A Tunísia terá eleições já no domingo. O Egipto, a partir do final de Novembro. A acreditar nas sondagens, uma vitória islamista parece provável no Egipto (até com um partido salafista ainda pior que o braço político da Irmandade Muçulmana a eleger deputados), enquanto as perspectivas tunisinas são melhores, embora pareça possível que os islamistas do Ennahda sejam o partido mais votado (mas sem maioria, espera-se). No Egipto, ao contrário da Tunísia (marca de uma revolução inacabada...), os membros do antigo partido governamental concorrem às eleições, e especula-se que o pós-eleições poderá trazer uma aliança entre os antigos autocratas pró-Mubarak e a Irmandade Muçulmana. Na Tunísia, a nova Assembleia será constituinte.
Obviamente, a pequena Tunísia, com uma população idêntica à portuguesa, não tem a mesma relevância internacional do que o Egipto, país de 80 milhões de habitantes com fronteiras com Israel, o Mediterrâneo, o mar vermelho e o Sudão.
Significativa é a pressão islamista, infelizmente ignorada nos media europeus (que tantas páginas dedicavam ao islamismo quando havia atentados na Europa) e pouco diferente das tácticas fascistas dos anos 30 (e posteriores). Na Tunísia, já durante a campanha, houve a mediatização da inscrição na universidade de estudantes em véu integral, e os protestos violentos contra a difusão do filme Persépolis, iraniano e considerado blasfemo. No Egipto, houve ataques de rua contra a minoria cristã copta, com 25 mortos. Pior: confirmando a tese da aliança entre os militares ex-apoiantes de Mubarak e os islamistas, ficou claro que as «forças da ordem» terão participado activamente ou, pelo menos, sido coniventes com os ataques sectários.
Em qualquer dos casos, faltam poucas semanas para sabermos como será o pós-ditaduras no Magrebe.
Obviamente, a pequena Tunísia, com uma população idêntica à portuguesa, não tem a mesma relevância internacional do que o Egipto, país de 80 milhões de habitantes com fronteiras com Israel, o Mediterrâneo, o mar vermelho e o Sudão.
Significativa é a pressão islamista, infelizmente ignorada nos media europeus (que tantas páginas dedicavam ao islamismo quando havia atentados na Europa) e pouco diferente das tácticas fascistas dos anos 30 (e posteriores). Na Tunísia, já durante a campanha, houve a mediatização da inscrição na universidade de estudantes em véu integral, e os protestos violentos contra a difusão do filme Persépolis, iraniano e considerado blasfemo. No Egipto, houve ataques de rua contra a minoria cristã copta, com 25 mortos. Pior: confirmando a tese da aliança entre os militares ex-apoiantes de Mubarak e os islamistas, ficou claro que as «forças da ordem» terão participado activamente ou, pelo menos, sido coniventes com os ataques sectários.
Em qualquer dos casos, faltam poucas semanas para sabermos como será o pós-ditaduras no Magrebe.
4 comentários :
A perspectiva optimista do Rui Tavares e outros que muito respeito era bem mais animadora.
Foste das poucas vozes à esquerda que franziu o sobrolho antevendo a possibilidade das coisas seguirem por uma via menos feliz, não sem reconhecer que a queda das ditaduras em causa era algo de positivo. Mas não o quadro cor de rosa que era pintado...
Essa lucidez tem bastante mérito.
Bem, acho que no Egipto o que houve não foi bem "ataques de rua com a conivencia das forças da ordem"; foi mesmo as "forças de ordem" a reprimirem uma manifestação (algo mais Portugal anos 60 do Alemanha 1931).
"faltam poucas semanas para sabermos como será o pós-ditaduras no Magrebe."
Faltam poucas semanas, Ricardo? Ó tempo q'a gente sabe o que vai acontecer. Está escrito nas estrelas. O que se escreveu por esses blogues de esquerda fora documenta bem a sua ingenuidade perigosa.
...estou muito inclinado a dar razão a Chossudovsky neste assunto e que diz algo como - 'ditadores destes (mubarak/ben ali/kadafi) não ditam ordens...cumprem-nas' assim sendo a questão é saber o que se segue...mas que cumpra ordens...entusiasmos para quê?
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