No Museu do Comunismo de Praga tudo é bem diferente. Logo os cartazes de propaganda, em guias turísticos, não enganam na forma como apresentam o local (e que bem corresponde à realidade): situado ao lado de um casino e por cima de um McDonald’s. No museu fazem gala deste facto. Agradou-me ver certas descrições do quotidiano na Checoslováquia comunista e compreendo que os comunistas sejam “maus da fita”. Já compreendo menos que sejam os únicos maus da fita: não o foram, nem sequer na Checoslováquia. Mas naquele museu o comunismo é o mal absoluto, e toda e qualquer ideia com ele vagamente relacionada, como o socialismo, a social democracia e a esquerda em geral é automaticamente rotulada como “absurda”. Nem que para isso se tenha de distorcer um pouco a realidade, com legendas diferentes em línguas diferentes. Nem que se tenha de apresentar os crimes ecológicos cometidos pelos comunistas, esquecendo que tais crimes ecológicos não eram assim vistos nesse tempo, e que também eram cometidos pelos principais países industrializados e não somente pelos comunistas. A visão da História deste museu é parcialíssima e subjetiva, mas receio que seja mesmo a do povo checo. Vim mais tarde a saber que os donos deste museu são americanos. Poderiam tê-lo instalado em Berlim ou Moscovo. Escolheram Praga porque provavelmente não havia no mundo outra cidade onde este museu tivesse a mesma recetividade.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Mais impressões da República Checa baseadas numa visita ao Museu do Comunismo
A rejeição de toda e qualquer ideia socialista de que falei é patente no Museu do Comunismo de Praga. Já visitei museus semelhantes em Berlim e Moscovo, e não saí de nenhum com a sensação de que saí do de Praga: de ter visitado um museu de pura propaganda. Em Berlim é relatada a história do muro: a divisão de uma cidade, a separação das famílias, os checkpoints, os guardas, os esquemas para fugir, os mortos. Em Moscovo é-nos apresentada uma história da revolução soviética. O golpe de Lenine é-nos mostrado em pormenor nos seus diferentes aspetos, não deixando de se evidenciar o seu caráter antidemocrático. Em ambos os casos são apresentados factos, cabendo ao visitante fazer o seu julgamento da História.
No Museu do Comunismo de Praga tudo é bem diferente. Logo os cartazes de propaganda, em guias turísticos, não enganam na forma como apresentam o local (e que bem corresponde à realidade): situado ao lado de um casino e por cima de um McDonald’s. No museu fazem gala deste facto. Agradou-me ver certas descrições do quotidiano na Checoslováquia comunista e compreendo que os comunistas sejam “maus da fita”. Já compreendo menos que sejam os únicos maus da fita: não o foram, nem sequer na Checoslováquia. Mas naquele museu o comunismo é o mal absoluto, e toda e qualquer ideia com ele vagamente relacionada, como o socialismo, a social democracia e a esquerda em geral é automaticamente rotulada como “absurda”. Nem que para isso se tenha de distorcer um pouco a realidade, com legendas diferentes em línguas diferentes. Nem que se tenha de apresentar os crimes ecológicos cometidos pelos comunistas, esquecendo que tais crimes ecológicos não eram assim vistos nesse tempo, e que também eram cometidos pelos principais países industrializados e não somente pelos comunistas. A visão da História deste museu é parcialíssima e subjetiva, mas receio que seja mesmo a do povo checo. Vim mais tarde a saber que os donos deste museu são americanos. Poderiam tê-lo instalado em Berlim ou Moscovo. Escolheram Praga porque provavelmente não havia no mundo outra cidade onde este museu tivesse a mesma recetividade.
No Museu do Comunismo de Praga tudo é bem diferente. Logo os cartazes de propaganda, em guias turísticos, não enganam na forma como apresentam o local (e que bem corresponde à realidade): situado ao lado de um casino e por cima de um McDonald’s. No museu fazem gala deste facto. Agradou-me ver certas descrições do quotidiano na Checoslováquia comunista e compreendo que os comunistas sejam “maus da fita”. Já compreendo menos que sejam os únicos maus da fita: não o foram, nem sequer na Checoslováquia. Mas naquele museu o comunismo é o mal absoluto, e toda e qualquer ideia com ele vagamente relacionada, como o socialismo, a social democracia e a esquerda em geral é automaticamente rotulada como “absurda”. Nem que para isso se tenha de distorcer um pouco a realidade, com legendas diferentes em línguas diferentes. Nem que se tenha de apresentar os crimes ecológicos cometidos pelos comunistas, esquecendo que tais crimes ecológicos não eram assim vistos nesse tempo, e que também eram cometidos pelos principais países industrializados e não somente pelos comunistas. A visão da História deste museu é parcialíssima e subjetiva, mas receio que seja mesmo a do povo checo. Vim mais tarde a saber que os donos deste museu são americanos. Poderiam tê-lo instalado em Berlim ou Moscovo. Escolheram Praga porque provavelmente não havia no mundo outra cidade onde este museu tivesse a mesma recetividade.
