- «Amanhã celebra-se o feriado nacional que tem o nome brejeiro, sanguinolento e auto-contraditório de "Corpo de Deus".O novo primeiro-ministro já manifestou a intenção de rever o calendário de feriados nacionais, eventualmente eliminando alguns.Pois bem, senhor primeiro-ministro: espero que amanhã seja o último Dia do Corpo de Deus que é feriado nacional.(Pode-se, se se desejar, aumentar o número de dias feriados municipais, por forma a que alguns locais, como Vila do Conde, em que este dia é particularmente celebrado possam tê-lo como feriado municipal.)Até porque não faz sentido nenhum que um Estado laico tenha dias religiosos como feriados nacionais.» (Luís Lavoura)
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Revista de blogues (30/6/2011)
Concorrência sim, mas devagar
«Nem Alá, nem Senhor»
Fica em baixo um excerto do documentário.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
«Matareis os vossos animais com crueldade e mutilareis as vossas crianças»
terça-feira, 28 de junho de 2011
A falácia da «liberdade de escolha»
Não se deve falar, a propósito do cheque-ensino, em «liberdade de escolha», mas sim em «subsídio estatal a escolas privadas». Porque é disso que se trata.
Trapalhada nos secretários de estado e aviões a pedais
O divino Rui escreve direito por linhas muito tortas
Aos que afirmam que, ao permanecer no cargo mas num outro grupo parlamentar o Rui está a cumprir melhor as expetativas dos que nele votaram, respondo que não sabia que o Rui Tavares tinha prometido cumprir o seu mandato fosse em que bancada fosse. Se fosse assim não teria votado nele. Acresce que a partir do momento em que se aceita que o Rui mude para os Verdes, também se teria de aceitar se mudasse para os conservadores.
De um modo geral creio que um deputado independente, como o Rui Tavares é, não deve entrar abertamente em conflito com o partido que o acolhe. Nesse aspeto este é um caso bem diferente, por exemplo, do da deputada Luísa Mesquita, que era militante do PCP. Luísa Mesquita era parte do partido (e não aceitou ser manipulada por este); o Rui Tavares não era parte do partido que o acolheu, não tendo demonstrado por este o respeito que devia (aqui refiro que não sou nem nunca fui militante deste partido). Pior: o Rui Tavares desrespeita o voto de muitos eleitores desse partido, tal como o PCP desrespeita quem em si votou ao substituir arbitrariamente Luísa Mesquita ou presidentes de Câmara.
Estou à vontade para defender este ponto de vista, por várias razões. No conflito que parece estar a ocorrer no Bloco de Esquerda, certamente prefiro o "lado" do Rui Tavares e do Daniel Oliveira (embora não concorde com esta atitude do Rui e receio que ela deite muito a perder). Votei no Bloco de Esquerda nas europeias, e por acaso até preferia que desde o princípio o Bloco fizesse parte do grupo parlamentar dos Verdes (é pena que não haja representantes desse grupo em Portugal). Certamente o facto de o Rui ser candidato ajudou ao meu voto (pelas qualidades que lhe reconheço, e não por ser amigo dele, que sou). Mas a verdade é que, desde que há Bloco, sempre votei no Bloco nas europeias. Eu voto em partidos. E, nas eleições europeias, é em partidos que se vota. Desejo felicidades ao Rui e espero continuar a poder votar nele no futuro, se for esse o caso. Mas neste caso acho que ele esteve mal.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Corte radical no número de Secretários de Estado?
sábado, 25 de junho de 2011
Resultados do inquérito: governo para dois anos
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Revista de blogues (24/6/2011)
- «Não percebo o entusiasmo à volta da ideia do cheque ensino. Quem põe os filhos num colégio, não procura apenas a excelência do ensino, o rigor e a exigência. Procura, sobretudo, a segurança da segregação social. É a segregação social que dá garantias de sucesso. Quem opta por certos e determinados colégios fica sossegado por saber que deixa os filhos numa espécie de condomínio privado, onde se ensina a caridade, se cultiva comedidamente a piedade, enobrece sempre o carácter, mas longe de pretos, ciganos, brancos que são como pretos, demais proscritos. É por essa razão, sobretudo por essa, que sujeitam os filhos a avaliações psicológicas, que se sujeitam eles próprios a entrevistas, onde explicam o que fazem e onde moram. Esmiúçam, ansiosos, detalhes e valores familiares, para se enquadrarem no perfil pretendido. O cheque ensino, em abstracto, elimina constrangimentos financeiros, permitindo que famílias mais pobres possam optar por estabelecimentos de ensino privados, mas não apaga o resto. Quem é da Brandoa, da Buraca, de Unhos, do Catujal, será sempre desses lugares. Os pais que escolhem o ensino privado, se, de repente, vissem a prole acompanhada pela prole das suas empregadas, procurariam rapidamente outro colégio onde a selecção se continuasse a fazer. Não condeno as preocupações dos pais que assim agissem. Percebo-os perfeitamente. Se a escola dos meus filhos fosse, assim de repente, por imposição do governo, inundada por camafeus pequenos, tratando-se por você, armados ao pingarelho, também eu correria a tirá-los de lá. Gosto pouco de misturas.» (Ana Cássia Rebelo)
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Prémio de consolação
É diferente falar e fazer, mas mas ver os problemas e as soluções de forma lúcida é sem dúvida um bom começo.
