terça-feira, 30 de setembro de 2008

Obviamente

O reitor da universidade católica (privada) defende que as propinas deveriam aumentar no ensino superior (público).

Pois claro. O negócio dele andaria melhor se o preço «ao cliente» do ensino público fosse igual ao do ensino privado. Vai daí, diz-nos com toda a honestidade o que quer: que as propinas dos outros aumentem. E pode fazê-lo, porque realmente as propinas do ensino público são assunto público, e as do ensino privado são assunto privado. Acontece que a educação ainda é um direito (público). E desde 1995 que o investimento das famílias tem aumentado, enquanto o do Estado tem diminuído. A continuar assim, no futuro poder-se-á privatizar o ensino superior público (espera aí, as universidades não passaram a fundações?). Sempre é mais um negócio para a iniciativa privada, essa pobrezinha.

Escritores por Palin

Não sei se alguém se lembrou de procurar.

Mas há. Aqui há de tudo: Judeus por Jesus, Cristãos por Israel, Gays republicanos (onde vale a pena ler o 'posting de Agosto passado: "Good News About the Economy")... um sonho! :o)

De certeza que Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins apoiam Palin. E não se pode dizer que estes dois heróis do Armagedão não sejam escritores de sucesso.

E os autores do livro (texano) extraordinário "Of Pandas and People" (que eu todas as semanas tiro da prateleira "Ciência" e meto na prateleira "Religião" aqui na Barnes and Noble local, pelo prazer de os ver meter piamente os livros outra vez na prateleira da "Ciência").

Sabemos que Palin acredita em tudo o que vem na Bíblia e garante que viu fotografias de pegadas humanas junto com pegadas de dinossauros.

Escritores por McCain

Na sequência de uma série de iniciativas de grupos de escritores em apoio de Obama, Joan Druett foi procurar escritores que apoiassem McCain. Encontrou três, mauzotes, e um deles arrependido.

Porque será que o Partido de Jesus não tem adeptos intelectuais? :o)

Estupidez e ignorância

No fim do dia, julgo que não devem restar dúvidas de que estas coisas acontecem porque a populaça deixa.

Acho que a maioria das pessoas aqui no Texas não se importa com nada disto desde que os homossexuais continuem a ser perseguidos e se continue a querer impor a visão fundamentalista dos pro-vidas ao resto do país. A cabeça do eleitorado republicano aqui no campo não dá para muito mais.

Ainda há cinco minutos passei em frente da clínica de planeamento familiar e vi um magote de anormais com Bíblias, cartazes e máquinas de filmar, a tirarem as matrículas dos carros das pessoas que lá entram para depois lhes mandarem cartas e emails com insultos.

Quando não estão à portada clínica a ameaçar as mulheres - muitas vezes desesperadas - que lá entram, estão no emprego a ouvir os doutores arrojas daqui na telefonia, em AM.

Depois morrem-lhes os filhos no Iraque e eles recebem uma bandeira de nylon (made in China) e uma medalhinha, que nem sequer são pagas pela Exxon.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Nacionalizações... da tanga.

Creio que não se pode falar aqui de nacionalizações. Estas medidas são só uma maneira expedita de mandar a conta dos desmandos dos oligarcas para cima dos cidadãos.

Os cleptocratas que mandam nos políticos vão continuar a mandar nas instituições "nacionalizadas" e não se emitiu até agora um único piu sobre os salários e os prémios dos "gestores". Os EUA estão a saque e não há vai ser fácil parar o processo. Antes de abandonarem o barco, os criminosos que administravam a Lehman Bros. roubaram dois biliões e meio de dólares em prémios e bonus.

Bush vai ficar na história por ter instituido uma porta giratória entre as empresas e os gabinetes do estado que permitiram a um pequeno número de bilionários amigos roubarem o erário público impunemente.

Não acho que se possa falar aqui de ideologia nem de nacionalizações, no sentido em que passa a haver mais ou menos controlo de certos sectores da economia pelos cidadãos, através de um governo democraticamente eleito.

Aliás, uma das coisas mais vergonhosas que hoje foi notícia aqui, é a corrida das empresas que roubaram e enganaram os cidadãos durante os últimos anos aos biliões que se vão ganhar na distribuição dos 700 biliões que os contribuintes vão ter de lhes pagar.

Na-cio-na-li-zar: o verbo que regressa

Eis um verbo que há muito não era conjugado: nacionalizar. 2008 é o ano em que o Reino Unido nacionalizou um banco em Fevereiro, nacionalizará outro agora, os EUA-farol do neoliberalismo nacionalizaram (e nacionalizarão), e os governos do Benelux também redescobriram as virtudes do controlo estatal da economia. Apesar de estas serem nacionalizações dos prejuízos, a evidência de que a intervençao estatal na economia é imprescindível permitirá necessariamente retirar outras consequências.

Apanhados desprevenidos, a maior parte dos políticos parecem ainda não ter tirado as suas conclusões. Seria este o momento indicado para o regresso a uma social-democracia renovada, que se demarcasse da esquerda neoliberal e da esquerda estalinista. Quem se chega à frente?

A penúltima ditadura europeia

Ainda existe uma ditadura na Europa, daquelas em que a oposição não elege um único deputado quando há eleições. É o aliado mais fiel do regime putinesco de Moscovo, e chama-se Bielorrússia.

