sábado, 31 de maio de 2008
Educação
A situação é curiosa, porque agora é a própria direita que gostava que todos os ingleses nativos - por oposição aos imigrantes - estivessem em oposição de mandar, organizar, enfim, salvar o que eles acham que é a cultura genuinamente inglesa (e que em meu entender tem características excelentes, juntamente com os chauvinismos e os paroquialismos com que nós todos gostamos de gozar).
O mundo é assim. Os ricos não sabem o que querem e estão-se sempre a meter em aldrabices e esquemas cujo intuito é acumular riqueza. Depois, quando a estupidez e a ganância geram guerras, fomes, tumultos e poluição, arranjam propagandistas para nos dizerem que está tudo bem, nas rádios, televisões e revistas deles.
Só que agora começa a ser difícil 'fazerem a realidade' em que vivem. Os intelectuais TODOS do mundo avisaram, há 30 anos, que o neoliberalismo era uma doutrina criminosa e que um mundo sem classe média não tinha viabilidade. Chamaram-lhes neuróticos depressivos (por exemplo no Economist, todas as semanas) e 'explicaram-lhes' que o 'crescimento económico' era a única coisa que interessava porque depois, quando o planeta fosse riquíssimo, o dinheiro (essa abstração contabilística que são as somas dos cash-flows todos, das empresas todas, até daqui a 1000 anos, estimados hoje) dava para resolver os problemas todos.
E agora? Culpar os imigrantes e os muçulmanos não vai resolver o problema...
quinta-feira, 29 de maio de 2008
República do Nepal
As dificuldades de César
O último artigo de João César das Neves (JCN), já referido pelo Carlos, merece reflexão.
Devemos deixar de lado as graçolas pueris típicas da argumentação católica, como por exemplo «recusar Deus é uma crença como as outras» (como se a careca fosse um penteado, ou a saúde fosse uma doença), ou ainda jogos de linguagem como «uma obra supõe um autor» e «uma lei implica um legislador». Um artigo de fundo pressupõe palavras ordenadas, mas, como se vê, não pressupõe rigor nem honestidade intelectual.
Confrontemos as três «dificuldades» do ateísmo alegadas pelo nosso inefável JCN.
A primeira «dificuldade» seria que «a resposta ateia tem de ser que o acaso de milhões de anos conduziu de uma explosão ao sorriso da minha filha». Acontece que, como já foi dito dezenas de vezes, «acaso» é um termo errado para a evolução do universo. Se eu largar uma pedra no ar, ela não cai «por acaso». Cai porque a massa atrai massa. E se eu soltar uma raposa num galinheiro, a extinção das galinhas não é um acaso. É a satisfação de um apetite. É por mera economia de expressão que chamamos «leis» às regularidades do universo que conseguimos compreender. Porque nenhum «legislador» previu o extermínio das galinhas, nem o sorriso da filha de JCN. Mas se as antepassadas desta não sorrissem, mais dificilmente teriam garantido o afecto paterno e, portanto, a sobrevivência do seu património genético. Mas adiante.
A segunda dificuldade seria que «meros átomos de carbono, aglomerados em aminoácidos e evoluindo pela selecção natural» não poderiam «gritar que salário digno é valor universal». O salto de lógica (uma das mais genuínas tradições teológicas) destina-se a baralhar os leitores. Os átomos de carbono aglomeraram-se há muito, e há muito que alguns desses aglomerados descobriram estratégias de sobrevivência e de defesa do seu bem-estar. Primeira: a reprodução sexuada. Segunda: a vida em sociedade. Terceira: coligações de interesses em cada sociedade (sindicatos, por exemplo). Não olhar para os passos intermédios só é útil para quem tudo quer confundir. A realidade é mais fascinante, complexa e rica do que a versão mesquinha e dogmática que os teólogos nos querem vender.
Mas JCN toca, a este propósito, num ponto importante: «todos os humanos sentem em si uma ânsia de justiça e verdade, um sentido de bem e mal». Eu creio que exagera: estou convencido de que existe, em qualquer população humana suficientemente grande, uma percentagem de psicopatas (quase todos do sexo masculino), que só observam as regras sociais (quando o fazem...) por puro cinismo. Todos os outros humanos terão algum equilíbrio entre o seu sentido ético inato e os instintos que os levam a transgredi-lo. Mas JCN engana-se se pensa que os «valores comuns» caíram do céu aos trambolhões. A «ética universal» pode ser em parte inata (não praticar violência gratuitamente), e em parte consequência necessária da dinâmica de grupo (expulsar do grupo quem pratica crimes, por exemplo).