Parece-me que o seu contributo para reformar a educação vai ser positivo. Um bom ministro, num mau governo.
Razões para não acreditar
No que diz respeito a tal abstracção, tenho boas razões para nela não acreditar, com esta exposta por Bertrand Russel:
«Da minha parte, poderia sugerir que entre a Terra e Marte há um pote de chá de porcelana girando em torno do Sol numa órbita elíptica, e ninguém seria capaz de refutar minha asserção, sendo que teria o cuidado de acrescentar que o pote de chá é pequeno demais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios mais poderosos.
Mas se afirmasse que, devido à minha asserção não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável da razão humana duvidar dela, com toda a razão pensariam que estou a dizer tolices.»
Não obstante, no que diz respeito a várias religiões teístas, em particular o cristianismo, tenho razões muito mais fortes não acreditar nas alegações feitas – a sua própria inconsistência interna, a incoerência entre as várias alegações associadas a cada uma destas religiões.
O video que se segue explica de forma muito clara e competente algumas das principais.
Tive muito prazer em vê-lo e quero por isso partilha-lo com todos:
terça-feira, 21 de junho de 2011
A vertiginosa odisseia Nobre
Rui Tavares abandona a esquerda marxista
- Tenho estima política por Rui Tavares, mas a razão invocada para abandonar o grupo parlamentar do BE (uma troca de posts com Louçã a propósito de saber se Daniel Oliveira fundou o BE ou não) parece um mero pretexto. Algo mais terá acontecido.
- Ao deixar no Parlamento Europeu a etiqueta «BE», presumivelmente estaria condenado à irrelevância se permanecesse no grupo da Esquerda Unitária Europeia. Ao juntar-se aos Ecologistas, parece responder ao dilema discutido nos comentários deste post, e escolher a esquerda que tem governado na Alemanha ou na França, contra a que há 20 anos se encontra, a nível europeu, mais acantonada do que antes.
- Um abandono também é uma desistência. Significa isto que a luta por transformar o Bloco foi perdida?
A social-democracia europeia rompe o bloqueio
segunda-feira, 20 de junho de 2011
O futuro do Bloco
«O problema do Bloco nas sondagens não começou com o apoio a Manuel Alegre, nem com a moção de censura, nem com a falta à reunião da troika, nem com os possíveis ziguezagues entre uma coisa e outra.
Pedro Magalhães, politólogo e especialista em sondagens, publicou no seu blogue um gráfico no qual as intenções de voto no BE caem quando a campanha de Manuel Alegre começa a correr mal. Mas antes dessa descida o BE tinha também subido com Manuel Alegre, voltando a ser o terceiro maior partido em intenções de voto. O efeito, antes e depois, parece uma pequena montanha num vale não muito profundo. Cujo declive tinha começado no segundo de 2009. Foi aí que parou a imparável tendência de crescimento do BE.
Com efeito, o BE passou grande parte de 2009 numa cordilheira, sendo o terceiro partido mais votado, tendo resultados quase sempre acima dos dez por cento, chegando até a passar dos quinze. Durante talvez um semestre os inquiridos pareciam querer fazer do BE a grande surpresa política do país. Mas houve um momento, talvez um pouco antes das penúltimas legislativas, e certamente logo após estas, em que se percebeu que o BE não ia contar para a mudança — talvez compreensível — e que parecia contentar-se com isso — menos compreensível.
Semanas depois, o BE teve um péssimo resultado em Lisboa, onde tudo começara. A sua base precursora estava a tentar dizer-lhe algo.
[...]
Chegados aqui, o debate sobre o BE é crucial para toda a esquerda portuguesa. A grande esperança de dinamização nela representada pelo BE entra agora no troço mais difícil do seu caminho, e já há encruzilhadas à vista.
A primeira diz respeito ao tipo de debate que o BE quer fazer sobre si mesmo, escolha para a qual os seus militantes são inteiramente soberanos, mas que será vista com atenção por todos os portugueses de esquerda. [...]»
Vale a pena ler o texto todo, e reflectir sobre este assunto.
domingo, 19 de junho de 2011
Revista de blogues (19/6/2011)
- «A esquerda perde e a direita ganha eleições. E ganha com a ideologia e as receitas que estiveram na origem da crise. Este paradoxo é a grande questão que se coloca aos socialistas que estão a desaparecer do poder em toda a Europa ocidental. (...) O colapso do capitalismo financeiro, que criou uma oportunidade histórica para a esquerda, está, afinal, a beneficiar a direita. O que levanta o problema de saber para que servem os partidos da esquerda, os de protesto e os de governo. É uma questão ideológica que não pode ser iludida.(...) O capitalismo mudou de natureza para dar lugar a um hiper capitalismo financeiro sem entrave nem regras. Mudou também o processo produtivo. Desapareceram as grandes concentrações industriais que foram a base do movimento operário. A globalização trouxe a deslocalização e a fragmentação. A representação política e sindical tornou-se mais complexa. (...) A ideia de que não há outra saída e estamos condenados ao poder dos mercados financeiros transformou-se num novo consenso, uma espécie de fatalidade veiculada por todos os meios através dos quais se estabeleceu esta nova hegemonia. (...) “Somos pessoas, não somos mercados”, clamou-se na Plaza del Sol. A democracia está cada vez mais refém do poder dos mercados financeiros. Vinte anos depois de Maastricht, não foi a Europa social que venceu o neoliberalismo, é este que está a destruir o modelo social europeu. Está em causa saber se o socialismo ainda tem sentido ou se, como advogou um dirigente do PS, do que se precisa é de “um choque liberal”. Não pretendo deter a verdade absoluta, não sou sectário e nunca fui dogmático, mas entendo trazer a público algumas sugestões:
sábado, 18 de junho de 2011
O BE enquanto coligação
sexta-feira, 17 de junho de 2011
O novo governo
Como era de se esperar, desaparecem os ministérios da Ciência e da Cultura, no que constitui uma menorização destas áreas. Outra vez o programa ideológico.