(A outra ditadura é o Vaticano.)

domingo, 28 de setembro de 2008

Homofobia

Li esta frase dum membro do P"S" no blogue "Tempos que Correm" sobre a questão do casamento gay: «É uma medida legislativa complexa e entendemos que só se deve legislar na sequência de um amplo debate na sociedade».

Complexa?! Sonegar os direitos humanos mais elementares (como diz Vale de Almeida: "a oficialização voluntária de uma vida em comum") a um grupo de pessoas com base na orientação sexual delas parece-me uma coisa muito simples, própria de pessoas muito, muito simples. Como diria Eça, uma coisa de selvagens "frescos dos matagais da serra".

O P"S" é a Acção Católica com reumático. Uma organização informe, sem alma nem coluna vertebral, uma vergonha nacional que precisa de ser escorraçada dos lugares públicos com tomates podres. Não vejo outra maneira. :o)

Eu esperava ver ao menos a J"S" envergonhada com esta situação abjecta e medieval, em que a ICAR dita a agenda da República.

Mas não. Os bravos jovens "socialistas" vendem tudo por uma carreira miserável no partido e não se importam de ajudar a transformar Portugal num sovaco de ex-fascistas e ex-comunistas (que entregavam os camaradas gay à PIDE, lembram-se?) sem coragem, nem educação, nem abertura de espírito, nem solidariedade, nem empatia para com os cidadãos.

Que escumalha mais triste e mais desgraçada! Nem os membros gay do P"S" vão emitir um piu de protesto?

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Doida varrida e perigosa!

Para quem tem dúvidas sobre a sanidade mental da candidata taliban à vice-presidência americana, Sarah Palin. Aqui: um caçador de bruxas (verdadeiro) benze a candidata.

O texto de Max Blumenthal é, como sempre, absolutamente eloquente sobre a loucura delirante dos cristãos 'pentecostals' americanos.

Quem tiver tempo devia ler os textos e ver os vídeos todos do blog de Max Blumenthal.

Esta suspensão não é uma suspensão

O McCain diz que suspende a campanha para ir a Washington. É natural, é lá que estão os media, mais ocupados com a crise financeira do que a eleição (que no fundo lhe é colateral).

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Revista de blogues (23/9/2008)

  1. «Nos EUA podemos estar a assistir ao paradoxo histórico assinalado nos anos quarenta por Karl Polanyi: enquanto que o laissez-faire foi o resultado de um laborioso processo de construção de hegemonia ideológica e de engenharia social, a contra-engenharia, ou seja, a introdução de mecanismos de controlo, que fazem recuar o alcance dos mercados e que podem permitir, a prazo, subordiná-los de novo às prioridades democráticas, é o resultado de um processo político mais ou menos espontâneo, posto em andamento quando as circunstâncias pressionam, para proteger a ordem social da ameaça do colapso económico generalizado. "O laissez-faire foi planeado, o planeamento não"». (João Rodrigues)
  2. «Aos sofistas de mercado falta-lhes entender o que dizia Protágoras: “o Homem é a medida de todas as coisas” — para si mesmo, naturalmente. Mas é de nós mesmos que estamos a falar. O maravilhoso funcionamento da teoria fez vítimas na prática. Esta é a medida última: não o mercado, não as empresas, não o sistema financeiro — mas as pessoas.» (Rui Tavares)

O capitalismo selvagem

Está bem e recomenda-se. Vale a pena, como de costume, ler o blog Ladrões de Bicicletas sobre este assunto.

Naomi Klein e a igreja do mercado

Na BBC, com um oligarca e um jornalista completamente idiota.

A Jota 'S'

O Ricardo levantou aqui uma questão interessantíssima: no dia 10 de Outubro os meninos do P'S' vão ter de nos mostrar o que valem.

domingo, 21 de setembro de 2008

Catherine Kintzler: «C´est quoi, la laïcité négative?»

  • «A lire le discours prononcé par le président de la République recevant Benoît XVI, on ne peut qu’être frappé par les différences qui le distinguent des discours offensifs - et même insultants - envers les incroyants, prononcés cet hiver à Rome (Latran) et à Riyad. (...) Reste maintenant à examiner un des noyaux du discours du 12 septembre, que certains appellent hâtivement un concept: la notion de «laïcité positive». La simple juxtaposition sonne plutôt comme une thèse a contrario. (...) il n’y a effectivement rien de plus minimal que la laïcité. Elle n’est pas une doctrine, puisqu’elle dit que la puissance publique n’a rien à dire s’agissant du domaine de la croyance et de l’incroyance, et que c’est précisément cette abstention qui assure la liberté de croire et de ne pas croire dans la société civile. Ce n’est pas non plus un courant de pensée au sens habituel du terme: on n’est pas laïque comme on est catholique, musulman, stoïcien, bouddhiste, etc. C’est le contraire: on peut être à la fois laïque et catholique, laïque et musulman, etc. La laïcité n’est pas une doctrine, mais un principe politique visant à organiser le plus largement possible la cœxistence des libertés. (...) C’est en effet à l’abri d’une puissance publique qui s’abstient de toute inclination et de toute aversion en matière de croyances et d’incroyances que les religions, mais aussi d’autres courants de pensée, peuvent se déployer librement. A l’abri d’un Etat où règne une religion officielle ou un athéisme officiel. Mais aussi, ne l’oublions pas, à l’abri les uns des autres. En s’interdisant toute faveur et toute persécution envers une croyance ou une incroyance, la puissance publique laïque les protège toutes, pourvu qu’elles consentent à respecter la loi commune. Il n’y a donc rien de plus positif que la laïcité. Elle pose bien plus de libertés politiques et juridiques que ne l’a jamais fait aucune religion. Car une autre confusion doit être dissipée. Si quelques messages religieux aspirent à une forme de libération métaphysique et morale, aucune religion n’a été en mesure de produire la quantité de libertés positives engendrées par la plate-forme minimaliste de la Révolution française - première occurrence du concept objectif de la laïcité même si le mot apparaît plus tard. Du reste ce n’est pas la préoccupation essentielle des religions, qui ne sont heureusement pas réductibles à leurs aspects juridiques. (...) » (Catherine Kintzler na Gauche Républicaine.)

