Alguns dos argumentos usados cá dentro e lá fora a propósito da crise do Euro, revelam um grande desconhecimento sobre os valores da dívida pública, por parte de quem aponta o dedo ao mau comportamento orçamental dos estados da periferia (PIIGS) como causa da crise. Basta uma vista de olhos rápida, para perceber que
1) Os PIIGS não estavam a acumular dívidas e dívidas.
2) Os PIIGS não estão a ser castigados por algo que tenham feito, já que a Irlanda e a Espanha tiveram comportamentos bem melhores que a Alemanha e a França - e Portugal um comportamento semelhante.
3) Os níveis da dívida pública dos PIIGS não estavam (antes da crise), nem estão (hoje) a níveis alarmantes, porque há muitos casos bem mais graves que não provocaram qualquer crise.
3) Os níveis da dívida pública dos PIIGS não estavam (antes da crise), nem estão (hoje) a níveis alarmantes, porque há muitos casos bem mais graves que não provocaram qualquer crise.
1. Valor da dívida pública
Alguns números da dívida pública em % do PIB (fonte AMECO):
Bélgica 1993: 134,2%
Itália 1994: 121,8%
Japão 2006: 191,3%
Japão 2010: 223,1%
Alemanha 2010: 83,2%
Reino Unido 2010: 80,0%
Periferia do Euro antes da crise (2007):
Irlanda: 25%
Grécia: 105,4%
Espanha: 36,1%
Itália: 103,6%
Portugal: 68,3%
2. Evolução da dívida pública
Do início do €uro até ao início da crise
a) A Irlanda e a Espanha diminuiram consistentemente a dívida pública
b) A Grécia e a Itália tiveram um ligeiro decrescimento
c) Portugal teve um comportamento muito semelhante à França e à Alemanha (ligeira subida).
a) A Irlanda e a Espanha diminuiram consistentemente a dívida pública
b) A Grécia e a Itália tiveram um ligeiro decrescimento
c) Portugal teve um comportamento muito semelhante à França e à Alemanha (ligeira subida).
Nota: não estou a defender que houve um comportamento exemplar, nem a querer esquecer que já sabíamos os defeitos que uma moeda única tem.
3 comentários :
OK, são dados interessantes...
Já agora: o 2º gráfico é em percentagem do PIB, certo?
Ainda anteontem estive a explicar a uma pessoa isso mesmo. Usei também o exemplo dos EUA.
Um mito urbano que importava desmistificar, tendo em conta a desinformação que por aí circula :)
Ricardo,
sim, também é em % do PIB.
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