Também se encontram Europa fora grupos de portugueses e outros europeus, em inter-rails ou graças às companhias aéreas de baixo custo, mas sempre em grupos: nenhum como estes australianos, que viajam sozinhos durante meses, como era o caso do Luke.
Uma diferença importante entre os portugueses e os australianos é que estes, tipicamente, trabalham para poderem pagar o seu período de viagem, enquanto os jovens portugueses geralmente esperam que sejam os pais a financiarem. É uma crítica, provavelmente justa, que se faz à “geração 12 de Março”, os “deolindos”: estão habituados a receber tudo de mão beijada, não sabendo dar o devido valor às coisas. Não lhes passaria pelas cabeças trabalhar para pagar as férias.
Enquanto eu me entretinha nestas divagações, o Luke lá se entretinha ao longo dos dias a cozinhar esparguete e fazer cocktails. Eu estava a participar num congresso; à noite via-o sempre na sala comum, e comecei a ficar curioso sobre que vida era a dele. Um dia ele ofereceu-me uma mistura de rum com fanta, e foi nessa altura que lhe perguntei quanto tempo mais ia ficar em Praga. Ele disse que já tinha visto o que mais lhe interessava ver na Europa, e então tinha decidido ficar em Praga até à data do seu regresso, daí a duas semanas, pois lá tudo era mais barato incluindo a cerveja. Perguntei-lhe se não seria melhor alterar a data do bilhete de avião e antecipar o regresso. Ele respondeu-me que ainda tinha que ir a Valência, pois fazia questão de participar naquela coisa chamada “tomatina”.
Em Portugal, organizam-se manifestações (em que eu participei) contra a precariedade e mesmo a dificuldade em obter um emprego. A maioria dos participantes nessas manifestações não queria mais do que o acesso a um emprego digno, que lhes dê estabilidade, permita construir família e mais tarde ter uma reforma – é esse o seu objetivo. O objetivo dos jovens australianos, a avaliar pelo Luke, não passa por estabilidade nem por reforma – é viajar e participar na mais estúpida de todas as festas (tão estúpida que até já existe uma versão bracarense). Acho que prefiro os nossos deolindos.
3 comentários :
A Austrália tem fama de ser o país anglo-saxónico mais inculto e mais racista de todos. A Autrália, diz quem sabe, é muito pior que o Texas.
E o Texas, garanto-te eu, que vivo aqui há 13 anos, é MUITA MAU! :o)
Pois é... tudo mais barato? Em Praga?
Nem é preciso ir muito longe, Praga está a ums 2 horas da Alemanha, onde realmente os preços säo bem mais baratos. Surpreendentemente mais baratos.
Quero ver onde se consegue comprar uma cerveja óptima e premiada por 0,67€ por litro em Praga. Por acaso até queria.
Na Alemanha, é só ir a qualquer supermercado normal, seja Norma, Lidl, Netto, Penny Markt, ...
Se ele disser "as checas säo do mais boas que há", isso tá bem, näo o desminto, agora o resto...
Homónimo, não está em causa a cultura do tipo nem dos australianos (os que eu conheço não são inculos nem de direita, mas se calhar diria o mesmo dos texanos - o mundo académico dá-nos uma visao de viés). Aposto que há tipos muito cultos a participarem na tal tomatina. A minha questão tem mesmo a ver com a natureza humana. Bem, eu próprio passei o verão mais preocupado com o meu Sporting que com os desvarios deste governo...
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