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Cavaco perde apoios no PSD

  • «O novo regime jurídico do divórcio, devolvido por Cavaco Silva à Assembleia da República em Agosto, foi hoje aprovado com alterações pontuais, contando com os votos favoráveis da esquerda parlamentar e de 11 deputados do PSD (...) na bancada social-democrata, 11 deputados votaram a favor do novo regime jurídico do divórcio, mais quatro que na anterior votação do diploma, em Abril, entre os quais, Pedro Pinto, Emídio Guerreiro, Eduardo Martins, Agostinho Branquinho, e Miguel Frasquilho. Seis deputados do PSD abstiveram-se, entre os quais Patinha Antão e Miguel Macedo.» (PUBLICO.PT)

The Liberal Elite

Tirei isto de um comentário a um artigo do Robert Kennedy Jr. Acho que esta lista explica porque é que tantos americanos pobres e ignorantes votam no Partido Republicano:

Obama:
Occidental College - Two years.
Columbia University - B.A. political science with a specialization in international relations.
Harvard - Juris Doctor (J.D.) Magna Cum Laude

Biden:
University of Delaware - B.A. in history and B.A. in political science.
Syracuse University College of Law - Juris Doctor (J.D.)

McCain:
United States Naval Academy - Class rank 894 of 899

Palin:
Hawaii Pacific University - 1 semester
North Idaho College - 2 semesters - general study
University of Idaho - 2 semesters - journalism
Matanuska-Susitna College - 1 semester
University of Idaho - 3 semesters - B.A. in journalism

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Liberdade

Entre muita parvoice, uma coisa muito interessante que li no Blasfémias foi a seguinte observação do João Miranda (creio), que citarei de memória, pois não me lembro em que texto a encontrei escrita:

«Hoje a liberdade é um bem mais abundante, e por isso dão-lhe menos valor»

Que frase certeira!
Quando me intrigo sobre como é possível que uns deitem levianamente a perder aquilo porque outros lutaram tanto para conquistar; que uns dêm de barato aquilo que foi pago com sangue suor e lágrimas; que se desvalorize tanto aquilo que tanto custou, esta frase tem a resposta.

A polícia fuzila um indivíduo em directo, e todo o país aplaude. Os cartoons do Maomé dividiram o país ao meio: quase metade achava que a sua publicação deveria ter sido proibida, e outra quase metade não se importaria muito de expulsar os islâmicos da Europa. A Amnistia Internacional vai denunciando maus tratos e outros abusos da nossa polícia - mais que em outros países com o nosso grau de desenvolvimento - mas as preocupações de quase toda a população são que os criminosos são muito bem tratados, e a polícia devia ter mais poder para usar a violência.
Não há razões para acreditar que isso ajuda a resolver o problema, ou sequer razões para esta histeria colectiva com a segurança. Mas isso não incomoda o «carrasco de bancada» que se vai pronunciando em cada esquina.

Estes valores distorcidos não são inconsequentes numa democracia. Se as pessoas continuarem a aplaudir fuzilamentos em directo, quando nos dermos conta já pode ser tarde de mais.

Journal Mal Elevé

Siné. Expulso do Charlie Hebdo por fazer uma piada sobre o filho do Sarkozi, Siné vai começar uma revista que não lamba os pés ao poder.

A revista precisa de ajuda:

Faites circuler l'info, harcelez dès maintenant votre marchand de journaux, et vos dons sont les bienvenus (même 1 euro!).

Vous pouvez nous les adresser :
Par chèque à l'ordre de :
"AMORCES LES MAL ÉLEVÉS",
21 ter, rue Voltaire 75011 Paris.

Par virement bancaire :
code banque 30 004 - code guichet 00153 - compte 00005202424 - clé 18
IBAN : FR 76 3000 4001 5300 00 52 0242 418 - BIC : BNP AFR PPP BY

Concernant les abonnements, vous trouverez les informations dans le N°1,
en kiosque le 10 septembre.

N'oubliez pas que vos réactions nous intéressent !

