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Aquilo a que se tem chamado "praxe" é essa série de práticas mais ou menos ritualizadas de que são alvo (para não dizer diretamente "vítima") os estudantes recém-entrados nas escolas de ensino superior, antes mais ou menos restritas a Coimbra, mas que hoje, 30-40 anos passados sobre o seu desaparecimento, em plena contestação da ditadura e durante o processo revolucionário, se generalizaram a um conjunto de escolas e de cidades incomparavelmente mais diverso do que no passado.
(...) Grita-se permanentemente ao "caloiro" que ele não pode "olhar nos olhos dos veteranos"; reúnem-se centenas de estudantes num "juramento de praxe" no qual se exige aos "caloiros" declarações solenes de obediência a outros estudantes que, um/dois anos mais velhos, se tanto, por terem passado pelas mesmas experiências humilhantes, pensam ter ganho o direito de as infligir a outros recém-chegados. Entoam-se refrões com que se pretende sublinhar a "superioridade" de uma determinada escola/curso, que podem chegar a impronunciáveis grosserias que, permitam-me, fazem rimar a sigla ISCTE com órgãos sexuais masculinos sempre em pé...Sucedem-se exercícios a que se obriga os recém-entrados, repetidos até à náusea, numa auto-humilhação que os torna terrivelmente constrangedores, quase todos centrados numa paródia psicótica da sexualidade: forçam-se estudantes a repetir, um a um, perante os seus colegas, em cima de uma mesa, quadras grosseiras sobre o seu pretenso gosto em práticas homossexuais; simulam-se em público, perante centenas de colegas, atos sexuais, enquanto os "caloiros" verbalizam expressões de prazer que lhes são impostas; num caso, um "caloiro" deve esfregar terra e bosta húmidas no cabelo de uma colega sua e simular que a penetra analmente...
O filme deixa-nos incrédulos. Como é possível que milhares de jovens que entram anualmente no ensino superior, se sujeitem a semelhante humilhação psicológica, afetiva, física?! E como é possível que banais estudantes universitários (que não são propriamente membros de seitas neonazis ou de claques de futebol) a pratiquem, em Portugal, no séc. XXI? É um jogo, dizem-me, uma "brincadeira". Na qual, para espanto meu (ou talvez não...), não há um sorriso, uma gargalhada da parte das vítimas/protagonistas deste disparate todo, o que é parte intrínseca do ritual! Grita-se, insulta-se, suja-se, magoa-se... Um teatro da provação, da submissão do dominado a quem se exige que a aceite, e da tortura sádica da parte do que representa o papel do dominador. Digam-nos o que disserem, é inaceitável não se perceber as consequências psicológicas e morais de semelhantes rituais.
A grande maioria destes rituais foram filmados (e são realizados) dentro das faculdades, ou no perímetro imediatamente exterior, o que incumpre abertamente a lei. (...)» (Manuel Loff; via Insurgente)
Relatório e Contas. Resumo da Semana
Há 1 hora
2 comentários :
Isc té com quê?
há 40 anos que a praxe desapareceu?
adonde...nos anos 70 até os do 6º ano amochavam os do 5º
praxe de lisboa nunca parou em 1975 havia cá umas praxes qu'eram três MRPP's em cima de duas JC(entrista) que us comunas só phodiam entre eles
tinha uma bizinha que foi para letras no Hiver de 74 que em 75 nã sabia se o filho era do Vitor (Baptista) s'era das praxes ou se era dos arrimos nas manif's
havia um a quem chamavam o animal
que cobria toda a caloira que lhe aparecia 6 anos em Cu-in-bra 4 no técnico e 5 na cidade unibersitária 1972-1987 saiu com a idade do Passos e umas trinta pretinhas a mais (havia muyta retornada na faculdada atão ódespois de Ciências pegar fogo...aquilo era uma praxe que te havias...
até apareciam de tempos a tempos umas notícias em jornais unibersitários e panfletos à pressão a falar de excessos
até uma de falsa camaradagem com...
mas praxes a sério isse foi nos politecos e unives e institutes unibersitários do interior
os rythos de passage assis como os jorges rittos são unibersais
há rythos militarões o rhitus do professor ass ó chiado a chiar ó pé do catedráticus...
há tantos rites...nas unives protuguesas e tantas praxes
e nos institutes sô?
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