Finalmente, tenho respeito por Assunção Cristas a nível profissional, na sua área (o direito), onde acredito que seja competente. Mas a sua presença à frente da agricultura só pode ser para satisfazer a quota do CDS, partido que sempre deu grande importância a este setor, em teoria, mas na prática não consegue mais ninguém para ocupar o cargo. É que olhando para Assunção Cristas dá vontade de lhe dizer o que Passos Coelho disse a uma mulher que o abordou na campanha: "vá pegar numa enxada!"
O governo da "Notícias Sábado"
Os mercados estão quase a acalmar...
Sugiro que deixemos de trabalhar para o nosso bem-estar e para o bem-estar dos nossos filhos. Vamos trabalhar todos para acalmar os mercados.
Quando o homo-sapiens apareceu na savana, teve que trabalhar para acalmar as feras. O homo-sapiens moderno e sofisticado tem uma tarefa muito mais nobre: acalmar os mercados.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
European Daily
Produzido em Londres com ajuda de muitas mãos de outros cantos da Europa, esta publicação assume a perspectiva europeia da notícia por contraponto à habitual perspectiva nacional dos jornais publicados em cada país.
Esta primeira edição é prometedora, mas veremos se funciona periodicidade diária, embora seja uma vantagem evidente sobre os dois concorrentes óbvios: o Courrier International e o site Press Europ
O último sobre Monckton Bunkum
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Revista de blogues (15/6/2011)
- «Ana Gomes provocou uma tempestade mediática com as suas declarações sobre Paulo Portas. Considero muito Ana Gomes, uma mulher de causas, frontal, corajosa, diplomata com muito relevantes serviços prestados a Portugal e à Humanidade. Confesso que me escapa alguma da sua argumentação contra Paulo Portas e não alcanço a invocação do exemplo de Strauss-Kahn. Mas estou com ela na sua conclusão: Paulo Portas não deve ser ministro na República Portuguesa. Partilho inteiramente a conclusão ainda que através de diferentes premissas. Paulo Portas, enquanto ministro da Defesa Nacional de anterior governo, mentiu deliberadamente aos portugueses sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque, que serviram de pretexto para a guerra de agressão anglo-americana desencadeada em 2003. (...) A verdade é que Paulo Portas, regressado de uma visita de Estado aos EUA, declarou à comunicação social que “vira provas insofismáveis da existência de armas de destruição maciça no Iraque” (cito de cor mas as palavras foram muito aproximadamente estas). Ele não afirmou que lhe tinham dito que essas provas existiam. Não. Garantiu que vira as provas. Ora, como as armas não existiam logo as provas também não, Portas mentiu deliberadamente. E mentiu com dolo, visto que a mentira visava justificar o envolvimento de Portugal naquela guerra perversa e que se traduziu num desastre estratégico. (...)» (Pezarat Correia)
«Indignados», um movimento contra a democracia
terça-feira, 14 de junho de 2011
Manifesto pela Ciência
"In the early 1990s, an economic crisis struck Finland. Until then, Finland had traditionally depended on the Soviet Union for up to a third of its exports. When the Soviet Union collapsed in 1991, as much as 25% of Finland’s export trade contracts became irrelevant virtually overnight. What followed was the deepest economic recession experienced by any European market economy since the second World War, as Finland’s unemployment rate rose from around 3-4% to nearly 20% within the space of a few months. At the same time, Finland’s foreign debt was virtually exploding.
The depth of the economic crisis in the early 1990s helped create a general national sense of urgency, which helped further bolster the role of science and technology policy in Finnish economic policy. By the early 1990s, the importance of technological development for societal and economic development had become widely accepted. There was a strong consensus regarding this issue. Thus, in spite of deep cuts being made elsewhere, the funding for science and technology remained the same and even grew. Because of the widespread sense of urgency, there was little resistance to this policy, even though it largely had to be funded by reallocating funds from other purposes and, notably, from privatisation of governmentowned
companies, as the soaring rate of government debt did not permit funding through loans."
"Towards 3%: attainment of the Barcelona target", European Academies, Science Advisory Council
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Revista de blogues (13/6/2011)
- «As manifestações “acampadas” de Espanha tiveram a sua versão no Rossio lisboeta. Os animadores do protesto, que invocaram o exemplo da praça egípcia Tahrir (onde se concentraram os protestos pela queda de Mubarak), reclamam-se profetas da democracia “verdadeira” -- cuja proclamação se lia em inúmeros escritos em cartão pendurados na estátua do Rossio, com relevo para “Se o voto mudasse alguma coisa era proibido” – face à “falsa” do “statu quo”.