Ecrivez-nous à :

courrierdeslecteurs@sinehebdo.eu
ou par courrier :
LES EDITIONS DE L'ENRAGÉ,
118-130 avenue Jean-Jaurès - 75169 Paris Cedex 19
Espero que a revista vingue. Cada vez mais mandam os ricos. Siné é uma espécie de herói resistente que merece todo omeu respeito.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Absurdos conservadores

Esta posição sobre o casamento é mal fundamentada e absurda (talvez deliberadamente, no segundo caso).

Mal fundamentada porque se o Estado estivesse a dar uma «oportunidade» (sic) à ICAR ao «laicizar» o casamento, o matrimónio católico estaria a tornar-se mais popular. No entanto, acontece justamente o contrário (ver gráfico): o casamento católico está a perder relevância tão rapidamente que pode já se ter tornado minoritário em 2007. Os conservadores deveriam dedicar-se a explicar o porquê de a «renovação» do casamento católico estar a a gerar efeitos exactamente contrários aos que eles prevêem, em vez de falarem de um «regresso ao casamento católico» que nitidamente não é real.

E absurda porque um casamento exclusivamente reconhecido pela sociedade civil não serve rigorosamente para nada. O problema original que o casamento veio resolver foi o da transmissão da propriedade. Na hipótese (repito, absurda) de a «sociedade civil» emitir «certificados» de casamento, como seriam resolvidos os conflitos de validade? Por exemplo, no caso em que fulano casasse sucessivamente com a Josefina (pela ICAR) e com a Ibrahima (depois de se converter ao Islão), qual seria o contrato de casamento válido? O primeiro ou o segundo? E quem decidiria das partilhas? Para não falar dos casos em que fulano declarasse à mesa da colectividade que a Manela era a mulher da sua vida...

Enfim, a ginástica conservadora é, sobretudo, um exercício de diversão.

domingo, 14 de setembro de 2008

De mal a pior

Depois de um pesadelo de 8 anos, com um presidente incompetente e um vice-presidente que faria corar o Al Capone, o Partido Republicano propõe um velinho que ninguém espera que sobreviva quatro anos e uma mulher horrível, pacóvia e má.

Ratzinger em França

  • «Le pape a le droit de venir en France. Loin de nous l’idée de nous y opposer parce que nous sommes laïques. Mais cet accueil officiel, sur un mode révérenciel et sur fonds publics, ne va pas de soi.

    En tant que chef d’un État, Benoît XVI ne mérite guère l’enthousiasme d’une démocratie laïque et égalitaire.
    À la tête d’un petit État théocrate et patriarcal, il use essentiellement de son siège d’observateur permanent à l’ONU pour faire reculer tout programme en faveur de la planification familiale, des droits des femmes, de la lutte contre le sida, ou des minorités sexuelles. Souvent aux côtés des pires dictatures de l’Organisation de la Conférence islamique.

    En tant que leader religieux, Benoît XVI est un pape ultraconservateur et liberticide. Sa vision du catholicisme, promue à travers des mouvements comme l’Opus Dei ou la Légion du Christ, est dogmatique, étroite, antiféministe, inégalitaire, hostile à un véritable œcuménisme et à l’esprit moderniste de Vatican II. Il n’y a vraiment pas là matière à révérence. Mais c’est l’affaire des croyants.

    En tant que citoyens laïques, notre vigilance est ailleurs. Nous tenons à profiter de cette visite en France pour dire et redire notre refus de la « laïcité positive », un terme utilisé par Benoît XVI puis revendiqué par Nicolas Sarkozy, dans son livre « La République, les religions et l’espérance », et plus encore dans ses discours présidentiels de Latran et Ryad.

    Comme l’immense majorité des Français, nous sommes attachés à la laïcité sans adjectif. C'est à dire à une laïcité qui distingue bien la sphère de la puissance publique de la société civile et de la sphère privée. Cette séparation tient sagement à distance le politique du religieux, dans l’intérêt des deux.

    Nous refusons l’évolution de cette laïcité vers une religion civile à l’américaine, le subventionnement public des lieux de culte, ainsi que l’assouplissement de la vigilance envers les sectes.

    Nous appelons au contraire à une vigilance vis-à-vis de tous les intégrismes. Cette vigilance passe par une revalorisation du lien social sur un mode laïque, un soutien aux associations de quartier luttant pour le vivre ensemble et la défense de l’école publique. Nous le disons sans détour : dans la transmission des principes de la République, le curé, le pasteur, le rabbin ou l’imam ne pourront jamais remplacer l’instituteur.

    Nous ne pensons pas, comme le chef de l’État, que le plus grand mal des banlieues soit d’être devenues des « déserts spirituels », mais d’être devenues des ghettos souffrant d’un ascenseur social bloqué, de la flambée des prix immobiliers, du recul des services publics et du manque de mixité sociale.

    Nous n’avons pas la prétention de croire, comme lui, que « Dieu est dans la pensée et dans le cœur de chaque homme ». Mais nous sommes sûrs d’une chose, pour fondamentale qu’elle soit, la question spirituelle ne nous semble pas relever des missions du chef de l’État, dont le rôle est plutôt de s’occuper de la question sociale.