Finalmente, a terceira dificuldade seria que «para o ateu este universo, sem origem nem orientação, também não tem propósito». Sinceramente, sempre me pareceu de uma enorme falta de verticalidade precisar de uma muleta divina para discernir o «bem» do «mal». Sim, o universo, em si, não tem propósito ético. E depois? Continuamos a poder decidir, à escala humana, qual é o propósito das nossas vidas. A indiferença do universo é apenas o cenário sobre o qual o fazemos.
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Guerra é guerra...
terça-feira, 27 de maio de 2008
Mário Soares: «Pobreza e desigualdades»
- «(...) No entanto, no nosso canto europeu, deveremos fazer tudo o que pudermos, numa estratégia concertada e eficaz, para combater a pobreza - há muito a fazer, se houver vontade política para tanto - e também para reduzir drasticamente as desigualdades sociais. Até porque, como têm estado a demonstrar os países nórdicos - a Suécia, a Dinamarca, a Finlândia - as políticas sociais sérias estimulam o crescimento, contribuem para aumentar a produção e favorecem novos investimentos. Este é o objectivo geostratégico para o qual deveremos caminhar, se quisermos evitar convulsões e conflitos.
Depois de duas décadas de neoliberalismo, puro e duro - tão do agrado de tantos que se dizem socialistas, como desgraçadamente Blair - uma boa parte da Esquerda dita moderada e europeia parece não ter ainda compreendido que o neoliberalismo está esgotado e prestes a ser enterrado, na própria América, após as próximas eleições presidenciais. A globalização tem de ser, aliás, seriamente regulada, bem como o mercado, que deve passar a respeitar regras éticas, sociais e ambientais.
Em Portugal, permito-me sugerir ao PS - e aos seus responsáveis - que têm de fazer uma reflexão profunda sobre as questões que hoje nos afligem mais: a pobreza; as desigualdades sociais; o descontentamento das classes médias; e as questões prioritárias, com elas relacionadas, como: a saúde, a educação, o desemprego, a previdência social, o trabalho. Essas são questões verdadeiramente prioritárias, sobre as quais importa actuar com políticas eficazes, urgentes e bem compreensíveis para as populações. Ainda durante este ano crítico de 2008 e no seguinte, se não quiserem pôr em causa tudo o que fizeram, e bem, indiscutivelmente, para reduzir o deficit das contas públicas e tentar modernizar a sociedade. Urge, igualmente, fortalecer o Estado, para os tempos que aí vêm, e não entregar a riqueza aos privados. Não serão, seguramente, eles que irão lutar, seriamente, contra a pobreza e reduzir drasticamente as desigualdades.
Já uma vez, nestes últimos anos, escrevi e agora repito: "Quem vos avisa vosso amigo é." Há que avançar rapidamente - e com acerto - na resolução destas questões essenciais, que tanto afectam a maioria dos portugueses. Se o não fizerem, o PCP e o Bloco de Esquerda - e os seus lideres - continuarão a subir nas sondagens. (...)» (Diário de Notícias)
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Da bosta às multas
- «Os factos ocorreram em 8 de Outubro de 2002 quando a estudante foi levada juntamente com os colegas do primeiro ano para a quinta do Bonito, propriedade da escola, com o objectivo de apanharem nozes. A dada altura a queixosa atendeu o telemóvel o que tinha sido proibido pelos veteranos. E em consequência disso os arguidos combinaram aplicar-lhe um castigo pedindo a dois caloiros que besuntassem Ana Santos com bosta de porco. No mesmo dia na escola agrária o sétimo arguido ordenou que a caloira fizesse o pino e mergulhasse a cabeça dentro de um penico cheio com excrementos de vaca. (...) A pena mais elevada foi aplicada a Rui Coutinho, condenado em 1.600 euros de multa. A Lisbete Pereira foi aplicada a multa de 1.120 euros e José Vaz e Tiago Vieira e Sandra Silva foram condenados cada um ao pagamento de uma multa de 800 euros. Armando Simões tem que pagar 640 euros. Todos praticaram em co-autoria, segundo o tribunal, um crime de ofensas à integridade física qualificada. Tiago Figueiredo que não assistiu à leitura da sentença por razões de saúde foi condenado pelo crime de coacção na pena de multa de 1.400 euros.» (O Mirante)
«Isso nunca aconteceu»
Devo portanto concluir que os transportes de prisioneiros foram à revelia do Governo legítimo da lusa República?
sexta-feira, 23 de maio de 2008
É para torturar? -Pode passar!