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9 comentários :
Chéquia?
A demonização dos caídos é comum, Salazar, os vampiros do regime, eles comem tudo (as encarnações do mal) sejam czares sejam outras figuras absolutistas mai modernaças como o Ceausescu O Mao o Kadahfi etc
O Absolutismo tá vivo no século XXI
Vá a Brno que encontra saudosistas
e nos arredores de Pilsen entre os reformados
Pelo menos em 2002 havia muitos
só se foram morrendo todos...
com 500 coroas checas viviamos bem tinhamos um franguinho semanal e 6 ovos a electricidade era barata a renda da casa etc...
agora com 5000 coroas eram uns 30 e poucos contos em 2001
não dá pra quase nada
e há gente que só tenha 3000...
agora os belhotes devem ganhar muito mais ou tar mortos
Vóda...esqueci-me do resto
e isso da desconfiança para estrangeiros
são mais fechados não dão beijinhos ao primeiro que lhes aparece como os pretugues
mas tal como os franceses se falamos alguma coisa ou falamos nos clubes de futebol deles (atão em Praha) até nos oferecem cerveja e um daqueles bolinos pagos ao kilo
o bolinho andava a 6 a 10 coroas
andam agora a quanto
um par de calcantes andava nas 200 e tal coroas
muitos livros à venda
e já havia muitos chineses e cd's piratas
e muitos pategos portugueses que iam ao cemitério ver o túmulo de kafka...uma coisa que nunca percebi
embora os americanos também lá fossem e ao cemitério judeu...
os portugueses eram sempre muito entusiastas....isto diz algo né
temos futuro como cangalheiros?
O anticomunismo americano tem uma dimensão religiosa, maniqueista e infantil, que os adultos raramente conseguem imaginar.
Oh Filipe, esse museu é uma treta kitsch para sugar coroas a turistas, não tem o mínimo de seriedade.
Tinhas empregue melhor o teu tempo se fosses beber uma Urquell numa esplanada à beira do Vltava ;)
Filipe Castro disse...
O anticomunismo americano resultou do falhanço das luta dos agricultores (única experiência de um movimento socialista de grande dimensão nos EUA) do Oklahoma contra os monopólios dos caminhos-de-ferro que estabeleciam o preço do trigo
Disso e da grande competição das trade union's que viam nesses arrivistas socialistas uma quebra potencial nas suas cotas
O Bible Belt oviamente
é responsável por uma cruzada contra um movimento ateu
Quanto ao maniqueista e infantil (tanto são características do comunismo como do anti...)
é preciso ter muita fé pra acreditar que o Extinto agostinho Neto não lançava um míssil para dar cabo dos bandidos armados
para não destruir os recursos naturais...
Curiosamente o comunismo nunca conseguiu criar muitos mártires-suicidas (geralmente era preciso matar os de trás para que os da frente avançassem)
Ó gente de pouca fé...
Até a CIA viu as vantagens do islão
principalmente depois de matarem o Sadat (infelizmente esqueceram-se de os desislamizar depois de terem ganho a guerra fria (e de reconstruirem um país devastado como fizeram na europa)
Quanto a adultos (dignos desse nome
conheci só meia dúzia e geralmente é por estarem semi-senis)
Todos os homes e mulheres são crianças birrentas até se tornarem bébés
e têm tantas fés esquisitas
e superstições rançosas
Deus te guarde ó comuna ateu
A bem de Lenine Absolvo-te
Em Nome do Mao, do Bom e do Estaline
eu te Polpoto
Rui, pode muito bem ser como disseste, mas a verdade é que, como escrevo, um museu assim existe em Praga mas não em Berlim ou Moscovo. Por alguma razão há de ser!
Filipe Moura disse...um museu assim existe em Bucareste e na Polónia...obviamente em Moscovo estragava as visitas à múmia leninista e às restantes múmias do regime que continuam a reger o país
(agora com mais concorrência)
Os húngaros tal como os checos tiveram duas intervenções com muitas baixas (já lá vão uns anos, mas....
resmas de museus Bá ao Mecklemburg qu'há uns com bonés da stasi à venda
e pedaços do muro...aquele muro tinha mai cimento que Cahora Bassa
e reproduz-se...
cimento comunista é tã bom qu'inté cresce
eu te chéquio
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