    Si le catholicisme fait incontestablement partie du patrimoine culturel de la France, la France n’est plus la « fille aînée de l’Église » depuis quelques siècles déjà, mais une République séparée des Églises. Son objectif n’est pas de veiller à ce qu’un plus grand nombre de Français croient mais vivent mieux, toujours plus libres et plus égaux, ensemble. Telle devrait être la mission que se fixe un président de la République. Telle est notre espérance.» (La laïcité ne doit pas plier devant Benoît XVI)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A «terceira via» na encruzilhada

  • «Almost all the main premises of Thatcherism were adopted as policy by New Labour without it ever being formally avowed, and without anyone worrying much about whether Thatcherism ‘worked’, because the political professionals told ministers that they had to accept the lessons of the 1980s – despite the fact that in the 1980s Blair and Brown had a very clear idea of what Thatcherism was up to. Evidence that suggested most people had no real sympathy for what Thatcherism had become was discounted in favour of focus-group truths: taxation (too high), crime (too much), choice (not enough), asylum seekers (too many), the public sphere (too big). The elimination of these blemishes became the desideratum of politics.» (London Review of Books)
Os trabalhistas nunca tinham ganho duas eleições seguidas. Com Blair ganharam três. Infelizmente, a «terceira via» resumiu-se a ser um thatcherismo de rosto humano. Sem terem introduzido uma cultura política distinta no governo britânico, os herdeiros de Blair perderam a hipótese que tiveram de renovar a esquerda. Desaparecerão sem deixar rasto.

Travão à selvajaria

  • «"O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, sempre que tenha notícia da prática de ilícitos nas praxes, dela dará imediato conhecimento ao Ministério Público", refere o ministro Mariano Gago, numa carta enviada hoje a todas as instituições de ensino superior públicas e privadas. Na missiva, Mariano Gago anuncia ainda que o seu ministério "lançará mão dos meios aptos a responsabilizar - civil e criminalmente, por acção ou omissão - os órgãos próprios das instituições do ensino superior, as associações de estudantes e ainda quaisquer outras entidades que, podendo e devendo fazê-lo, não tenham procedido de modo a procurar evitar os danos ocorridos".» (Público)
Aplausos para Mariano Gago.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A estranha «independência» do Kosovo

  • «O estatuto jurídico do Kosovo é importante, mas não é o essencial. O Kosovo independente será semelhante à Bósnia-Herzegovina «soberana» e totalmente dependente, onde o «alto representante» da União Europeia faz leis e destitui representantes eleitos que considera inoportunos. Como poderá tal situação ser uma resposta à crescente rejeição da presença internacional e à crescente perturbação de uma população cuja taxa de desemprego ultrapassa os 50 por cento? Alimentada a conta-gotas, a província transforma-se num supermercado improdutivo, tendo por moeda o euro que por sua vez impede qualquer protecção dos seus produtos contra as importações ocidentais compradas pelo pessoal das instituições internacionais, que aufere salários mirabolantes. Todos os anos são eliminados cerca de 1000 hectares de terra arável, para serem construídos essas grandes superfícies comerciais que, a par dos quiosques, lojas e salários internacionais, alimentam o «crescimento».
  • As pressões do Fundo Monetário Internacional (FMI), a ausência de Estado social e de créditos públicos, a incerteza sobre o estatuto e a propriedade conduzem a uma desindustrialização absoluta: 90 por cento das cerca de 500 empresas públicas deixaram de funcionar. Tal como acontece com os abundantes recursos em lenhite, as várias dezenas de minas do complexo Trepca no Norte, que registam uma produção de 60 milhões de toneladas de minerais não ferrosos, são objecto de grandes conflitos de propriedade entre a Kosovo Trust Agency (KTA), encarregue das privatizações pela ONU, Belgrado e os albaneses do Kosovo.
  • A União Europeia desempenha o mesmo papel negativo que os Estados Unidos e as instituições da globalização, na medida em que impõe uma zona de comércio livre, rigor orçamental e financiamentos privados. Dito de outro modo, a União impõe ao Kosovo o inverso do que aconteceu em França depois da Segunda Guerra Mundial: nessa altura a reconstrução realizou-se, num quadro capitalista, é certo, mas com base numa certa planificação e em financiamentos públicos» (Catherine Samary no Le Monde Diplomatique)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Fascistas no poder em Itália?

  • «O ministro da Defesa italiano, Ignacio La Russa, prestou hoje tributo às tropas pró-Nazis, enquanto discursava num evento que assinalou o aniversário da Resistência em Roma à ocupação nazi em 1943. Este é já o segundo membro do partido conservador do primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, a mostrar "simpatia" com o fascismo em dois dias. Ontem, o presidente da Câmara Municipal de Roma, antigo líder da juventude neo-Nazi, Gianni Alemanno, causou igualmente controvérsia quando afirmou que “não considerava nem nunca tinha considerado” o fascismo como “algo absolutamente mau”.» (Público)
Uma democracia que elogia ditaduras, ideologias antitéticas e torcionários dificilmente terá uma longa e saudável vida pela frente.

Polémica!

Desde que escrevo neste espaço não identifiquei nenhum tema mais polemico entre os autores do que o do aquecimento global. E como recentemente li dois textos do Ludwig que não podia deixar de citar, aqui vão umas achas para a fogueira:

«O "documentário" [Swindle] está repleto de tretas, mas a treta principal vai além disto. Concordo que não há certezas acerca do que devemos fazer. Mas não por o aquecimento ser incerto. Disso as evidências são muito fortes. As medidas da temperatura atmosférica por satélites e balões, a diminuição do gelo glaciar, a temperatura da crosta a várias profundidades e a temperatura e nível dos oceanos todas indicam o mesmo. Isto está a aquecer rapidamente.