- «De Julho de 2005 até Dezembro de 2007, passaram por Portugal 56 voos que seguiram caminho ou vinham da polémica base norte-americana de Guantánamo. (...) Tendo em conta os últimos voos dessa lista, datados de 28 de Dezembro de 2007, "a única conclusão possível é que subsiste a utilização do espaço aéreo português sem qualquer tipo de controlo"» (Jornal de Notícias)
- «(...) o Governo garante nos documentos não ter "qualquer informação" sobre os ditos voos, por serem militares. Mas há quem garanta - como fez o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Freitas do Amaral na Assembleia, em Dezembro de 2005 - que qualquer voo militar que passe por espaço aéreo português tem que ter uma autorização do Ministério dos Negócios Estrangeiros ou do Ministério da Defesa, com a caracterização do que transporta.» (idem)
Portugal, sociedade sul-americana?
- «Portugal foi hoje apontado em Bruxelas como o Estado-membro com maior disparidade na repartição dos rendimentos, ultrapassando mesmo os Estados Unidos nos indicadores de desigualdade. (...) Os indicadores de distribuição dos rendimentos mostram que os países mais igualitários na distribuição dos rendimentos são os nórdicos, nomeadamente a Suécia e Dinamarca.» (Público)
terça-feira, 20 de maio de 2008
Kennedy queria ser uma bola de Berlim
Einstein
Os protestantes adoram citar físicos que usaram a palavra "deus" como uma metáfora para designar o universo e deduzir que eles eram todos religiosos. A realidade, como se sabe, é bem diferente. a julgar pelas opiniões dos intelectuais mais influentes dos últinos dois milénios, tudo indica que a religião é, como dizia Bertrand Russel, uma coisa da infância da inteligência.
A carta de Einstein, cujo conteudo ainda não consegui encontrar na internet diz, segundo o "El Pais"de hoje:
(...) "La palabra Dios, para mí, no es más que la expresión y el producto de las debilidades humanas, y la Biblia una colección de leyendas dignas pero primitivas que son bastante infantiles. Ninguna interpretación, por sutil que sea, puede cambiar eso (para mí). Tales interpretaciones sutiles son muy variadas en naturaleza, y no tienen prácticamente nada que ver con el texto original. Para mí, la religión judía, como todas las demás religiones, es una encarnación de las supersticiones más infantiles. Y el pueblo judío, al que me alegro de pertenecer y con cuya mentalidad tengo una profunda afinidad, no tiene ninguna cualidad diferente, para mí, a las de los demás pueblos. Según mi experiencia, no son mejores que otros grupos humanos, si bien están protegidos de los peores cánceres porque no poseen ningún poder. Aparte de eso, no puedo ver que tengan nada de escogidos.
Me duele que usted reivindique una posición de privilegio y trate de defenderla con dos muros de orgullo, uno externo, como hombre, y otro interno, como judío. Como hombre reivindica, por así decir, estar exento de una causalidad que por lo demás acepta, y como judío, el privilegio del monoteísmo. Pero una causalidad limitada deja de ser causalidad, como nuestro maravilloso Spinoza reconoció de manera incisiva, seguramente antes que nadie. Y las interpretaciones animistas de las religiones de la naturaleza no están, en principio, anuladas por la monopolización. Con semejantes muros sólo podemos alcanzar a engañarnos (...) a nosotros mismos, pero nuestros esfuerzos morales no salen beneficiados. Al contrario (...)".
:o)sábado, 17 de maio de 2008
A China
Mas uma vez criadas, estas empresas deixam de ser americanas e passam a ser "globais" como se diz agora. Vale a pena ler o artigo de Naomi Klein na Rolling Stone.
40 anos depois
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Da tentativa de monopólio económico à guerra de poder
quinta-feira, 15 de maio de 2008
A derrota do «neoliberalismo de esquerda»
- «(...) De Ségolène Royal à Romano Prodi, de Walter Veltroni en passant par Dominique Strauss-Kahn, de Gordon Brown à Pierre Moscovici, tout ce beau monde vogue allègrement sur un bateau ivre sans gouvernail. L’échouage était prévisible : il a eu lieu.
