quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Europa kaputt

A bandeira da UE, essa sim, deveria ser posta a meia haste. O velho europeísmo morreu, vítima da crise actual: já não há os "doze" ou os "quinze", como durante a euforia dos alargamentos, mas sim estados devedores e estados credores. E os "cidadãos europeus", admite-se agora, nunca existiram: existem contribuintes alemães, finlandeses "verdadeiros", desempregados espanhóis, revoltados gregos e "irresponsáveis" ingleses.

Olha-se em volta e, tal como Raul Proença há 86 anos, não se vê ninguém. A senhora Merkel, líder da Europa por inerência da chancelaria, pensa nos seus eleitores; Barroso e a Comissão gerem assuntos correntes com frieza de burocratas; o Parlamento Europeu pronuncia-se mas não decide, porque a democracia só é boa no âmbito estatal; e Trichet preocupa-se com os bancos mas não com as pessoas.

Não faltam sequer incendiários, saudosos de totalitarismos defuntos, que pedem sangue, tumultos, montras ou caras partidas e interrupções da democracia. Na passagem dos anos 20 para os 30 conseguiram esvaziar o centro para os dois extremos, mas hoje poucos europeus repetiriam o erro.

As alternativas são ou recuar (sair do euro e voltar às soberanias nacionais, limitadas pelas dívidas) ou seguir em frente (taxar a especulação financeira, criar impostos europeus e democracia europeia). A segunda é impensável com os actuais protagonistas políticos.

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