«O problema do Bloco nas sondagens não começou com o apoio a Manuel Alegre, nem com a moção de censura, nem com a falta à reunião da troika, nem com os possíveis ziguezagues entre uma coisa e outra.
Pedro Magalhães, politólogo e especialista em sondagens, publicou no seu blogue um gráfico no qual as intenções de voto no BE caem quando a campanha de Manuel Alegre começa a correr mal. Mas antes dessa descida o BE tinha também subido com Manuel Alegre, voltando a ser o terceiro maior partido em intenções de voto. O efeito, antes e depois, parece uma pequena montanha num vale não muito profundo. Cujo declive tinha começado no segundo de 2009. Foi aí que parou a imparável tendência de crescimento do BE.
Com efeito, o BE passou grande parte de 2009 numa cordilheira, sendo o terceiro partido mais votado, tendo resultados quase sempre acima dos dez por cento, chegando até a passar dos quinze. Durante talvez um semestre os inquiridos pareciam querer fazer do BE a grande surpresa política do país. Mas houve um momento, talvez um pouco antes das penúltimas legislativas, e certamente logo após estas, em que se percebeu que o BE não ia contar para a mudança — talvez compreensível — e que parecia contentar-se com isso — menos compreensível.
Semanas depois, o BE teve um péssimo resultado em Lisboa, onde tudo começara. A sua base precursora estava a tentar dizer-lhe algo.
[...]
Chegados aqui, o debate sobre o BE é crucial para toda a esquerda portuguesa. A grande esperança de dinamização nela representada pelo BE entra agora no troço mais difícil do seu caminho, e já há encruzilhadas à vista.
A primeira diz respeito ao tipo de debate que o BE quer fazer sobre si mesmo, escolha para a qual os seus militantes são inteiramente soberanos, mas que será vista com atenção por todos os portugueses de esquerda. [...]»
Vale a pena ler o texto todo, e reflectir sobre este assunto.
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