Mais de quoi s’agit-il ? D’une défaite de la gauche ou d’une victoire d’une droite « décomplexée » comme l’affirment la plupart des commentateurs médiatiques ? Pour justifier cette hypothèse, ils s’appuient sur le « vieillissement » de la population européenne, sur son besoin de sécurité, sur la peur des étrangers, et que sais-je encore. Cette sociologie de cuisine permet, en fait, de ne pas chercher les raisons politiques d’une défaite… politique.
La réalité est autre et d’une certaine manière, hélas, plus simple : les années 2000 ont été marquées par la paupérisation des classes pauvres et moyennes en Europe occidentale, en particulier depuis le passage à l’Euro pour l’Italie et la France. D’après des économistes objectifs, les ménages italiens et britanniques vivent dans un tel état de surendettement qu’ils devraient être déclarés en faillite. Le niveau de vie de la classe moyenne recule de 2 à 4 % par an dans la péninsule. Quant aux Britanniques, la pauvreté commence à avoir des conséquences sur la nutrition des enfants dans certaines villes du nord de l’Angleterre et du Pays de Galles. Et nous n’aborderons pas ici le reste du paysage social, c’est-à-dire l’éducation publique, la santé ou les infrastructures en ruine depuis bien des années.
Cette situation catastrophique est le résultat des politiques libérales menées depuis une vingtaine d’années. Or, cette tendance s’est accentuée depuis peu, en particulier sous la gouvernance de Prodi en Italie, de Tony Blair et Gordon Brown au Royaume-Uni. Vaches maigres pour les pauvres et soutien indéfectible aux riches, le dernier exemple en date étant la transformation en obligation d’état des « crédits pourris » des banques anglaises. Au mépris d’ailleurs de toutes les règles du fameux « marché », les contribuables britanniques vont devoir assumer les pertes des banques pour la modique somme de 65 milliards d’euros. C’est une politique de collectivisation… mais seulement pour les pertes des banques !
Non, Gordon Brown ou Walter Veltroni ne sont pas des sociaux-démocrates mais des fidèles exécutants des politiques libérales, qui deviennent de jour en jour plus agressives pour les citoyens modestes. (...)» (Gauche Républicaine)
Obama recebe apoio de Edwards
- «Barack Obama recebeu ontem o apoio do seu antigo rival na corrida à Casa Branca, John Edwards, uma ajuda bem recebida depois da derrota sofrida terça-feira na Virgínia Ocidental frente a Hillary Clinton. “Existe um homem que sabe e compreende que chegou a altura para uma gestão audaz do país. Existe um homem que sabe como gerir a mudança, a mudança sustentável que é preciso fazer a partir da base. Existe um homem que sabe no seu coração que chegou o momento de criar uma América e não duas. E esse homem é Barack Obama”, disse Edwards em Grand Rapids, Michigan, ao lado do candidato.» (Público)
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Einstein sobre religião
- «"The word god is for me nothing more than the expression and product of human weaknesses, the Bible a collection of honourable, but still primitive legends which are nevertheless pretty childish. No interpretation no matter how subtle can (for me) change this."» (The Guardian)
- «"For me the Jewish religion like all others is an incarnation of the most childish superstitions. And the Jewish people to whom I gladly belong and with whose mentality I have a deep affinity have no different quality for me than all other people. As far as my experience goes, they are no better than other human groups, although they are protected from the worst cancers by a lack of power. Otherwise I cannot see anything 'chosen' about them."» (idem)
Expelled
O cónego Melo
Parece impossível imaginar uma organização que apregoa o Novo Testamento e quer fazer uma estátua ao cónego Melo, apoia os regimes mais injustos do planeta, nunca perde uma oportunidade para instigar o ódio dos simples a minorias como os homossexuais ou as mães desesperadas que recorrem ao aborto, ou que protege sem a mais pequena réstia de vergonha (pelo menos) 5.000 dos seus funcionários acusados de crimes de pedofilia, pelo menos até perceber que essa protecção lhe custou já centenas de milhões de dólares de indemnizações em tribunais seculares.
Mas essa organização existe. Há 1500 anos. À medida que a iliteracia recua no mundo os fiéis vão-lhe escasseando, mas a hierarquia vai-se apoiando nas oligarquias, funcionando como uma máfia onde a aristocracia europeia trafica influência e poder à escala planetária.
