Maio 1999 - sob o pretexto de evitar os massacres que as forças sérvias estavam a cometer, as forças ocidentais bombardeiam alvos não-militares em Belgrado, a centenas de quilómetros dos ditos massacres.
Março 2011 - sob o pretexto de evitar os massacres que as forças líbias estão a cometer, as forças ocidentais bombardeiam alvos não-militares em Tripoli, a centenas de quilómetros dos ditos massacres.
Em ambos os casos apoiei inicialmente a intervenção ocidental para interromper os actos bárbaros levados a cabo pelos governos tiranos. Em ambos os casos fico sem perceber estes desvios militaristas criminosos, contrários ao direito internacional, que destroem qualquer credibilidade que a intervenção pudesse ter.
Março 2011 - sob o pretexto de evitar os massacres que as forças líbias estão a cometer, as forças ocidentais bombardeiam alvos não-militares em Tripoli, a centenas de quilómetros dos ditos massacres.
Em ambos os casos apoiei inicialmente a intervenção ocidental para interromper os actos bárbaros levados a cabo pelos governos tiranos. Em ambos os casos fico sem perceber estes desvios militaristas criminosos, contrários ao direito internacional, que destroem qualquer credibilidade que a intervenção pudesse ter.
9 comentários :
O Miguel Carvalho não sabe ler a própria notícia que "linka"?! Que parte de "command and control" é que não percebe? Desde quando é que um edifício onde se comanda e controlam tropas no terreno é um alvo não-militar?!... Absurdo.
1. Pedro Viana releia lá: "Western officials say was one of Col Muammar Gaddafi's command centres".
É a versão de um dos lados. Neste momento não acredito em nenhum deles.
Se der uma olhada no resto da imprensa estrangeira verá que há várias versões. Os jornalistas já visitaram o local, mas a BBC não diz se esta visita comprovou o que quer que fosse.
2. De qualquer modo, e admito que o meu texto possa ter ficado pouco claro, o essencial não é tanto o edifício em si, mas o estar totalmente afastado do teatro de guerra que existe. Este ataque não é em defesa dos rebeldes, mas um ataque directo ao regime. Até poderia concordar, mas os aliados não estão mandatados para tal pela ONU.
1. Não acho que este ataque, só por si, destrua a credibilidade do ataque europeu à Líbia. Não houve baixas, e se é ou não um edifício administrativo, não sei, só sei que um dos lados mente.
2. A resolução abre, de facto, a hipótese de atacar o governo central da Líbia. O que pode estar a ser feito.
3. O paralelo com o Cosovo, no meu entender, não se aplica. Devido a vários factores:
a) A luta dos cosovares era pela independência, e motivada por razões étnico-religiosas;
b) A escala dos combates era muito menor, e bastante mais lenta no tempo;
c) Milosevic estava bastante mais disposto a negociar do que Cadáfi;
d) Mais importante ainda, no Cosovo não havia mandato internacional (da ONU).
Ricardo Alves:
Ponto a): Precisamente por a luta dos cosovares ser pela independência, havia nela uma razão de fundo - a autodeterminação dos povos - genericamente aceite pela comunidade internacional. No caso líbio tal razão pura e simplesmente não existe! Não há qualquer direito internacional que permita justificar a interferência numa guerra civil num outro país.
Ponto d): Os mandatos da ONU obtêm-se desde que alguém manifeste interesse neles, e pergunta-se, por que é que a França e o Reino Unido estão tão interessados em intereferir na guerra civil líbia e tão pouco interessados em intereferir, por exemplo, na guerra civil na Costa do Marfim? É que, eu não duvido que, se estivessem interessados nisso, a ONU também lhes daria mandato para tal!
Ricardo, claro que as situações são diferentes. Independentemente do edifício (até poderia ser uma base militar), a minha questão é outra.
Tanto num caso como no outro, aproveitou-se algum consenso internacional à volta da intervenção (na Sérvia não havia consenso no ONU devido À Rússia), para levar a cabo ataques a alvos com objectivos meramente políticos.
Luís Lavoura,
na Costa do Marfim não houve pedido de ajuda. Na Líbia houve. O que se faz quando um grupo que tenta derrubar um ditador sanguinário pede ajuda, num contexto internacional em que pode estar em curso a democratização de todo o sul do Mediterrâneo? Olha-se para o lado?
Miguel,
«meramente políticos»? Derrubar Cadáfi é um objectivo humanitário...
Ricardo,
sim, sim.. e eu até defendo que a comunidade internacional (ao abrigo do direito internacional) deva interferir mais vezes directamente na política interna dos países - como por exemplo, derrubar Khadafi.
A questão é que o que foi levado à ONU não foi isso, nem foi isso que foi discutido. A minha crítica do post é essa: as intervenções têm sempre extravasado os objectivos inicialmente propostos. É isto que destrói a credibilidade.
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