sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Porque vou votar a favor de Manuel Alegre

Nos últimos anos Manuel Alegre abraçou um projecto que, a meu ver, tem mérito. Tentou construir pontes entre as esquerdas.
No entanto, muitos - de ambos os lados - não querem tais pontes para nada. O sectarismo ds partidos da esquerda, que tantas vezes dá vitórias à direita, foi aqui mais que evidente. Muitos no PS não vão votar num candidato apoiado pelo BE, muitos no BE não vão votar num candidato apoiado pelo PS.
O meu voto a favor de Manuel Alegre é um voto contra esse sectarismo. Eu quero um país onde os partidos de esquerda se possam aliar, como acontece com os partidos da direita, porque sei que isso vai resultar em políticas mais à esquerda.
Um mau resultado de Manuel Alegre é um grito da esquerda a dizer que jamais se unirá. Eu não quero contribuír para fazer essa afirmação. Como eleitor que várias vezes votou no PS e no BE, lamento profundamente este sectarismo. É também contra ele (e não só contra Cavaco) que vou votar em Manuel Alegre.

Mas o meu voto em Alegre não é só um voto contra Cavaco e contra o sectarismo da esquerda. É também um voto a favor de um candidato que mostrou colocar a lealdade para com os seus valores acima da obediência à hierarquia do seu partido. Num Presidente da República isto é importante. É também um voto a favor de um candidato que sabe usar a palavra, quer sendo capaz de exprimir ideias, quer inspirando - e a este respeito seria difícil melhor que um poeta. Num Presidente da República, dada a dimensão simbólica do cargo, isto é importante.

É também um voto a favor de um candidato que, sem estar comprometido pelo apoio a regimes não democráticos (como Francisco Lopes), afirma claramente querer proteger a constituição no que diz respeito à gratuitidade e universalidade do Serviço Nacional de Saúde, centralidade da Escola Pública no nosso sistema educativo, defesa de uma segurança social pública, respeito pelo princípio da Laicidade, e uma série de outras garantias que provavelmente estarão sob ataque nos próximos tempos.

7 comentários :

amsf disse...

Já encontrei o candidato que há-de levar o meu cartão vermelho às elites portuguesas, esse candidato é o José Manuel Coelho.

Palhaço a maluco é o povo que vota sempre da mesma forma esperando obter resultados diferentes!

Filipe Moura disse...

Se o teu voto é contra o sectarismo não deverias, pelo menos nesta altura, referir-te ao suposto "apoio a regimes não democráticos" por parte de Francisco Lopes). Não vejo mesmo qual é a necessidade dessa referência (sectária), no presente contexto. Ninguém entre os apoiantes do Alegre o faz: nem mesmo o Tiago Barbosa Ribeiro. Ou não contas com os votos do PCP numa segunda volta?

cicuta disse...

Como é possível alguém de esquerda votar no candidato do partido que mais à direita governou neste pais (pós 25 de Abril),que é apoiado pelo maior filho da dita que este país conheceu pós 25/04. Mesmo que a razão me diga que o deveria fazer a emoção torna-o impossível.
À segunda volta se existir lá vai o voto no multi reformado com subsidio de reintegração e subvenções vitalícias.

Ricardo Alves disse...

Filipe,
tens que distinguir o que é o projecto de sociedade e o que são as convergências tácticas...

Filipe Moura disse...

Eu distingo isso muito bem. O João Vasco é que me parece que não!

tempus fugit à pressa disse...

tens que distinguir o que é o projecto de sociedade ...

pois um país de projectistas com obras em papel

mais P...Alegres Poetas claro

Cales noacki

João Vasco disse...

Filipe Moura, tens alguma razão. Já que é um texto em que explico porque estou a favor este candidato e não contra os restantes, os parentesis a que te referes eram perfeitamente escusados.
A fazer essa crítica a esse candidato em particular poderia ter feito uma série de outras a outros.