaram. Que eu saiba, a Anaconda teve direito a uma indemnização enorme e a Chiquita continua a florescer.

Enquanto a alternativa democrática for a democracia subjugada aos eua e liderada por um fantoche não creio que seja grande progresso. Países como a Colômbia têm eleições, mas não passam de "playgrounds" para os eua construírem bases militares. Nunca se sabe, pode um dia faltar petróleo e a Venezuela é mesmo ali ao lado.

E quando alguma coisa correr mal, o processo de mudança na América Latina é simples, basta seguir o exemplo recente das Honduras. Dá-se um golpe de estado, espera-se pela aprovação dos estados unidos (quem precisa da ONU?) e depois arranja-se umas eleições para inglês ver.

JC disse...

o sr Ricardo Alves é o grande exemplo, do típico maçom, anti-clerical, reúblicano, defensor da liberdade, mas da liberdade entre irmãos de uma qualquer loja, o resto é paisagem... é tal e qual os bispos católicos que tanto critica.

Anónimo disse...

Se eu fosse padre também não aceitaria fazer um funeral em cuja urna houvesse uma bandeira comunista, nazista ou de qualquer ideologia referente a regime ditatorial e genocida.