sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Revista de blogues (21/10/2011)

  • «Quando ouvires Cavaco Silva ou Mira Amaral dizer que não há dinheiro ou a falar sobre pensões lembra-te que estás a ouvir pensionistas que recebem 10.042,00€ e 18.000,00€ por mês, lembra-te que discursam pelas suas pensões e pelos seus interesses, lembra-te que na Suíça ninguém pode receber mais de 1700,00€ de pensão de reforma ou que em Espanha esse valor é de 2.290,59€, lembra-te que em Portugal só não há um tecto para o valor das pensões de reforma porque eles estão no poder há mais de 20 anos e que muito lucraram com a dívida que agora nos querem fazer pagar.» (Tiago Mota Saraiva)

8 comentários :

Porfirio Silva disse...

Estará o autor do post "em revista" (e, já agora, quem o meteu na revista) ciente de quem tem defendido a existência de tecto para as pensões? E para quê?
Vejamos. Não se pode obrigar uma pessoa a pagar, num regime contributivo, aquilo que já se sabe à partida que não poderá ser a seu benefício. Havendo tecto para a pensão, tem de haver também tecto para as contribuições. A parte acima do tecto fica a descoberto nos regimes públicos - essa parte vai para fundos privados. É por aí que têm atacado muitos dos partidários da privatização parcial da protecção social.
Ignorar isto e meter o assunto do tecto das pensões em argumentos "políticos" demasiado esquemáticos e simplistas - é triste.
Pelos vistos há quem compre. Pena.

Ricardo Alves disse...

Porfírio,
Cavaco tem três reformas - e ainda trabalha. Se acha que mencionar tectos de pensões a propósito de casos extremos como o do PR ou o de Mira Amaral é defender os fundos de pensões, pense lá bem. Eu não iria tão longe.

no name disse...

ricardo, o profírio tem toda a razão. no caso suíço, por exemplo, a razão pela qual existe esse tecto de pensões é precisamente porque existe um tecto de descontos, inclusivé com a obrigação de fazer descontos extra para fundos privados. isto é, essencialmente, uma descapitalização da segurança social. o texto que citas é, no fundo, um texto neoliberal (vindo do 5 dias, não estranha), e penso que não faz qualquer sentido.

o que deverias querer dizer, por outro lado, tem a ver com perceber que raio de descontos se podem fazer ou não fazer no BP para dar espaço a pensões milionárias em perídos curtíssimos de descontos. ou mesmo discutir a (im)possibilidade diversa de acumulações. mas isso não tem nada a ver com o texto neoliberal que citas.

Maquiavel disse...

Cheira-me que os suíços, para näo variar, säo espertos. E näo esqueçamos que é um país de bancos.

Logo, assegura-se um máximo de pensöes que constituem a rede de segurança. Se o fundo privado onde o pessoal meter o resto do dinheiro da pensäo for ao ar (como tem acontecimento frequentemente, vejam bem, nos EUA) esse pelo menos está seguro. 1.700€ na Suíça näo é muito, mas dá para viver normalmente (e se os preços estiverem muito altos dá-se um saltinho à Alemanha).

Em contrapartida o Estado receberá menos impostos (como se...), mas näo tem de pagar pensöes milionárias a chupistas.

RS, parece-me é que mesmo "descapitalizada" a SS suíça (SSS?) näo está falida como outras... pois, näo é do sistema de financiamento, é de como se administra. E em Portugal temos o pior de todos os mundos, porque nem o Estado nem os privados (BPN) administram decentemente os dinheiros da SS, e por isso está falida.

no name disse...

a wikipedia, sobre o salário mínimo na suíça:

"...a majority of the voluntary collective bargaining agreements contain clauses on minimum compensation, ranging from 2,200 to 4,200 francs per month (€1970 to €3760 per month) for unskilled workers and from 2,800 to 5,300 francs per month for skilled employee..."

os 1700 euros que se fala, seriam abaixo do salário mínimo. parece-me que os fundos privados de facto desempenham um papel fundamental na segurança social helvética, e fazer comparações entre o que se passa na suíça e o que se passa em portugal não faz qualquer sentido...

Ricardo Alves disse...

Aqui a questão está para lá daquela que vocês estão a discutir. O Cavaco, por exemplo, tem uma reforma que não depende de descontos (a de político), e tem direito a um salário completo por ser PR.

E a reforma do Mira Amaral também não tem que ver com descontos: é por ser administrador de bancos.

no name disse...

ricardo, eu concordo com esse ponto. mas esse ponto não tem nada a ver com o teu post: como já disse o post remete para uma sugestão neoliberal, e que deve ser denunciada (tu poderias ter denunciado com um post original teu, ou então denuncia-se aqui mesmo na caixa de comentários).

Ricardo Alves disse...

Ser contra as subvenções vitalícias sem descontos é ser «neoliberal»?!

Mas estamos a falar de quê, afinal?