(...)
sábado, 11 de junho de 2011
Ainda sobre as convergências à Esquerda
«É, apesar de tudo, injusto dizer que a esquerda portuguesa não consiga estar de acordo. Para dar um exemplo, perguntemos por que não consegue a esquerda portuguesa convergir e a resposta vem pronta: a culpa é do outro partido.
O Partido Socialista dirá, como quem constata uma evidência, que PCP e Bloco estão arrinconados numa confortável posição de protesto e que evitam, ao mínimo pretexto, implicar-se numa governação do país que seja pragmática.
Bloco e PCP dirão que o PS deriva para o centro quando está no governo, quando não aplica medidas que parecem ter saído direitinhas do manual da direita. Apontam para o legado de Sócrates e perguntam se alguém no seu perfeito juízo poderia esperar que fossem eles a salvá-lo.
[...]
Não se pode fazer convergência com quem é, no fundo, o aliado objetivo da direita. E quem é o aliado objetivo da direita? A resposta é simples: o outro partido. É mais do que claro que o PS é aliado objetivo da direita: não o viram assinar o acordo da troika? Entra pelos olhos adentro que o Bloco e o PCP são aliados objetivos da direita: não os viram deitar o governo abaixo?
[...]
Porque a esquerda, na origem, é uma aliança. Mais do que uma doutrina ou uma ideologia, a esquerda é a aliança daqueles que não são ricos nem poderosos. A esquerda é uma aliança de pessoas livres e iguais, fraternas entre si na mesma dignidade.
Sendo os ricos e poderosos naturalmente poucos, a esquerda terá de ser, para ter força, a união dos muitos. E esses muitos são — como é evidente — muito diferentes uns dos outros. Não são, não podem ser, todos da mesma seita. Não têm, e não podem ter, todos os mesmos objetivos de futuro, a mesma visão do mundo, ou o mesmo estilo de vida. Isso é impossível, e a esquerda que é esquerda luta para que isso seja impossível, e para que ainda assim haja unidade entre os muitos, os que não são ricos nem poderosos, os que se arriscam a ser lixados se não souberem fazer uma aliança. [...]»
Com uma maioria sociológica de esquerda, só esta luta fratricida entre os partidos da Esquerda explica o mais recente desastre eleitoral.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Um Presidente, um governo, uma maioria... e ainda um tal de António Barreto
- «(...) a adequação, à sociedade presente, desta Constituição anacrónica, barroca e excessivamente programática afigura-se indispensável. Se tantos a invocam, se tantos a ela se referem, se tantos dela se queixam, é porque realmente está desajustada e corre o risco de ser factor de afastamento e de divisão. Ou então é letra morta, triste consolação. Uma nova Constituição, ou uma Constituição renovada, implica um novo sistema eleitoral, com o qual se estabeleçam condições de confiança, de lealdade e de responsabilidade, hoje pouco frequentes na nossa vida política. Uma nova Constituição implica um reexame das relações entre os grandes órgãos de soberania, actualmente de muito confusa configuração. Uma Constituição renovada permitirá pôr termo à permanente ameaça de governos minoritários e de Parlamentos instáveis. Uma Constituição renovada será ainda, finalmente, o ponto de partida para uma profunda reforma da Justiça portuguesa, que é actualmente uma das fontes de perigos maiores para a democracia (...)» (António Barreto no seu discurso de 10 de Junho)
A esquerda bloqueada
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Ensino público ou cheque-ensino?
Por que desce o Bloco – lições à esquerda
Acresce o que já aqui escrevi, num comentário a um texto do Miguel: reparemos nas eleições todas desde 1990 (pelo menos): a esquerda à esquerda do PS só tem bons resultados quando é garantido que o PS ganha (1999, 2005 e 2009). Quando a vitória do PS está em dúvida (2002 e agora), anteriormente o PCP e presentemente o Bloco vêm por aí abaixo. Há um potencial eleitorado destes dois partidos que, apesar de naturalmente votar neles, claramente prefere o PS no poder. E não há maneira de estes partidos perceberem isso, sendo que o Bloco, cujo “núcleo duro” ou “eleitorado mínimo garantido” é muito inferior ao do PCP, é quem mais se prejudica por esta atitude.
O tempo do Bloco
Do ponto de vista da política económica, social e ambiental estes partidos ecologistas atraem nos respectivos países um eleitorado muito semelhante ao do Bloco. Em Portugal o PCP sequestrou a sigla dos Verdes, mas é incapaz de atrair esquerda não-marxista, socialistas, ecologistas, libertários, liberais de esquerda, toda essa fauna política que vota BE em Portugal e vota Verdes na Alemanha e em França.
Em apenas 10 anos o BE saltou dos 2,4% em 1999 para os 9,8% em 2009. Sabíamos que os 9,8% eram bons demais para ser verdade, havia ali muita vacuidade, gente descontente mas sem convicções, oportunistas, entre outros perfis pouco recomendáveis. Descer para 5,2% foi mau, mas o mundo não acaba amanhã. Tal como os Verdes europeus precisamos de tempo para consolidar, consolidar a nível local, consolidar a organização e consolidar a ideologia, calibrá-la com a realidade e a diversidade do nosso eleitorado e dos nossos aderentes. O BE pode e deve pensar em participar nas decisões do país (a nível local, regional ou nacional) até ao final desta década. O planeta não espera, as crises ambientais que se avizinham vão requerer as políticas ambientais das nossas esquerdas. No domínio económico, olhando para a Grécia e Irlanda, temo que a realidade vá dar razão ao BE muito mais cedo do que se espera.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
A culpa não é de Passos Coelho nem de Portas
Convinha que quem se prepara para abrir mais uma época de contestação popular (nomeadamente o Bloco e, especialmente, o PCP) esclarecesse em qual das três hipóteses se encaixa. Da minha parte a hipótese 1) é inexorável e indesmentível. Se vier a tomar parte em contestações de rua, faço-o na hipótese 2: como diria um professor meu, “consciente da inconsciência do povo”.