A estátua ao cónego Melo pode parecer chocante, considerando que se trata de um homem suspeito de envolvimento numa organização terrorista. Mas comparada com as estátuas dos Borgias, dos papas Pio IX e XII, ou dos cardeais nazis da Europa central não é nada de novo. :o)
Aos "terroristas" terrorismo
Finalmente parece que a Inglaterra vai investigar pelo menos algumas das alegadas brutalidades cometidas pelo exército no Iraque. Para já as barbaridades possivelmente cometidas em Basra em 2003, e a tortura, mutilação e execução sumária de prisioneiros de guerra em Abu Naji, em 2004.
É sempre horrível quando se abre uma brecha numa instituição e o público consegue entrever os crimes horríveis que os estados cometem contra os cidadãos de outros países (ou dos seus próprios). Infelizmente a maioria das pessoas prefere não saber os riscos que corre e confiar nas polícias e nos exércitos com respeito patriótico e uma confiança absolutamente infantil nos políticos que as dirigem e nos oligarcas que mandam nos políticos.
A maioria dos europeus tem visto as brutalidades mais horríveis acontecerem aos outros, aos pobres dos países pobres, geralmente com peles, olhos e cabelos de cores diferentes das delas.
Mas um dia...
O ódio como cola social
Israel, o anacrónico «Estado étnico»
- «"A experiência de a nossa pátria nos ter sido tirada, na realidade roubada, pela ideia de um projecto sionista, e ainda mais grave, de nos dizerem que esta nem sequer é a nossa terra, é uma das mais duras experiências humanas", acentua o palestiniano de cidadania israelita (...) "Quando os palestinianos vêem que os refugiados vivem em condições miseráveis no Líbano e na Jordânia, e em Gaza e na Cisjordânia, e não podem regressar às suas terras e propriedades e que, ao mesmo tempo, qualquer judeu em qualquer parte do mundo que deseje viver no lugar deles pode fazê-lo, é muito difícil de evitar um profundo sentimento de injustiça e o desejo de o rectificar." (...) "Um Estado palestiniano na Cisjordânia (incluindo Jerusalém Oriental) e em Gaza, embora uma solução imperfeita, vinha a ser defendido pelos palestinianos desde meados dos 1970. Mas essa solução tornou-se quase impossível: Israel não pode e não vai desmantelar os seus gigantescos colonatos na Cisjordânia, não vai retirar-se da maioria de Jerusalém Leste ocupada, não permitirá que os refugiados regressem e não irá conceder igualdade aos seus cidadãos palestinianos". Sendo assim, prossegue, "a solução de dois estados, tal como é concebida por Israel, só irá perpetuar o conflito, porque não soluciona nenhuma das grandes questões: colonatos, refugiados, Jerusalém e fronteiras. Uma paz verdadeira vai precisar que Israel enfrente a sua história de despojamento dos palestinianos, de se ter apoderado da terra e de os ter expulsado, dos crimes da ocupação, etc. Isso também vai exigir o regresso a um Estado baseado na igualdade entre israelitas e palestinianos. Isso parece possível só com a solução de um Estado único - não será fácil de conseguir e vai ser necessário mudar os parâmetros do conflito".» (Público)
O povo disse «não» ao cónego Melo
Um Presidente sectário
Enfim, depois de uma ida à Madeira onde nem sequer foi recebido na Assembleia regional (e onde distinguiu «portugueses» de «madeirenses»), Cavaco parece decidido a tornar-se o presidente de uma facção. Estreita.
Geração sem direitos
- «O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou hoje a direita portuguesa, onde incluiu o PS, de estar a tentar criar a "geração sem direitos", renovando as críticas ao Código do Trabalho. (...) Entre as razões para a oposição dos comunistas às propostas do executivo de maioria socialista para rever o Código de Trabalho está a possibilidade da "inaptidão ou "inadaptação" poder ser considerada uma justificação para o despedimento, apontou. "Esta proposta colide frontalmente com o que está instituído na nossa Constituição", declarou, recordando que a Lei Fundamental estabelece o "direito à segurança no emprego".» (Lusa)
terça-feira, 13 de maio de 2008
Que continue o regabofe
- «O Jornal de Angola (JA) diz que "chegou a hora de dizer basta" ao que qualifica como "os mais baixos ataques ao país" e aos seus dirigentes políticos. O aviso consta de um texto disponível na edição on-line do jornal, e assinado pelo director do periódico estatal, para quem "Lisboa continua, infelizmente, a ser o centro das conspirações contra Angola". Este não é o único artigo a visar os portugueses - num texto não assinado, no mesmo jornal, diz-se que "se o regabofe continua" serão publicadas "listas com os nomes dos quadrilheiros portugueses, que foram capturadas no bunker de Jonas Savimbi [o antigo líder da UNITA, morto em 2002]".» (Diário de Notícias)
Jornalistas decentes
Porque será que a maioria dos texanos só vêem e ouvem os anormais da FOX? Como dizia um amigo meu, é como se lhes dessem a escolher entre a filarmónica de Berlim e um polícia a trautear, e eles escolhessem sempre o polícia.
