A política iniciada no Estado Novo de colocação de um tecto ad aeternum para os aumentos das rendas, é um exemplo clássico de um tiro saído pela culatra. À primeira vista as consequências serão benéficas na opinião de muitos, daria estabilidade aos arrendatários, e em anos de inflação alta baixaria as rendas beneficiando os arrendatários à custa dos proprietários (em teoria com mais riqueza).
As consequências de longo-prazo são desastrosas, ao ponto de a crítica a esta política ser hoje consensual.
1. Deixou de haver interesse em investir em habitação para arrendar por parte dos possíveis proprietários. Isto levou a uma enorme redução do mercado de arrendamento, à dificuldade de arrendar casa criando uma enorme imobilidade da população, ao aumento dos preços de arrendamento, etc.
2. Deixou os que já eram proprietários sem fundos. Os centros de Lisboa e Porto são cidades fantasma, com prédios degradados e/ou abandonados porque os proprietários deixaram de ter possibilidade e interesse em renovar as habitações. Chegou-se a uma situação em que é mais barato deixar cair do que reconstruir.
3. Devido aos dois pontos acima, os centros das cidades esvaziaram-se, criando enormes problemas de ordenamento de território: os transportes públicos não estão onde as pessoas estão, percorre-se dezenas de quilómetros por dia, os equipamentos sociais não estão bem distribuídos, etc.
A Bloomberg tinha há um mês um excelente artigo sobre o caso português.
As consequências de longo-prazo são desastrosas, ao ponto de a crítica a esta política ser hoje consensual.
1. Deixou de haver interesse em investir em habitação para arrendar por parte dos possíveis proprietários. Isto levou a uma enorme redução do mercado de arrendamento, à dificuldade de arrendar casa criando uma enorme imobilidade da população, ao aumento dos preços de arrendamento, etc.
2. Deixou os que já eram proprietários sem fundos. Os centros de Lisboa e Porto são cidades fantasma, com prédios degradados e/ou abandonados porque os proprietários deixaram de ter possibilidade e interesse em renovar as habitações. Chegou-se a uma situação em que é mais barato deixar cair do que reconstruir.
3. Devido aos dois pontos acima, os centros das cidades esvaziaram-se, criando enormes problemas de ordenamento de território: os transportes públicos não estão onde as pessoas estão, percorre-se dezenas de quilómetros por dia, os equipamentos sociais não estão bem distribuídos, etc.
A Bloomberg tinha há um mês um excelente artigo sobre o caso português.
7 comentários :
Miguel:
Também me parece que essa política foi negativa. No entanto, creio que aqueles que alegam que ela deve ser revertida de forma gradual, em vez de abrupta, para evitar uma série de dramas pessoais, têm alguma razão.
Totalmente de acordo.
creio que aqueles que alegam que ela deve ser revertida de forma gradual
tendo em conta que é uma política estabelecida por Oliveira Salazar
a gradualidade da reversão que começou com Cavaco Silva creio que no fim dos anos 80
levou a que rendas de 20$ e 600$
estejam hoje entre 10 e 35 euros
e as de 2500$ de 1975
andam pelos 90 euritos
curiosamente algumas destas casas em Lisboa Évora Covilhã e outras cidades universitárias
estas casas de rendas baixas
só em aluguer de quartos geram dezenas de milhões de euros
em aluguer de quartos
"os proprietários (em teoria com mais riqueza)"
Essa teoria seria verdadeira no tempo de Salazar. Hoje em dia já não é. Hoje em dia boa parte dos senhorios são pessoas normais, que no passado compraram uma casa e que agora não precisam dela e por isso a arrendam. Os senhorios já não são grandes proprietários de prédios inteiros, mas normais proprietários de uma apartamento.
estado novo? nope. 1a república. o estado novo apenas continuou e "melhorou" a opa.
O Dorean tem toda a razão: basta ir lendo os comentários em
http://5dias.net/2008/07/09/as-duas-faces-do-proteccionismo-no-arrendamento/
O Gabriel Silva e o Luís explicam bem que o congelamento de rendas teve a sua origem na 1ª República: é Afonso Costa vintage. O facto de o Ricardo Alves estar "totalmente de acordo" com este texto é uma vergonha para o republicanismo português. (Eu também estou plenamente de acordo com tudo menos com o essencial, como explicarei amanhã.)
Só uma coisa, Miguel, a propósito da tua frase
"As consequências de longo-prazo são desastrosas, ao ponto de a crítica a esta política ser hoje consensual":
deverias olhar um bocadinho além do teu umbigo.
Filipe,
com consensual não estava a pensar nos 10,6 milhões de portugueses. Estava a pensar que já ouvi críticas do bloco ao cds a isto.
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