Votar em pessoas pode ser difícil, votar em partidos é geralmente mais fácil. Em cada indivíduo há algo de que não gostamos: ou aquilo que disse daquela vez, ou o que fez ou deixou de fazer, enquanto nos partidos há sempre uma ideia ou uma ideologia, com que se pode concordar mais ou menos mas que se mantém de eleição para eleição, e há vários candidatos, quando não gostamos do cabeça de lista podemos gostar do outro que vem a seguir, e sempre votamos para uma fatia da representação, não colocamos toda a representação numa única pessoa.
Somos sempre, portanto, mais exigentes ao votar numa presidencial. Mais dados a voltas no estômago e a amargos de boca. A menos, claro, que haja uma identificação total com um certo candidato, uma aura à volta dele, que o coloque «naturalmente»(?) como uma cabeça acima da multidão, tipo César. Coisa de que não gosto muito, honestamente. Por vezes até me interrogo se não será pouco republicana a ideia de confiar a chefia do Estado a um único cidadão, mesmo que por tempo limitado. Quem o controla a ele? Como se pode removê-lo do cargo? Não seria melhor ter um órgão colegial no topo do Estado? Há a diplomacia internacional, eu sei, que pressupõe um chimpanzé por cada Estado, e se mudar todos os anos ninguém sabe quem ele é (ver o caso da Suíça)...
Enfim, é o sistema que temos. E a legitimidade popular sempre me parece melhor do que eleger o Presidente no Parlamento.
Cavaco termina esta campanha mais ferido do que alguma vez lhe aconteceu em toda a sua longa carreira política. Desconfio que uma boa parte dos cidadãos, mesmo dos que votarão nele no domingo, lhe perdeu definitivamente o respeito. Pelas más companhias, pela falta de visão num momento de crise, pela persistência no silêncio e na arrogância (que passavam sem crítica nos anos 80 da RTP da era Moniz, mas que no momento dos blogues, do youtube e do twitter são relíquias do Conta-me como foi), por não ter explicado o que teria mudado do que fez no mandato que agora termina, por não explicar se reconduzirá Fernando Lima. E por finalmente sabermos que não é mais do que aquilo que vemos há trinta anos, mesmo naquela que deverá ser a última campanha da sua vida. Não aprendeu com os erros nem melhorou com o tempo. Manteve-se o que é, que não é grande coisa.
Alegre fez uma campanha menos solta do que em 2006. Talvez por ser apoiado por dois partidos (três, no final). Estava mais à vontade quando concorreu sem o apoio de partido algum. Mas não há partidos nesta eleição. Vota-se numa pessoa, num único indivíduo, e quem não entende isso não entendeu o que é uma eleição presidencial.
Quem ficar em casa estará a contribuir para a eleição de Cavaco, como estará quem votar nulo ou branco. Quem diz que é indiferente a eleição de um ou de outro não vive no mundo real. Quem acha mais repulsivo o apoio do BE do que a eleição de Cavaco Silva, está do outro lado. Eu voto Alegre, pelo Estado social, pela sua capacidade de imaginar o mundo e a Europa para além daquilo que está, pelo seu empenho em romper os sectarismos das esquerdas e por uma certa ideia da República. Mesmo que Alegre perca, farei a minha parte.
Somos sempre, portanto, mais exigentes ao votar numa presidencial. Mais dados a voltas no estômago e a amargos de boca. A menos, claro, que haja uma identificação total com um certo candidato, uma aura à volta dele, que o coloque «naturalmente»(?) como uma cabeça acima da multidão, tipo César. Coisa de que não gosto muito, honestamente. Por vezes até me interrogo se não será pouco republicana a ideia de confiar a chefia do Estado a um único cidadão, mesmo que por tempo limitado. Quem o controla a ele? Como se pode removê-lo do cargo? Não seria melhor ter um órgão colegial no topo do Estado? Há a diplomacia internacional, eu sei, que pressupõe um chimpanzé por cada Estado, e se mudar todos os anos ninguém sabe quem ele é (ver o caso da Suíça)...
Enfim, é o sistema que temos. E a legitimidade popular sempre me parece melhor do que eleger o Presidente no Parlamento.
Cavaco termina esta campanha mais ferido do que alguma vez lhe aconteceu em toda a sua longa carreira política. Desconfio que uma boa parte dos cidadãos, mesmo dos que votarão nele no domingo, lhe perdeu definitivamente o respeito. Pelas más companhias, pela falta de visão num momento de crise, pela persistência no silêncio e na arrogância (que passavam sem crítica nos anos 80 da RTP da era Moniz, mas que no momento dos blogues, do youtube e do twitter são relíquias do Conta-me como foi), por não ter explicado o que teria mudado do que fez no mandato que agora termina, por não explicar se reconduzirá Fernando Lima. E por finalmente sabermos que não é mais do que aquilo que vemos há trinta anos, mesmo naquela que deverá ser a última campanha da sua vida. Não aprendeu com os erros nem melhorou com o tempo. Manteve-se o que é, que não é grande coisa.
Alegre fez uma campanha menos solta do que em 2006. Talvez por ser apoiado por dois partidos (três, no final). Estava mais à vontade quando concorreu sem o apoio de partido algum. Mas não há partidos nesta eleição. Vota-se numa pessoa, num único indivíduo, e quem não entende isso não entendeu o que é uma eleição presidencial.
Quem ficar em casa estará a contribuir para a eleição de Cavaco, como estará quem votar nulo ou branco. Quem diz que é indiferente a eleição de um ou de outro não vive no mundo real. Quem acha mais repulsivo o apoio do BE do que a eleição de Cavaco Silva, está do outro lado. Eu voto Alegre, pelo Estado social, pela sua capacidade de imaginar o mundo e a Europa para além daquilo que está, pelo seu empenho em romper os sectarismos das esquerdas e por uma certa ideia da República. Mesmo que Alegre perca, farei a minha parte.
2 comentários :
Os Triunviratos também não resultam
Por vezes até me interrogo se não será pouco republicana a ideia de confiar a chefia do Estado a um único cidadão, mesmo que por tempo limitado
E o que chefia ele ?
Pouco ?
A reeleição Cavaquista dará mais uns anitos ao Euro em Portugal
Impedirá a espiral inflacionista até idos de 2013 pelo menos
Que mergulhará os portugueses envelhecidos e o seu escudo
num déficit africano crónico
Alegre é o Típico P-Alegre P de Poeta ou de Político ou de...
Cavaco mesmo xéxé está mais lúcido do que um alegre caçador Simão e homem de cultura que após 74 se chateou com o trabalho político que lhe deram vitaliciamente
É o Vlacav Havel português
inepto politicamente e economicamente
(Soares Sampaio e Eanes só o eram economicamente)
Cavaco foi inepto porque lhe convinha
Calculista amoral
seria preciso outro candidato?
obviamente
mas num país cujas leis são o garante do suicídio nacional
votar para quê?
Não vai haver dinheiro para os funcionários daqui a uns meses
Caminhamos para o colapso devido a egoísmos
Que se lixem as presidenciais
Com Cavaco será muito mau
Com Alegre seria mais rápido e mais disfuncional
Ide ler
http://jumento.blogspot.com/2011/01/obrigadinho.html#links
Estão lá as verdades todas.
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