Isto é o público do Jerry Springer, da Paula Zahn, da Madona, do O'Reilly e da Anne Couter.
Mais de 80% dos americanos...
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Estátua ao cónego Melo?
Fundamentos de um estado religioso...
Mas para quem acredita em Deus a brutalidade tem uma justificação muito mais séria e que não se discute:
Moses became angry with the officers of the army, the commanders of thousands and the commanders of hundreds, who had come from service in the war. Moses said to them: "Have you allowed all the women to live? These women here, on Balaam's advice, made the Israelites act treacherously against the LORD in the affair of Peor, so that the plague came among the congregation of the LORD. Now therefore, kill every male among the little ones, and kill every woman who has known a man by sleeping with him. But all the young girls who have not known a man by sleeping with him, keep alive for yourselves."
Deus inspirou estas palavras sábias a Moisés: matá-los a todos, mas as jovens virgens podiam ser poupadas e escravizadas. Não foram os padres católicos que inventaram a pedofilia.
Israel
Como se depois de viverem em guetos e campos de refugiados há mais meio século, humilhados, desumanizados e impotentes, desprezados pelos árabes e abusados e roubados pela oligarquia corrupta e violenta que sucedeu ao multimilionário Arafat, um criminoso calculista e frio que os representou durante quase 50 anos, fosse possível pedir-lhes que se portassem como gentlemen dum filme inglês."
Sessenta anos depois, a extrema direita religiosa está no poder e não quer compromissos com árabes, nem com niguém. A política extremista de ocupação e perseguição dos árabes - os habitantes de Israel - é horrível, desumana e inacreditavelmente racista.
Se há no planeta um argumento indisputável contra a religião, esse argumento é o estado religioso de Israel, onde os preceitos bíblicos impõem a lógica da vingança, da violência e do medo supersticioso dos outros.
O único fim possível para um país cujos políticos acreditam na máxima "olho por olho, dente por dente" é que os seus cidadãos sejam todos cegos e desdentados.
Enquanto as tropas humilham, insultam e matam os palestinianos, a Europa fecha os olhos, a Inglaterra e os EUA apoiam as brutalidades com entusiasmo, e as oligarquias árabes, mas ricas do que nunca com o barril a 120 dólares, estão-se completamente nas tintas. Como se os palestinianos não fossem seres humanos.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Israel faz sessenta anos
Pergunta um religioso (laicista)
- «Porque é que a Antena 1 e a RDP Internacional, sendo rádios públicas, propriedade de um Estado que se pretende laico (i.e., equidistante e imparcial em relação às confissões religiosas) apenas concedem tempo de emissão à Igreja Católica (a eucaristia, todos os domingos às 8h00)? Qual o motivo para discriminar as outras confissões?» (Povo de Bahá)
E tem razão na pergunta.
Uma verdade inconveniente
- «O Banco Espírito Santo (BES) reagiu antes mesmo do Governo de Angola. Demarcou-se do músico irlandês Bob Geldof e criticou-o por este ter dito, num seminário organizado pelo próprio banco e o jornal "Expresso", na terça-feira, que Angola era "gerida por criminosos". Mas isso não poupou a instituição com importantes interesses económicos em Angola de ser criticado na edição de ontem do "Jornal de Angola" por convidar Geldof, o músico responsável pelo Live Aid (1985) e pelo Live 8 (2005) para o evento. Em Lisboa, num comunicado, a Embaixada angolana repudiou as afirmações de Geldof e evocou a possibilidade de processar o músico. Ontem, fonte daquela embaixada disse ao PÚBLICO que continuavam "em estudo" as "medidas legais (...) apropriadas" para "repor a verdade dos factos".» (Público)
Homofobia no armário
E talvez recordar aqui o Reischmarshall Hermann Goering e perguntar: "gay or straight?"