E é quase certo que o que nós fazemos tem importância. Não me surpreende que antes de haver humanos as variações climáticas globais fossem causadas por outros factores, mas é desonesto defender que se pode mandar para a atmosfera trinta mil milhões de toneladas de CO2 por ano sem consequências.

Admito uma incerteza intelectual quanto ao rumo a tomar porque não conseguirmos estimar com rigor a relação entre os custos de reduzir as emissões e os custos de nos adaptarmos à alteração do clima. Mas só a um nível intelectual e abstracto e não a um nível ético porque, independentemente dos custos exactos, a redução de emissões será paga pelos ricos e a adaptação a um clima diferente será paga pelos pobres. É claramente injusto que quem está melhor lixe ainda mais quem já está mal só por ser mais cómodo.


[...]

Os Maias, os Anasazi, os habitantes originais da Ilha da Páscoa e de Pitcairn também atribuíam à natureza esta capacidade mágica de aguentar com tudo o que lhe fizessem. Foi asneira

Em Treta da Semana: Aquecimento? Nah...


No texto seguinte, o Ludwig responde a alguns comentadores:

«É isto que me parece passar-se com o aquecimento global e o CO2. Há muitas questões em aberto e a prudência, se for prudente, é sempre aconselhável. Mas não é prudente mandar CO2 para a atmosfera sem conhecer os riscos. Nem é razoável traçar uma meta móvel de “melhor tecnologia” e “mais ricos”, pela qual podemos esperar eternamente. E cepticismo não é apontar defeitos como desculpa para procrastinar.

Eu sou céptico acerca do aquecimento global, como sou acerca de muita coisa. E isto quer dizer que abordo o problema subordinando as minhas crenças à informação de que disponho. O cepticismo é este método. Não garante nem exige que eu seja a favor ou contra aquilo em relação ao qual sou céptico. Exige apenas que eu encontre a minha opinião seguindo o peso das evidências e que a mude sempre que este puxar para outro lado.

As evidências são que a temperatura está a aumentar, que o CO2 na atmosfera faz aumentar a temperatura, que nós libertamos muito CO2 para a atmosfera e que o resultado pode ser trágico para muita gente. Por isso – e por cepticismo – rejeito esta “prudência” de quem decide fumar três maços por dia enquanto não tiver a certeza que vai morrer de cancro.»


Em À cautela...

Os Hunos

No "Kaos in the Garden" (Sábado passado) e no DN: o Ministério das Finanças mandou despedir pessoas a gozarem licença de maternidade. Um sonho. Todos os anos nos perguntamos quão baixo é que os economistas conseguirão descer, e todos os anos eles batem as previsões mais macabras...

sábado, 6 de setembro de 2008

Criar uma, duas, três ossétias?

  • «O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Vladimir Ogrizko, acusou hoje as autoridades russas de estarem a distribuir secretamente passaportes da Rússia entre os habitantes da Crimeia, uma república autónoma da Ucrânia. (...) Segundo o recenseamento de 1989, o último realizado na região, dos mais de dois milhões e trezentos mil habitantes, 1630 mil (69,2 por cento) eram de origem russa, 620 mil ucranianos e cerca de 100 mil tártaros da Crimeia. (...) Alguns dirigentes russos, nomeadamente Iúri Lujkov, Presidente da Câmara de Moscovo, defendem que a Crimeia é território russo e deve ser devolvida pela Ucrânia.» (Público)
Se a Crimeia for a nova Ossétia do Sul, a Ucrânia será a nova Geórgia. E depois podem seguir-se a Estónia e a Letónia. Veremos.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Cheque-ensino travado na Florida

  • «Americans United for Separation of Church and State hailed today’s ruling by the Florida Supreme Court removing two ballot amendments that would have erased religious freedom safeguards and harmed public schools in the state. (...) “This ruling puts an end to a dangerous assault on the religious liberty rights of all Floridians,” said the Rev. Barry W. Lynn, Americans United executive director. “These reckless and deceptive amendments had no business being on the ballot in the first place, and we’re glad to see them go.” Lynn noted that former Gov. Jeb Bush engineered the placement of the amendments on the ballot. If approved, they would have permitted voucher subsidies for religious and other private schools in Florida and eliminated the state constitution’s language barring tax aid to religion, opening up massive new streams of public funding to private religious schools and houses of worship.» (Americans United)

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A vida no Alasca

Do blog the Joan Druett:

TIME
magazine is running an article on Vice-Presidential nominee Sarah Palin, describing how she tried to fire librarian Mary Ellen Baker for not removing a list of "questionable books" from the shelves of the Wasilla library.

Apparently, Palin went to the library and made inquiries about the procedure for banning certain books, claiming that some voters thought they had "inappropriate language" in them.

"The librarian was aghast," claims the article. The librarian, Mary Ellen Baker, couldn't be reached for comment, but news reports from the time show that Palin had threatened to fire Baker for not giving "full support" to the mayor.

