A verdade é que muitos dos tristes episódios que marcaram o mandato anterior denunciaram o elevado conservadorismo de Cavaco Silva, como que traindo-o, mas muitos deles foram mais simbólicos que consequentes. Cavaco Silva mencionou o dia da «raça», mas não vetou a lei do casamento homossexual.
Isto acontece porque falta a Cavaco Silva coragem política. Como o Presidente acreditava precisar, para a sua reeleição, dos votos socialistas (durante os vários anos em que a esquerda correspondeu à maioria do eleitorado), Cavaco teve o cuidado de não afrontar este eleitorado com decisões consequentes em coerencia com a ideologia em que acredita. Cavaco pôs, para bem da esquerda, o cálculo político à frente das suas convicções pessoais.
Num segundo mandato, no entanto, o mesmo não irá acontecer. Cavaco não corre o risco de não ser reeleito pois não poderá voltar a candidatar-se, faça o que fizer. E aí conheceremos o verdadeiro Cavaco Silva. Um presidente com uma acção coerente com as suas crenças, pois tal não exigirá qualquer coragem da sua parte.
É importante, por isso, que Cavaco Silva não ganhe as eleições, mas que se as ganhar ganhe com o mínimo capital político que lhe for possível conferir.
Sem comentários :
Enviar um comentário