Inquérito: quanto tempo vai durar o próximo Parlamento?
Respostas:
- Quatro anos;
- Entre 3 e 4 anos;
- Entre 2 e 3 anos;
- Entre 1 e 2 anos;
- Menos de um ano;
- Menos de seis meses;
- Não sei.
Revista de blogues (8/6/2011)
- «O sr. Passos Coelho tem dado muitos tiros no pé (talvez por isso, este nom-de-plume me soe a personagem de emérito deputado numa novela romântica de fim de século). Nenhum me mereceu comentário, não traz grande glória bater na inexperiência dos outros. Mas esta coisa de invocar a governação de Cavaco, como se de uma idade de ouro se tratasse, tem direito a destaque.(...)Nós ficámos com a economia do betão e da promiscuidade entre políticos e empresas - os boys originais -, com as fraudes dos fundos comunitários e concessões de obra, com o "capitalismo popular", com as hipotecas bonificadas pelos contribuintes, com as reprivatizações de encomenda. Com a refundação do clientelismo, o desmantelamento de frotas de pesca e marinha mercante, e o enterro da agricultura por meia dúzia de jipes, campos de golf e caçadas ao javali. Com o estímulo à assimetria litoral, o descarrilamento da ferrovia e a promoção da auto-estrada e do crédito ao consumo. Foram dias de coutos de loureiro e de todos os outros santos, de escândalos de corrupção semana a semana, de meias de turco branco, de derrapagens trilionárias de orçamento e respetivos contorcionismos no tribunal de contas, da invasão de gelados da menorquina e de fruta sensaborona, do estrangulamento da imprensa, do poço que passou a fonte, das marquises espelhadas, dos negócios das OGMA e da OGMA, do fim do ensino superior técnico e começo das licenciaturas inúteis, das universidades de vão de escada - formando gestores e advogados para o desemprego-, das requisições civis em dia de greve, das cargas e mangueiradas policiais, da tecnocracia arrogante, sem ideias nem ciência, dos G-men cinzentões, do moralismo pacóvio, da "televisão da Igreja", de Lynce, Borrego, Isaltino, Cadilhe, Duarte Lima, Costa Freire, Silva Peneda, Braga de Macedo...
terça-feira, 7 de junho de 2011
Foi esta gente que o povo elegeu
Hoje vou-me atirar para fora de pé. Com a minha vincada tendência apolítica e eczema súbito sindical, não esperaria de mim própria ver-me aqui a redigir um manifesto a favor dos abastados.
Mas ontem, estando muito entretida a assistir à conferência de imprensa com o nosso novo PM (rapaz em quem depositei o meu voto de confiança, devo confessar), assisti à colocação de uma velha questão acerca do sistema de saúde em Portugal.
Perguntava um qualquer jornalista se iríamos assistir a alguma reforma no actual sistema das taxas moderadoras no sentido de as classes mais favorecidas pagarem mais pelos serviços de saúde.
Optando pela resposta politicamente correcta, Pedro Passos Coelho referiu que era cedo para avançar com respostas definitivas mas que lhe parecia justo onerar as classes mais favorecidas para poder assegurar o atendimento a quem menos pode.
Ora isto pode parecer justo num sistema democrático. Mas irrita-me. Primeiro porque as classes mais abastadas pagam uma percentagem de impostos alarvemente superior à das classes desfavorecidas, facto que, em si, já lhes deveria permitir entrar no Hospital de Santa Maria pela porta grande. Depois porque, não encontrando resposta no sistema nacional, vêem-se obrigadas a recorrer a seguros de saúde que obrigam a uma valente renda adicional mensal.
Na prática (digo eu do alto dos meus sapatos burgueses), as classes favorecidas só recorrem ao serviço público quando a coisa está tão preta e a emergência é tão grande que não lhes resta outra alternativa. E, se a assistência só é prestada em casos de vida ou morte, parece-me que o mínimo que o governo podia fazer era dar-lhes uma borla.
Mas isto digo eu que não percebo nada de política, mas que estou farta de pagar a crise.
(Francisca Prieto, Albergue Espanhol)
Parabéns ao novo físico na política
Aproveito para recordar que, ao contrário do que foi diversas vezes repetido por diferentes comentadores na noite eleitoral, a CDU não beneficiou do alargamento do número de deputados do círculo de Faro para eleger o Paulo Sá, que nesta eleição seria eleito com o número de deputados antigo.
O Bloco tem futuro?