Mas acima de tudo, vale a pena dar uma vista de olhos pelos websites indicados aqui em baixo, sobre os pregadores evangélicos e os políticos republicanos mais abertamente homofóbicos e depois concluir sobre a plausibilidade do estudo indicado aqui em baixo pelo Ricardo.
http://www.badmouth.net/top-five-republican-gay-sex-scandals/ (o Ted Haggard é o mesmo do documentário do Dawkins);
http://dkosopedia.com/wiki/Republican_Sex_Scandals
http://www.crooksandliars.com/
http://www.conservativesexscandals.com/
Raspa-se um machão homofóbico e por baixo está quase sempre uma bicha doida à espera de ser agarrada. :o)
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Hesitações
- «A ministra da Saúde lamentou, esta quarta-feira, pessoalmente a decisão da ADSE de celebrar um protocolo com o Hospital da Luz (privado) para prestação de serviços de saúde aos funcionários públicos, sublinhando que se trata de uma "oportunidade perdida". (...) Para a ministra, este protocolo é uma "oportunidade perdida" para se investir no sector público, referindo que esta é uma questão a colocar ao ministro das Finanças, responsável pela Direcção Geral de Protecção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública (ADSE).» (TSF; Público)
Afinal, em que ficamos? Um Governo, duas políticas? Quando será que o Governo decide a hesitação entre o serviço público e os lucros privados?
terça-feira, 6 de maio de 2008
Deve ser isto a «ditadura do politicamente correcto»
- «"Fui alvo de ameaça por um grupo de extrema-direita". A declaração foi ontem feita no Tribunal de Monsanto pelo humorista dos 'Gato Fedorento' Ricardo Araújo Pereira, que foi ouvido enquanto testemunha de acusação no processo que opõe Ministério Público e 36 skinheads por crimes de discriminação racial. (...) O humorista disse mesmo que se viu obrigado a "mudar de vida", tendo na altura ficado "muito preocupado ao ver o nome da filha de três anos" no sítio na Net. Ricardo Araújo Pereira contou que teve que mudar de casa, que se viu na obrigação de mudar a filha de colégio. E lamentou que por causa das ameaças tivesse que deixar de acompanhar a filha ao novo colégio.» (Diário de Notícias)
É evidente que os «cabeças rapadas» são as vítimas nesta estória. Eles, coitados, só querem poder ameaçar as pessoas livremente, sem medo. Eventualmente espancar uma ou outra pessoa. E não os deixam. Vivemos mesmo numa «ditadura do politicamente correcto».
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Repulsa democrática
- «"Tenho o dever cívico de vos manifestar profunda indignação pela atitude do PS .,na 6ª feira, na Assembleia da República, a propósito do voto de pesar ao cónego Melo. Mesmo que ela tenha ocorrido após a vergonha da homenagem do seu Presidente ao Dr. A. J. Jardim: temos o direito - e o dever - de não nos habituarmos! É que Melo agiu, em 1974/75, activamente e por meios terroristas contra a democracia que dava os primeiros passos: os comunistas eram as primeiras vítimas, mas o objectivo era a própria Democracia. Por isso é que é intolerável que na hora da provocação, o PS encontre um qualquer alibi para não se pôr do outro lado da barreira. A vossa abstenção é uma traição à Democracia !Digo-vo-lo com a responsabilidade de vos ter precedido na representação popular no Parlamento. E de ser filho de um Homem que também vos precedeu, Victor de Sá, como outros perseguido durante a luta contra o fascismo, que se viu obrigado a fugir de casa, em Braga, nesse "verão quente" para não ser abatido pela camarilha do cónego que deixastes que o Parlamento homenageasse como um democrata. É pelo respeito que os nossos mortos nos devem merecer, aqueles que lutaram para que Portugal vivesse em liberdade, que vos manifesto a repulsa democrática por essa indignidade que alguns de vós personificastes. Não vos queixeis do divórcio do Povo!"» (Victor Louro, via Puxa Palavra.)
A Fortaleza Europa destrói as pontes levadiças
- «As políticas defendidas por Sarkozy e Berlusconi ameaçam tornar-se lei na Europa, se os 27 aprovarem na quarta-feira a Directiva de Regresso, que pretende harmonizar as leis de imigração para facilitar as expulsões dos sem-papéis, calculados em 8 milhões na União Europeia. Bruxelas recebe nesse dia o protesto de várias ONG contra o aumento das políticas repressivas contra os imigrantes.» (Esquerda.Net)
Ironia básica, mas...
Eu sei que isto é uma ironia um bocado básica, mas dizem-me que a revista Atlântico, o bastião do neoliberalismo em Portugal, fechou por falta de subsídios!! Ohohoh!! Será verdade?
