Afinal os gordos eram os pensionistas. Aqueles velhotes sentados no jardim, a fazerem tempo para ir aos netos, são eles as tais “gorduras do Estado” que, na frase-bandeira de Passos Coelho, urge “cortar”. Pagarão mais em medicamentos com uma reforma menor.
E gordos são também os funcionários públicos, por manterem uma invejável estabilidade laboral e salarial e porque seria fútil taxar mais o sector privado, onde não faltam formas de reduzir salários, subempregar, reempregar por menos ou despedir.
Obesas são ainda as escolas e anafados são os cientistas, bolinhas colesteróticas que os iludidos acham indispensáveis ao progresso de longo prazo. Boa sorte a quem emigrar.
Os magros, esses, devem ser os banqueiros e a finança, apenas beliscados neste Orçamento e que todos os anos vêem os lucros subir. Esbelto é Jardim, que talvez (nem isso é certo) leve uma palmadita nos dedos com a suspensão de transferências até nos distrairmos dele.
Magríssima, quase esquelética, será a Igreja Católica, maior proprietária imobiliária de Portugal e que continua isenta de IMI e IMT, recebe de volta o IVA e ainda subsídios autárquicos para construir templos essenciais a uma sociedade moderna e tecnológica. Tísicas são as polícias e os serviços secretos, para mais em ano de “tumultos” (outra frase emblemática), isoladas no aumento de despesa.
Dieta sim, mas só para alguns.
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