Mas o problema do Bloco não é o programa, e nem sequer a ideologia explícita: é a estratégia. Pelo que julgo perceber, cada uma das diferentes facções que o constituem tem a sua: uma (minoritária), defende a aliança com o PCP; na direcção nacional, uma prefere a colaboração com o PS, enquanto outra quer que o BE substitua o PCP (e a terceira não sei). Posso não ter nada com isso, porque nunca tive partido. Mas sempre disse neste blogue que prefiro um governo de esquerda a um governo do PS sozinho. E, como muitos, pensei que o Bloco poderia desbloquear a esquerda. Por toda a Europa, dos Verdes alemães à Itália e à França, diversos pequenos partidos de esquerda conseguem colaborar com os socialistas locais sem que percam a honra ou o eleitorado. Mas são, ao contrário do BE, partidos unitários.
Admito que o ano da tróica seria o pior para o fazer, mas o BE poderia ter dito explicitamente que queria ser governo e acrescentado onde e como marcaria a diferença. É possível que o PS nunca o quisesse, o que a ser verdade deveria ser assumido de uma vez por todas pelo maior partido da esquerda. De qualquer modo, a próxima legislatura será terrível para o BE: o PCP dominará o protesto de rua, com os «seus» sindicatos e a sua experiência de manifes, e o PS denunciará a corrupção da direita e defenderá os serviços públicos. O espaço do BE será menor do que nunca, o que será mau para a esquerda como um todo, porque significa que um PS que nunca se esforçou por ocupar o espaço à sua esquerda só voltará ao governo ou com uma nova maioria absoluta episódica, ou em mais uma experiência minoritária e (portanto) precária.
José Sócrates, Primeiro Ministro (2005-2011)
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Não compreendo
Do que eu me posso recordar, o primeiro governo de maioria absoluta de Cavaco Silva empreendeu uma revisão constitucional que, entre outras coisas, permitiu abrir a economia portuguesa à iniciativa privada. A partir daí creio que se foi muito mais longe do que se deveria, tendo-se privatizado setores estratégicos de que o estado nunca deveria ter aberto mão. Mas reconheço que, provavelmente, naquela altura haveria um excesso de presença do mesmo Estado na economia. Embora lamente que se tenha ido tão longe, admito que alguma coisa teria que ser feita. Em particular na comunicação social: embora ache indispensável uma RTP pública, foi muito positivo aparecerem canais privados de televisão.
No governo de Cavaco Silva também se construíram infraestruturas. O tão maldito Centro Cultural de Belém faz hoje parte do património de Lisboa, mas falemos de vias de comunicação. Uma vez mais foi-se muito mais longe do que se deveria, e hoje somos (relativamente) o país com mais autoestradas da Europa, muitas delas desertas a maior parte do tempo, cuja manutenção custa um dinheirão e que, provavelmente, nunca deveriam ter sido construídas. Mas até 1991 as duas principais cidades do país não estavam ligadas por autoestrada. Era evidente uma necessidade de melhoria de infraestruturas, e o primeiro governo de maioria de Cavaco Silva teve esse mérito.
Finalmente, não sei precisar mas tenho ideia de que muitos idosos sem nenhum apoio ganharam uma pensão com este governo de Cavaco (ou viram-nas substancialmente aumentadas). Perdoem-me mas desconheço os pormenores. Mas tenho ideia de que há aqui mérito do governo.
Passámos de seguida para o último governo de Cavaco Silva. Não me recordo de nenhuma medida positiva deste governo que mereça entrar na história.
Reconstruir
As minhas contitas
domingo, 5 de junho de 2011
sábado, 4 de junho de 2011
Aquecimento global afecta produção agrícola mundial
Um trabalho científico publicado na revista Science de Maio analisa a produção agrícola mundial desde 1980 em função de vários factores, entre os quais o aumento de temperatura global registado nos últimos 30 anos decorrente da actividade humana. Entre os dez anos mais quentes até hoje registados, nove ocorreram entre 2001 e 2010. Dezembro de 2010 foi o 310omês consecutivo cuja temperatura ultrapassou a média de temperaturas do século XX. A última vez que um mês apresentou uma temperatura média inferior à do século XX foi o mês de Fevereiro de 1985. Esta tendência clara de aumento da temperatura média global reflectiu-se no trabalho publicado na Science. Nas principais regiões de cultivo registaram-se durante a época de crescimento da produção agrícola as variações da temperatura média expressas no mapa apresentado. Exceptuando as regiões agrícolas dos EUA e do Canadá onde se verifica um ligeiro arrefecimento, no resto do mundo registou-se um aumento até 3°C.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
O meu voto
Não espero muito deste meu voto. Espero que o PCP seja igual ao que sempre foi, e face ao governo que se adivinha eu quero oposição total (e nisso o PCP é bom). Por não esperar nada do PCP, não me apetece castigá-los tanto. Apetece-me castigar todos os partidos de esquerda: o PCP, pois claro, mas mais o Bloco. Pela sua indefinição ideológica, por num dia apoiar um candidato presidencial para no dia seguinte apresentar uma moção de censura: apetece-me castigar quem procede desta forma. Também me apetece castigar o PS, em quem votei nas últimas eleições, por me ter defraudado. E é isto. Muito negros tempos se adivinham; espero que, ao menos, nas próximas eleições legislativas, consiga votar com mais convicção.
À atenção do Ricardo Santos
Apesar do Tunes e do Serras Pereira
Ricardo Santos Em 2010, quando os comunistas do Porto alertavam para a diminuição de verbas do PIDDAC para o distrito, ninguém ligou muito. Hoje, o JN vai, e bem, buscar isto: "Estado deu cinco vezes mais a Lisboa do que ao Porto"
Filipe Moura O mesmo jornal, na capa, demonstra que é sobretudo graças ao distrito do Porto que a direita vai ter maioria absoluta. A tripeiragem não devia era receber dinheiro nenhum.
