quarta-feira, 2 de março de 2011

Paulo Portas na Ilha das Maravilhas

Em 2001, Paulo Portas visita a Irlanda reunindo com o primeiro-ministro Bertie Ahern do partido Fianna Fáil com o objectivo de "abordar o método irlandês para atingir o equilíbrio orçamental, a contenção da despesa pública, as reformas estruturais e o uso e fiscalização dos fundos comunitários". Entretanto, numerosas instituições financeiras e imobiliárias começavam a delapidar a Irlanda endividando-se fortemente no exterior, incitando o cidadão a endividar-se para comprar a casa que precisava e a que não precisava. Mas nessa altura o dinheiro a crédito fluía a rodos e isso era suficiente para Bertie Ahern e Paulo Portas provarem a validade do sistema.

Até 2008, Paulo Portas falava da Irlanda de Bertie Ahern como se fosse um quadro do Fianna Fáil classificando a sua política económica como "um exemplo a seguir pelo Estado Português". A partir de 2009 Paulo Portas deixou de falar sobre a Irlanda...

Este fim-de-semana, o mesmo Fianna Fáil teve o seu pior resultado de sempre passando de 41% para 17%. As eleições foram ganhas pelo Fine Gael. Julgaria o caro leitor que Paulo Portas reflectisse seriamente sobre a derrota estrondosa do partido e das políticas que tanto tempo apoiou e que levaram a Irlanda ao abismo. Tal como noutras ocasiões Paulo Portas colou-se a uma vitória que não é sua, à vitória do Fine Gael. Vale a pena ler Paulo Portas no facebook felicitar o Fine Gael recorrendo à justificação esfarrapada de que o Fine Gael faz parte do seu grupo político no Parlamento Europeu, o PPE. Adivinha-se já Paulo Portas a cantar as próximas vitórias do PSD, dado que também este pertence ao PPE... Mas a memória é tramada para os troca-tintas, e a memória diz-nos que foi por iniciativa de Paulo Portas em 1999 que o CDS abandonou o PPE para aderir aos nacionalistas da UEN (União para a Europa das Nações) da qual faziam parte os seus grandes amigos do Fianna Fáil. Se hoje o CDS está no PPE deve-se apenas ao acordo de coligação com o PSD nas europeias de 2004 e 2009 que lhe retirou a autonomia para escolher a UEN.