O que farão os doutores arrojas todos se não houver em Portugal mercado para as tolices do neoliberalismo? Uma revolução armada, como no Chile?
Há uns anos vi o Fukuyama na televisão, um bocado envergonhado entre os amigos neo-cons, a desculpar-se, que não era bem isto que ele queria dizer quando escreveu o livro e se associou ao Kristol e ao Perle e ao Wolfowitz... que ele era "marxista" no sentido em que acreditava que a democracia e o capitalismo selvagem iam triunfar por si próprios, e que Kristol e os amigos eram "leninistas" no sentido em que achavam que se fosse preciso impor a democracia e o capitalismo selvagem pela força, os fins justificavam os meios.
E este é o dilema dos devotos da fé neoliberal: se se informa as pessoas e se lhes dá liberdade de escolha elas votam nos partidos que preconizam uma distribuição da riqueza mais justa.
Os PPs, os PPDs e os P"S"s desaparecem, toram-se partidos de snobs e de velhinhas, associações de malfeitores muito mais pequenas e mais concentradas do que são hoje.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Parlamento democrático homenageia fascista
- «O Parlamento aprovou hoje um voto de pesar pela morte do Cónego Melo, com os votos favoráveis do CDS-PP e do PSD, a abstenção da maioria dos deputados socialistas e o voto contra do PCP, BE e PEV. Apesar da abstenção do grupo parlamentar socialista, as deputadas Matilde Sousa Franco, Rosário Carneiro, Teresa Venda e o deputado Ricardo Gonçalves não acompanharam o sentido de voto da bancada, tendo votado favoravelmente o voto de pesar apresentado pelo CDS-PP. No final da leitura do voto, e no momento imediatamente anterior a ser feito um minuto de silêncio, muitos deputados socialistas, como Vitalino Canas, Manuel Alegre, João Soares ou Vítor Ramalho, saíram da sala do plenário da Assembleia da República. Todos os deputados do BE abandonaram igualmente o plenário, tal como alguns deputados do PSD, como Emídio Guerreiro e Miguel Macedo, não tendo, assim, participado no minuto de silêncio.» (Sol)
APAN
Achei que a fotografia do sózia do Jack Abramoff sobre a notícia do programa "Media Smart" vem absolutamente a propósito.
Também gostei da expressão "marketing responsável", que evoca frases como "marketing responsável por transformar crianças normais em consumidoraras compulsivas, eternamente infelizes", ou "marketing responsável pelo rebaixamento generalizado do nível da discussão política", ou "marketing responsável por banalizar os desvios e as perversões mais repugnantes, por exemplo, no que diz respeito à violência e à forma como as mulheres são usadas".
Infelizmente o meu computador não deixou abrir os mil e um pop-ups, cookies e outros alçapões e armadilhas que se accionam automáticamente quando se entra no website deles.
Quando penso em publicistas lembro-me sempre de um show do comediante Bill Hicks em que ele entrou no palco e perguntou: "Há algum publicista hoje na audiência?" "Yyyeeeeehhhhh!!" respondeu a turba em aplausos. Levantaram-se uns tantos, todos contentes, com os braços no ar. "Vão para casa, comprem uma corda e enforquem-se!" Risos e aplausos. "Não estou a brincar". Silêncio. "Por favor: vão para casa, comprem uma corda e enforquem-se. Ajudem-nos a livrar o mundo dos vossos egos febris. Façam-nos esse favor: vão para casa, comprem uma corda e enforquem-se. Não há racionalização possível para o que vocês fazem. Vocês são demónios postos na Terra para baixar o nível. Por favor, matem-se."
:o)
quinta-feira, 1 de maio de 2008
Código do Trabalho
- «A apresentação pelo Governo de um conjunto de propostas de alteração do Código de Trabalho, em articulação com a alteração da legislação laboral na Administração Pública, tornou imprescindível a apresentação de uma moção de censura que agora anunciamos. (...) Trata-se de facilitar os despedimentos individuais, tornando precários todos os trabalhadores e aumentando a fragilidade dos que já o são. Trata-se de desregulamentar ainda mais o horário de trabalho colocando a arbitrariedade patronal a decidir. (...) Trata-se de tentar liquidar a contratação colectiva pela caducidade, questionando direitos conquistados durante anos. (...) Estamos certos de que esta moção de censura corresponde ao mais profundo sentimento da maioria do povo português.» (PCP)