terça-feira, 21 de junho de 2011

Rui Tavares abandona a esquerda marxista

Três notas sobre o mais recente desenvolvimento da crise do BE.
  1. Tenho estima política por Rui Tavares, mas a razão invocada para abandonar o grupo parlamentar do BE (uma troca de posts com Louçã a propósito de saber se Daniel Oliveira fundou o BE ou não) parece um mero pretexto. Algo mais terá acontecido.
  2. Ao deixar no Parlamento Europeu a etiqueta «BE», presumivelmente estaria condenado à irrelevância se permanecesse no grupo da Esquerda Unitária Europeia. Ao juntar-se aos Ecologistas, parece responder ao dilema discutido nos comentários deste post, e escolher a esquerda que tem governado na Alemanha ou na França, contra a que há 20 anos se encontra, a nível europeu, mais acantonada do que antes.
  3. Um abandono também é uma desistência. Significa isto que a luta por transformar o Bloco foi perdida?

9 comentários :

lima disse...

ESTE POST PARTE DE DUAS INEXATIDÕES:

- O BLOCO NÃO É DE ESQUERDA;

- O BLOCO NÃO É MARXISTA.

TOUT COURT.

BOA VIAGEM NA COMPANHIA DAS DIREITAS TRADICIONAIS.

BOA TARDE.

A LIMA

Anónimo disse...

Competirá ao Rui Tavares mudar o BE quando é independente?

Quando as coisas começam a atingir a categoria de telenovela só há duas coisas a fazer: arrefecer os ânimos enquanto for possível ou saltar fora. Estes azedumes de comadres ofendidas é uma perda de tempo e um sinal de fraqueza.

Mas numa altura em que, mais do que nunca, é preciso coesão e compromisso, fico na dúvida se terá sido a melhor decisão...

João Vasco disse...

Nas últimas eleições europeias votei no BE, e não escondi que o facto do lugar do Rui Tavares estar em disputa foi um factor muito importante nessa decisão.

Quando soube que por meia dúzia de votos esse lugar foi arrancado da direita, senti que a minha ida às urnas tinha valido muito a pena.

http://ktreta.blogspot.com/2009/06/3-deputados.html

Mais tarde, quando fui acompanhando o trabalho deste eurodeputado, fiquei cada vez mais convicto de que é possível votar em alguém que é eleito, e não nos desilude com o seu trabalho e a forma como me representa enquanto eleitor.

Ainda bem que ele se mantém como eurodeputado. Tenho pena desta divergência com o BE, pois ele tem sido daqueles que mais tem batalhado pela união das esquerdas - uma batalha de mérito - e é triste estar no centro de um episódio de desunião.

Espero que algum ressentimento pessoal que possa ficar não afecte o seu trabalho político.

Luís Lavoura disse...

Rui Tavares não abandona a esquerda marxista, pela simples razão que nunca fez parte dela.

Rui Tavares é, originalmente, um anarquista. Como anarquista, não é marxista.

Ricardo Alves disse...

Luís Lavoura,
o Rui Tavares pertencia ao grupo parlamentar da Esquerda Unitária Europeia, que reúne partidos essencialmente marxistas:

http://en.wikipedia.org/wiki/European_United_Left%E2%80%93Nordic_Green_Left

Transitou para o grupo ecologista.

Daí, o título. (E eu já sabia que o teria de explicar.)

Ricardo Alves disse...

Francisco,
nos últimos dias tenho tentado não postar sobre o BE. Não tenho a ver com o que se passa lá dentro, e o que vem para fora não tem sido bonito. Abri uma excepção neste caso porque muda os dados da questão: se se percebe que havia uma «linha reformista» e uma «linha revolucionária» no BE, parece que a primeira foi derrotada (se o Rui Tavares achasse que o BE pode mudar, ter-se-ia inscrito; mas demitiu-se).

Ricardo Alves disse...

Caro lima,
boa sorte a ser o puro entre os puros. Mas depois não se queixe se acabar sozinho.

Boa tarde, também.

Anónimo disse...

Ricardo,

Mas essa luta interna não existe desde o princípio?

Parece-me que o Rui Tavares ficou farto do debate estéril e contraproducente entre puritanos, mais uma vez reaceso, e saiu na altura em que isso era politicamente compreensível, depois do rombo eleitoral do Bloco.

Ricardo Alves disse...

Não sei, Francisco.