Ricardo Santos A direita terá maioria absoluta quer ganhe PS ou PSD.
Filipe Moura Não está agora em causa o apoiar-se o PS ou votar-se no PS. Está em causa distinguir entre quem quer manter uma escola pública, uma saúde pública, alguns (reconheço que muito poucos) setores estratégicos públicos... e quem quer privatizar tudo. Pelo menos distinguir entre o mau e o muito mau, e não simplesmente (para ti é tudo tão simples, não é?) achar que maus são "os outros", todos os que não estão connosco.
Filipe Moura Aqui em Braga é sempre difícil, pois não está garantida a eleição nem do candidato da CDU, nem no do Bloco. Estava sinceramente indeciso em quem havia de votar. Este teu singelo comentário acabou por me fazer definitivamente decidir. Sinceramente, obrigado.
Ricardo Santos Para mim é simples pegar em seis anos de PS no Governo e compará-los ao PSD. Depois verificamos que votaram lado a lado mais de 90% de tudo o passou pela AR. É daí que tiro a minha conclusão. A diferença entre nós, Filipe, é que tu contentas-te com o mal menor, eu quero o melhor.
Ricardo Santos bem, se era por isto que estavas indeciso podias ter dito há mais tempo que eu tirava-te a dúvida...
Filipe Moura Eu não me contento com o mal menor. Eu também quero o melhor, mas se queres melhorar as coisas não podes estar irredutível naquilo que consideras "o melhor". É matemático. É da teoria dos jogos.
Obrigado mais uma vez.
Ricardo Santos Irredutível? Quem? É mentira que as verbas do PIDDAC para o Porto sofreram um corte drástico? É mentira que no parlamento o PS e o PSD convergiram em mais de 90% das votações? Mas lamento ter-te ajudado a decidir votar no bloco. Não é que não faça sentido, que o bloco tb apoiou o Alegre, como o PS, aprovou a entrada do FMI na Grécia na AR, como o PS (and so on)
Filipe Moura Em política ter sempre razão não é o mais importante, Ricardo. O importante é os resultados concretos que se obtêm, as pontes e colaborações que se é capaz de criar. Admito que sim, que o PCP tem sempre razão. O grande problema do PCP é ess...e - o ter sempre razão e querer ter sempre razão. Em política tens que ser capaz de trabalhares com quem não tem razão. É por isso que, em democracia, o PCP não serve para nada. Só serve para me dizer "sim, temos razão." E daí?
Ricardo Santos Sim, Filipe, vota com o Tunes. Vai fazer a esquerda grande! http://agualisa6.blogs.sapo.pt/1837156.html
Apesar da Ana Cristina
Desconfio que o que a Ana Cristina não perdoa ao Sócrates é ele provavelmente não ler as suas crónicas no Expresso nem os livros que ela traduz. Mas o que eu acho ainda mais extraordinário é que, num blogue onde tanto se defende a liberdade individual, a autonomia, a cidadania e eoutros palavrões que tais, tão candidamente se afirme que “foi Sócrates que nos entregou à direita”. Não, não é a culpa do povo português que se quer entregar à direita; se nos vamos entregar à direita, é claro que “a culpa só pode ser do Sócrates”. De quem mais?
Já que falamos de entregar, sugiro à Ana Cristina que entregue a alguém a responsabilidade de lhe pagar a conta do gás, pois senão, além do texto (bem escrito e com graça) que acabei de lincar, ainda vamos ler que, se lho cortaram, “a culpa é do Sócrates”.
Reveladores “Cinco Para a Meia Noite”
Paulo Portas e Francisco Louçã aproveitaram a ocasião para fazerem um comício em direto: vivem da política; são dois animais políticos. Mas não creio que fosse essa a ideia do programa.
Incrível a forma como Paulo Portas impôs tratar o apresentador do programa por tu, e que o apresentador o tratasse por tu também. Parece que o tratamento por tu na Lapa é dado ao povo (e para a criadagem, já agora); o tratamento por você é reservado para quem realmente se estima, como a família (mesmo pais e filhos). é incrível como o apresentador (um tal de “boinas”) não confrontou Portas com esta suposição. É incrível como o apresentador, que naturalmente tendia a tratar Portas na terceira pessoa, aceitava ser sempre corrigido por este (“trata-me por tu!”) e nunca lhe respondeu dizendo-lhe a verdade: “desculpe, eu não o conheço de lado nenhum!”
Pedro Passos Coelho e Nilton estavam ótimos um para o outro: o homem que escolheu Fernando Nobre para cabeça de lista do PSD em Lisboa e o mandatário para a juventude do mesmo Nobre candidato a presidente. Uma autêntica tertúlia da direita não cavaquista: entrevistador e entrevistado revelaram uma grande empatia e falavam com grande naturalidade de idas ao ginásio e empregadas domésticas. Parece que é isto que o povo português quer, ou é com isto que o povo português sonha.
