Dias atrás entraram aqui em casa uns fiscais do estrangeiro para abrir os cofres, avaliar os móveis e conferir a contabilidade. Cedo se viu que vive cá um fulano de más contas, gastador inveterado e esquecido com as dívidas. Já sabíamos, mas por sorte eles não imaginavam que criámos este estroina. Vou explicar.
O tio Alberto é muito engraçado em família quando nos insulta e nós a ele. É uma animação, porque uns dizem que ele fica mal numa família que se quer europeia, que apalaçou o anexo do quintal mas é porque lhe pagamos a água e a luz e uma gorda mesada, que ainda acaba em tribunal e que vá chamar parente a outro. Ele então excita-se e grita que são tudo intrigas dos comunistas maçons e do lóbi gay, dos jornalistas e dos invejosos, e que tem "autonomia". Acaba sempre a sacar-nos mais um dinheirinho. Não entendo como, porque há décadas que ele o gasta mal gasto, nuns jantares e negociatas com os amigos, até a pagar missas e um jornal que só diz bem dele. Já não tem emenda e até diz que não precisa de nós.
Eu sei, cara Europa, que esta vergonha da família portuguesa não tem graça. E que não devíamos rir. Mas quem o deve chamar à razão cala-se, e a polícia nunca o prendeu. Ou são os tais amigos que o protegem, ou aqueles tios mais velhos que gostam que ele diga que isto devia ser como dantes. Mas esse antes em que não éramos europeus terminou. Eles não sabem?
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