- «(...) Jean-Luc Mélenchon soube segurar a trincheira, mas também soube rebelar-se quando foi preciso. Cansado da moleza do Partido Socialista francês, saiu escrevendo um manifesto contra a submissão permanente do centro-esquerda. O título era “agora chega!” — ça suffit comme ça! Mas o seu cansaço, que o levou a formar o Partido de Esquerda e a procurar uma aliança com os comunistas, era tanto contra a moleza do PS como contra a inconsequência da esquerda radical francesa. O Novo Partido Anticapitalista, de Olivier Besancenot, cheio da sua arrogância purista, quis ficar de fora de uma aliança que teria (entre outras conquistas) “roubado” o lugar de eurodeputado a Jean-Marie Le Pen. Hoje desapareceu.
- Jean-Luc Mélenchon é hoje candidato a “terceiro homem” nas eleições francesas. Nenhuma sondagem lhe dá menos de dez por cento, algumas dão-lhe quinze ou mais, e algumas até o põem à frente de Marine Le Pen, o que desejo fervorosamente que ele consiga. Muita gente declara-se surpreendida. Eu não.
- (...) Na Grécia, que terá eleições no próximo dia 6 de maio, há uma aventura semelhante — a da Esquerda Democrática. A Esquerda Democrática é uma coligação entre duas cisões, uma vinda dos socialistas e outra da esquerda radical: é como se em Portugal a ala esquerda do PS se aliasse aos bloquistas mais abertos. Em apenas um ano, estão nas sondagens acima dos dez por cento, e já apareceram em primeiro à frente de todos os outros partidos de esquerda.
- Em Itália, temos a “Esquerda, Ecologia e Liberdade”, de Nicchi Vendola, governador da Puglia. Há diferenças entre esta gente toda. Mas há uma coisa em comum: quiseram correr riscos e fazer parte da solução. Porque hoje há soluções para lá de manter a trincheira. Mas é preciso tentá-las.» (Rui Tavares)
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Revista de blogues (19/4/2012)
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