A contributor to http://www.librarian.net/ (scan the comments following the announcement of the TIME story) names the books Palin tried to ban from the library. The list includes:

A Wrinkle in Time by Madeleine L'Engle
Brave New World by Aldous Huxley
Catch-22 by Joseph Heller
Clockwork Orange, by Anthony Burgess
As I Lay Dying, by William Faulkner
The Canterbury Tales, by Geoffrey Chaucer
Confession, by Jean Jacques Rousseau
Death of a Salesman, by Arthur Miller
Flowers for Algernon, by Daniel Keyes
Lady Chatterley's Lover, by D.H. Lawrence
Leaves of Grass, by Walt Whitman
Little Red Riding Hood, by the Grimm Brothers
Lord of the Flies, by William Golding
Lysistrata, by Aristophanes
Of Mice and Men, by John Steinbeck
To Kill a Mocking Bird, by Harper Lee
One Flew Over the Cuckoo's Nest, by Ken Kesey
The Chocolate War, by Robert Cormier
Pigman, by Paul Zindel

Plus:

Anything by Stephen King, everything by J.K. Rowling, just about everything by Roald Dahl, both of Mark Twain's major works, most of Judy Blume, most of William Shakespeare, and (this is truly mind-boggling) Webster's Ninth New Collegiate Dictionary by the Merriam-Webster Editorial Staff

GalleyCat@ www.mediabistro.com slyly comments, "Maybe if she didn't want to ban Our Bodies, Ourselves by Boston Women's Health Collective her daughter Bristol wouldn't be having a shotgun wedding." Yes, that book is one of those she wanted to ban.

Mary Ellen Baker resigned from her library director's job in 1999.

Para os menos atentos, gostava de sublinhar aqui que "O capuchinho vermelho" (dos perigosos irmãos Grimm) faz parte da lista... :o)

Instantâneo da Europa contemporânea



Polícia para telespectador ver

As operações policiais de ontem, em dois bairros «problemáticos» da Margem Sul, foram uma encenação mediática destinada a convencer os telespectadores de que a nossa querida polícia é forte com os fracos meliantes desses bairros. Como o saldo da operação (que envolveu 52 polícias...) se resumiu a apreender meia dúzia de charros, e nas 350 pessoas que fiscalizaram, apenas 3 estavam «sob a influência do álcool», pode concluir-se que aquela população é gente ordeira, aliás com uma das mais baixas taxas de consumo de álcool do país. Mas não é através da presença ostensiva de polícia nas ruas que se combate a real insegurança. É mais complicado do que isso.

Adenda: ler também isto.

Os soldados perdidos da guerra fria

Nos anos 80, ainda se liam nos jornais notícias sobre soldados japoneses que eram encontrados em ilhas do Pacífico, com cabelo até à cintura e armas obsoletas nas mãos, convencidos de que a 2ª guerra mundial não tinha acabado nos anos passados desde o último contacto com o resto do mundo.

Lembrei-me destes soldados perdidos ao ler alguns artigos de opinião de agosto (exemplo: o inefável João Carlos Espada no último Expresso), onde se argumenta contra a Rússia de Putin agitando o espantalho da «Rússia Soviética» e evocando, portanto, os impulsos da guerra fria. Estes anacronismos são divertidos, mas úteis por nos recordarem de como o mundo efectivamente mudou. As razões do recente conflito no Cáucaso, como anteriormente das guerras na Jugoslávia, são obscurecidas se continuarmos a manter o quadro mental de um conflito, defunto, entre ideologias entrincheiradas em blocos antagónicos. Para compreender a guerra no Cáucaso, basta recordar que Rússia, em mil anos de história, só recuou até Moscovo com Napoleão e Hitler. Desta vez, não perdeu sequer o controlo do norte do Cáucaso. Para as elites russas, do Império dos czares ao dos bolcheviques (e à Rússia de Putin) há mais continuidade do que aquela que quem tem os óculos ideológicos da guerra fria consegue ver.

A Europa deveria distrair-se das sanções contra a Rússia e apostar em construir uma cooperação com um Estado que não é exactamente uma democracia, mas que é mais fácil de lidar do que as teocracias islâmicas que nos deveriam preocupar.

Uma realidade aterradora

Com a suprema ironia que o caracteriza, max Blumenthal fez mais uma reportagem eloquente, desta vez sobre a estupidez desgraçada dos fundamentalistas cristãos que apoiam McSame e Palin.

FOX

Obama reuniu-se com o conhecido pornógrafo australiano e patrão mundial dos media Rupert Murdoch para discutir uma estratégia de cooperação ou, melhor posto, de não agressão.

As declarações de Murdoch e Ailes, dois dos cidadãos mais perigosos e mais ignóbeis do planeta, são deliciosas. Nem para estes dois neo-nazis patéticos - que o mundo acredita que são honestamente neo-nazis - a ideologia parece estar acima do lucro!

Palin e Jesus

A candidata a vice-presidente é uma pacóvia sem educação nem experiência, cujo único apelo é ser uma fundamentalista cristã, firme contra os direitos e a sexualidade das mulheres, contra o ambiente e a ciência, o bom senso e a solidariedade social.

Num país em que 90% dos cidadãos não são fundamentalistas cristãos, esta escolha só faz sentido porque os media são controlados por um pequeno grupo de oligarcas a quem a agenda dos fundamentalistas cristãos interessa imenso.

