Ossama Bin Laden pretendia levar o terror às sociedades mais livres e ricas do planeta. Conseguiu: Nova Iorque, Madrid e Londres foram atacadas em quatro anos. Ambicionava arrastar os EUA para invasões dispendiosas e arriscadas, que radicalizassem os muçulmanos ao evidenciar o imperialismo e a "hipocrisia" das democracias laicas. Conseguiu o atoleiro iraquiano. Sonhava ainda com revoltas islamitas no mundo árabe e suas vizinhanças: descontada a subida ao poder do Hamas em Gaza (e pouco mais), falhou estrondosamente.
No ano da morte de Bin Laden, os povos árabes revoltaram-se, finalmente, contra os seus déspotas: na Tunísia, no Egipto, no Iémen, no Bahrein, na Líbia e na Síria. Mas, no dia em que escrevo, as revoltas que triunfaram parecem-se mais com processos de democratização que de islamização.
É verdade que se mantém quase intacta a ecologia que gerou a Al-Qaeda (dinheiro saudita, caos afegão, campos de treino paquistaneses, pobreza e desespero), e que a década de terror e "guerra contra o terror" nos legou, na Europa e nos EUA, serviços secretos gordos e uma rede de prisões ilegais que ficará para os vindouros como símbolo da barbárie na geração actual. Porém, talvez todos tenhamos entendido que a democracia e a prosperidade não saem nem de um qualquer livro sagrado, nem de guerras "preventivas". Se assim for, a era do 11 de Setembro acabou.
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