Aos líderes do PS e do PCP ficaram reservados os melhores apresentadores. Na entrevista a Fernando Alvim, Sócrates voltou a confirmar as suas qualidades enquanto político, mas mostrou as suas limitações para além disso. Isso foi patente na forma impressionada como falou de um Berlusconi que lhe dava recomendações sobre os fatos de dois e três botões, com a autoridade de quem “já tinha sido alfaiate”. Noutras circunstâncias, se por um completo acaso Sócrates tivesse nascido em Itália e fosse italiano, provavelmente deixar-se-ia (como a maioria dos italianos deixou) seduzir-se pelo Cavaliere. A falta de cultura política dá nisto. Não que Passos Coelho seja melhor.
Falta de cultura política também é provável que Jerónimo de Sousa tenha, mas compensa-a com uma genuinidade que nenhum dos outros candidatos tem. Jerónimo foi o único que não falou de política nenhuma e foi ao programa, muito bem conduzido por Filomena Cautela, falar de si próprio, sem fazer de si o centro do universo. É já um hábito, quase um lugar comum, dizer-se isso do líder comunista, mas esta entrevista confirmou-o mais uma vez.
Palpite final
- PSD: 34.9% (+/- 2%)
- PS: 30.1% (+/- 2%)
- CDS: 13.7% (+/- 1%)
- CDU: 8.2% (+/- 1%)
- BE: 6.1% (+/- 1%)
- OBN: 7% (+/- 1%)
quinta-feira, 2 de junho de 2011
A ideia de privatização da RTP
TVI
19:32 Morangos Com Açúcar VIII
20:00 Jornal das 8
21:25 Remédio Santo
22:30 Anjo Meu
23:20 Sedução
SIC
20:00 Jornal da Noite
21:30 Peso Pesado - Diários
22:25 Laços de Sangue
23:40 Araguaia
Não haja ilusões a grelha televisiva de quem comprar a RTP (muito provavelmente a preço de saldos) não vai fugir muito disto. Se entrarmos ainda em conta com a brilhante ideia de acabar com o Ministério da Cultura - em certos meios do PSD há quem queira extinguir o Ministério da Educação - a hercúlea tarefa de recuperação do nosso atraso educacional será ainda mais difícil.
Revista de blogues (2/6/2011)
- «Será que um ateu, que abomina o catolicismo e os seus hediondos crimes ao longo da História da Humanidade, devia ser obrigado a dar uma Aula de Substituição de Educação Moral e Religiosa Católica?Mais uma vez, aconteceu hoje. E era suposto eu dizer o quê durante a aula? Que abomino tudo aquilo que é o tema da disciplina? Que não acredito em nada do que o professor deles lhes disse ao longo do ano lectivo? Que aquela disciplina não faz qualquer sentido na Escola Pública de um Estado laico? Que estar ali é a mesma coisa que obrigar um médico a eutanasiar alguém ou a praticar um aborto contra a sua vontade? Que me recuso a dizer seja o que for por motivos de objecção de consciência?» (Ricardo Santos Pinto)
quarta-feira, 1 de junho de 2011
O que está em jogo no dia 6 de Junho
Revista de blogues (1/6/2011)
- «No sábado, 28 de Maio de 2011, um grupelho de infantes birrentos aproveitou-se duma situação que nunca devia ter existido (uma assembleia deliberativa a seguir a uma manifestação emocionalmente exaltada, que erro crasso!), e forçou a aprovação duma proposta de solidariedade internacional.A solidariedade internacional é uma causa justa, porque o opressor do meu vizinho e o opressor da minha terrinha natal são uma e a mesma coisa. Só há um problema: ao forçarem a aprovação desta declaração, os grupelhos dispararam uma bala que iria pôr a assembleia popular do Rossio num estado catatónico. Estava anunciada a sentença de morte da assembleia.No dia 29 de Maio de 2011, outro grupelho conseguiu desferir o golpe de misericórdia: trouxeram para a assembleia uma discussão estéril e idiota sobre consenso e unanimidade; arrastaram a discussão durante 4 horas, e transformaram-na num massacre desmobilizador, que reduziu a assembleia a cerca 140 pessoas, das quais apenas cerca de 70 votaram.Este grupelho é constituído sobretudo por jovens espanhóis apostados em impor uma agenda política importada de Espanha, que nada tem a ver com o sentimento local.Estes colonizadores de ideias são tão sectários, que, embora tentem impor um regime político baseado no «consenso», nem sequer conseguem entender que a palavra «consenso» deriva de «sentimento comum»; confundem «consenso» com debate colectivo e exercício democrático; dizem-se revolucionários mas apostam num regime de pensamento único (porque confundem pensamento lógico com sentimento); baralham «consenso» com «unanimidade» (que é um acidente casual no debate de ideias, excepto nos casos em que seja um golpe sistemático e fascistóide). Estes colonizadores vindos do neolítico da política conseguiram esmagar com uma força troglodita todo o entusiasmo inocente e esperançoso que deu origem a esta assembleia.Os grupelhos sectários de todos os tipos são meus inimigos políticos há 35 anos. Creio que chegou para mim o momento de abandonar esta assembleia esterilizada, imobilizada, reduzida ao pensamento único e à golpada sectária. Mas mesmo depois de eu sair desta assembleia com morte anunciada, eles permanecem meus inimigos figadais, continuam a ser alvos a abater sem dó nem piedade, em pé de igualdade com todas as correntes defensoras do pensamento único, da opressão, e do autoritarismo monolítico. Ganharam mais esta batalha. Parabéns. Mas eu sei que um dia serão definitivamente vencidos pelo progresso da consciência colectiva.» (Rui Viana Pereira)