Quem apoiou ingenuamente Fernando Nobre, enganado por um discurso anti-partidos, pretensamente não ideológico, e fechou os olhos à incoerência e arrogância do personagem, tem agora que retirar as sua conclusões. O homem que supostamente representava a esquerda moderada não alegrista é candidato pelo PSD. O mesmo que há menos de três semanas garantia não ir apoiar qualquer partido (perdão, há uma semana atrás) vai liderar a lista de um partido em Lisboa. Aquele que após a presidencial dizia não ir formar um partido político vai alinhar por um. O que não andava atrás de cargos quer ser Presidente da Assembleia da República. E dá calafrios compreender que Passos Coelho embarca nisso: ou está louco ou inconsciente.
É um episódio que entra directo para a antologia do oportunismo político (de ambos os envolvidos, entenda-se). Mas quem ainda não tinha entendido quem é o verdadeiro Fernando Nobre deixou de ter desculpa. E Passos Coelho passa uma imagem de desespero, o que é surpreendente.
7 comentários :
Parece-me que Passos Coelho será eleitoralmente beneficiado por esta decisão.
Com pena minha, claro. É - sem dúvida - uma decisão pouco séria por ambas as partes.
Beneficiado?!
Acho que até perderá votos...
concordo com o ricardo. vai sair pela culatra...
Não deixa de ser divertido ver um apoiante de Manuel Alegre a acusar os outros de serem incoerentes e arrogantes.
"Diz o roto ao nu, porque não te vestes tu?"
P.S. Não apoiei Fernando Nobre nem votei nele.
Manuel Alegre nunca foi incoerente. Foi sempre coerente com as suas ideias, mais à esquerda do que as do PS de Sócrates. E por elas se bateu, na primeira candidatura presidencial e no MIC. Não andou a saltitar de poça em poça, como faz Nobre...
Concordo que pode sair pela culatra. Sou um potencial votante no PSD, é o partido em que votei mais vezes e neste momento acho que a grande prioridade do pais deveria ser tirar Socrates do poder. Ainda que pessoalmente tenha grandes reservas sobre a qualidade do actual lider do PSD e putativo candidatato a PM, irrita-me essa sportinguização "roquettista" do país de dizer que não há alternativa, esse discurso do "nós ou o caos" na boca dos principais responsáveis do caos (como no Sporting) deixa-me arrepiado. Neste momento, achava que estava por tudo (ou quase, o meu desespero nunca chegaria para votar Luis Filipe Menezes...) e que votaria sempre no PSD.
No entanto, esta noticia choca-me por várias razões. Primeiro, porque acho que Fernando Nobre, sendo boa pessoa e bem intencionado, caminha para a senilidade. Não vale votos de per si, a sua expressão eleitoral nas presidenciais não é exportável para as legislativas, a maior parte das pessoas que nele votaram teriam votado noutro qualquer senhor simpatico e bem intencionado. Que PPC não perceba isso e queira fazer dele bandeira eleitoral revela oportunismo, demagogia e falta de inteligência.
Depois, porque não gosto desta instrumentalização eleitoral do cargo de Presidente da AR. Já não bastava a institucionalização dos “candidatos a PM” não reflectida na Constituição, agora vai começar a moda do candidato a Presidente da AR como bandeira eleitoral. Aposto que o PS qualquer dia também arranja um.
Por último, e o maior motivo pelo qual a noticia me choca, convidar para hipotético Presidente da AR uma pessoa que nunca foi deputado, revela um profundo desprezo pelo Parlamento. O Presidente da AR não é um cargo honorifico. É quem dirige os trabalhos do Parlamento. Tem de ser alguém com vasta experiencia parlamentar. Tem de conhecer profundamente o regimento do AR (será que Nobre sabe que esse livrinho cheio de regras miudinhas existe?) Tem de ser alguém as quem os lideres parlamentares respeitem e considerem, a quem reconheçam sensatez, ponderação e capacidade para dirimir os constantes incidentes da actividade parlamentar. Fernando Nobre não tem claramente capacidade para esse trabalho.
Apesar de já ter dito a várias pessoas que votaria num porco como líder do PSD contra Sócrates, isto veio abalar a minha certeza de voto no PSD.
Ricardos:
Tendo em conta a leitura - correcta - que tem sido feita desta decisão, passei a acreditar que têm razão. Isto será mais prejudicial que benéfico a Pedro Passos Coelho.
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