Já não sei quem é que escreveu que as ideologias existem para mascarar as relações de exploração de umas classes pelas outras, mas o carinho com que o complexo industrial militar trata estes desgraçados e lhes promove a agenda explica eloquentemente como as questõs do aborto e do casamento gay (e, com muito menor relevo, do criacionismo) são as máquinas de fumo com que eles enganam a América.

Há muitos anos que os publicistas (como o Goebbels) descobriram que não é com papas e bolos que se engana os tolos. O medo é a melhor ferramenta dos propangandistas para controlar a maioria rural, isolada, ignorante e supersticiosa que constitui a base eleitoral dos republicanos.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A vice de McCain discursa numa igreja

Pode-se ver Sarah Palin discursar numa igreja neste vídeo no richarddawkins.net. Fica-se a saber que Sarah Palin (que se entusiasma bastante com o seu amigo imaginário) acha que a guerra do Iraque é uma missão divina. O seu pastor preferido também parece pior do que o pastor de Obama, mas a influência dos pastores sobre as ovelhas é difícil de quantificar. Tudo isto parece mais importante quando, como faz Sam Harris, se toma em conta a idade de McCain:
  • «The actuarial tables on the Social Security Administration website suggest that there is a better than 10% chance that McCain will die during his first term in office. (...) If we take into account McCain's medical history and the pressures of the presidency, the odds probably increase considerably that this bright-eyed Alaskan will become the most powerful woman in history. (...) Is Palin remotely qualified to be president of the United States? No.»

Caroline Fourest: «On achève bien l´école publique»

A agenda neoliberal (e clerical) para destruir a escola pública é a mesma em Portugal e na França: desvio de fundos das escolas públicas para as privadas, atribuição da gestão das escolas às regiões e municípios para melhor desregular o sistema, e, a culminar, o cheque-ensino.
  • «Les partisans de l’école privée peuvent se réjouir. Tous ceux qui préfèrent la séparation de l’école et de l’Etat à la séparation de l’Eglise et de l’Etat, qu’ils soient ultracatholiques ou ultralibéraux, ou ultra-les deux, peuvent savourer leur victoire. La guerre scolaire est presque terminée. Et ils ont gagné.
    (...) Au lieu de concentrer ses moyens au service de l’école publique, l’Etat a gaspillé sa marge de manœuvre en augmentant les crédits alloués à l’école privée. Les vannes sont grandes ouvertes depuis 2004, date à laquelle les collectivités locales ont obtenu le droit de financer sans limites les établissements privés. (...) Dans les cénacles de l’école privée, on prépare déjà la suite : le "chèque éducation", grâce auquel chaque élève recevra directement l’aide de l’Etat pour choisir de s’inscrire dans le privé ou dans le public. Une idée empruntée au modèle anglo-saxon, qui a fait les beaux jours des écoles privées religieuses. Est-ce bien rassurant pour la cohésion sociale et le vivre-ensemble ? Jusqu’ici, l’école confessionnelle sous contrat donne le sentiment de vouloir privilégier l’enseignement au prosélytisme. Mais les temps changent. L’Eglise, qui confie de plus en plus ses missions éducatives à des courants comme l’Opus Dei ou la Légion du christ, milite pour accentuer le "caractère propre", c’est-à-dire le caractère catholique, de ses écoles. Les autres religions ne sont pas en reste. A quoi ressemblera le vivre-ensemble quand un nombre grandissant d’élèves français aura fait ses classes dans des écoles tenues par l’Opus Dei, les Frères musulmans ou les loubavitchs ? (...)» (Caroline Fourest na Gauche Républicaine.)
Quando este processo terminar, os ricos terão as melhores escolas para os seus filhos, privadas mas pagas pelo Estado (o que dá «liberdade» subsidiada para ensinar disparates, religiosos e outros), e as barreiras de classe firmemente erguidas. As piores escolas que fiquem para os pobres.

O conservadorismo não foi de férias

http://ww1.rtp.pt/noticias/images/articles/359681/cavaco4.jpg

O tremendo estrondo em volta do veto ao estatuto dos Açores pode agora ser apreciado como parte de uma estratégia destinada a ocultar o veto à lei do divórcio, divulgado pela calada a 20 de agosto.

As justificações parecem, incrivelmente, saídas dos manifestos dos movimentos católicos mais reacionários (tipo Comunhão e Libertação), sendo particularmente pasmante a passagem em que nos convida a ter pena da mulher espancada que é «castigada» com um divórcio. Nem sei o que será pior: se o facto de o homem que é Presidente da República não se aperceber do inverosímil da situação, se a circunstância de não compreender que, quer o compreenda imediatamente quer não, quem ganhará com tal divórcio será a mulher.

Neste veto, Cavaco poderia ter perdido a reeleição. Digo poderia, porque não dei por que a esquerda tivesse aproveitado devidamente esta oportunidade para persuadir os 67 mil cidadãos que elegeram Cavaco em 2006 de que, bem, elegeram um conservador (e se até no próprio PSD houve quem tratasse Cavaco de «ultrapassado» para baixo...). Se o conservadorismo não foi de férias, a esquerda que quer conquistar o palácio de Belém parece que estava na praia. Bem enterrada na areia.