domingo, 15 de abril de 2012

A Primavera Global está a Chegar!

Comunicado de imprensa lido no Chiado


«Somos a Primavera Global PT. Este não é um manifesto mas um apelo à acção pela reconstrução do comum.

Somos uma rede composta por cidadãos e cidadãs, activistas, movimentos sociais, colectivos e associações,... e por todas e todos os que, em conjunto, de forma pacífica e descentralizada, com diversidade e autonomia, queiram construir e concertar novos modelos de organização, sustentáveis, solidários e mais democráticos.

Promovemos a Igualdade e a Liberdade e somos contra qualquer tipo de discriminação - de género, racista, fascista, xenófoba ou outra.

Somos a Primavera Global PT. A Primavera Portuguesa que se associa à Global Spring - um apelo internacional que lançou uma nova data de Acções Globais - de 12 a 15 de Maio. Chegou a altura de juntarmos uma vez mais as vozes numa acção global.


Por isso, a 12 de Maio sairemos à rua não só em Lisboa mas em várias localidades do país. Propomos a multiplicação de iniciativas que, no mês de Maio, façam confluir novas narrativas inclusivas…narrativas que hão-de emergir das ruas, praças, locais de trabalho, bairros, por pessoas que procuram criar laços comunitários alternativos. Faremos de Maio um mês em que as Ideias Saem À Rua. A Primavera de novas ideias para um futuro diferente.




Somos pessoas que se organizam, exigem e criam trabalho com direitos; que combatem a discriminação e a opressão; que reclamam direitos de cidadania para todos e todas; que reclamam educação e cultura; jovens, idosos, famílias, pessoas que se fazem ouvir à escala global.

2011 ficou assinalado por diversos protestos em todo o mundo, das primaveras árabes, aos movimentos de Indignação na Europa, ao Occupy nos Estados Unidos, entre tantos outros. Inúmeros colectivos locais, iniciativas de transição, assembleias de bairro ou movimentos sociais, organizaram-se numa contestação inédita propondo alternativas a uma sistema em falência, promovendo espaços de reflexão mas também criando novos modos de gestão colectiva e de partilha comunitária.

Acreditamos que a utopia se constrói no dia-a-dia, quando tomamos o mundo nas nossas mãos. Essa é também a nossa revolução: a construção de uma sociedade alternativa e a promissora capacidade de mudança em cada um de nós. A crise económica, a precariedade da vida e a destruição do planeta que ameaçam o futuro da humanidade são fenómenos globais e exigem respostas globais, mas também acções locais e de cada um nós.

Todos juntos queremos criar um comum mais humano. Por isso, não defendemos apenas a responsabilização sobre a corrupção no exercício do poder, não lançamos apenas auditorias cidadãs para apurarmos a verdade; não exigimos apenas que os bancos sejam responsabilizados pela crise que desencadearam; ou lutamos apenas pela defesa dos serviços públicos e dos recursos estratégicos do país; não reclamamos apenas liberdade de expressão na rua e Internet livre; não reivindicamos apenas trabalho com direitos e direitos de cidadania para todos e todas, somos também apologistas de uma economia social solidária, responsável e criativa, que promova modos de vida mais sustentáveis, que não ponha em risco o nosso presente e o futuro dos nossos filhos e que não destrua o nosso planeta. E, por isso, queremos reinventar a democracia, inspirados em valores como a participação, partilha, transparência, justiça social e a protecção ambiental.

Para nós a realidade e a construção de um mundo mais justo não passam pela negociação política, no sentido tradicional de competição e distribuição de poder. Interessa-nos o que está acontecer à nossa volta nas fábricas, escolas, prisões, empresas, bairros, aldeias e famílias. Queremos criar um sistema em rede de apoio e inter-ajuda. Em nosso entender, a indignação pode dar agora lugar, de forma articulada, à produção de novos imaginários mobilizadores e inclusivos.

Por isso apelamos a que todos se juntem neste propósito de construirmos juntos o futuro. E o apelo é o de desenharmos, debatermos e organizarmos aquela que poderá ser a Primavera Global.Pt, em vários pontos do país, onde este apelo de indignação e mudança se faça sentir.

A Primavera está a chegar,
Faremos dela um maio, maduro maio!
Primavera Global PT »

11 comentários :

Ricardo Alves disse...

João Vasco,
qual é a relevância deste manifesto?

Parece mais uma «organização de fachada» da habitual combinação Ruptura/FER + uns tantos anarquistas...

João Vasco disse...

Ricardo,

A relevância do manifesto depende da adesão que se vier a verificar.

Se as pessoas não aderirem, talvez a descrição que faças não seja tão errada: estarão lá os movimentos de Transição, o Ruptura/FER, os Indignados, os Anonymous e mais alguns movimentos (alguns dos quais mais ligados ao BE, outros mais independentes), uns pequenos outros maiores, e o interesse será reduzido.
Ainda assim devo dizer que a Plataforma 15 de Outubro (suponho que era a ela que te referias), que hoje está moribunda, foi durante largos meses a oposição «organizada» mais eficaz e mobilizadora ao actual governo. Mas enfim, pretende-se que este evento seja mais que isso.

Se, pelo contrário, as pessoas aderirem, existe potencial para que este evento se torne num novo despertar para a cidadania para muita gente, um novo «12 de Março». É isso que espero.

João Vasco disse...

«um novo «12 de Março»»

Aliás, existe potencial para que este evento possa ir mais longe que o «12 de Março». Não ao nível da quantidade de gente, mas pelo facto de não se limitar a uma manifestação.

Filipe Moura disse...

"Avante, camarada, avante, camarada, o sol brilhará para todos nós!" Neste caso, é o sol da primavera.

"Promovemos a Igualdade e a Liberdade e somos contra qualquer tipo de discriminação - de género, racista, fascista, xenófoba ou outra."

A minha grande discordância com este manifesto tem a ver com esta frase, e não tem só a ver com a estafada dicotomia liberdade/igualdade. Tem a ver com a não discriminação, nomeadamente de pessoas de direita. Eu cada vez estou mais direitófobo.

Ricardo Alves disse...

Não acho que isto tenha grande potencial:

1) «Acreditamos que a utopia se constrói no dia-a-dia»;

2) «Para nós a realidade e a construção de um mundo mais justo não passam pela negociação política, no sentido tradicional de competição e distribuição de poder»;

3) «a indignação pode dar agora lugar, de forma articulada, à produção de novos imaginários mobilizadores e inclusivos».

João Vasco disse...

Não tenho problema algum com os pontos 1 e 3.

Quanto ao ponto 2, o mal é que pode querer dizer muitas coisas muito diferentes... Mas não é por isso que vou negar o potencial desta iniciativa.

Sinto que fazem falta iniciativas mobilizadoras, que façam as pessoas sentir-se verdadeiramente cidadãs, donas do nosso destino colectivo.

Vêm-me à cabeça as palavras do André Freire neste vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=zVP2DAxtkOI

João Vasco disse...

«"Avante, camarada, avante, camarada, o sol brilhará para todos nós!" Neste caso, é o sol da primavera.»

Eh!Eh!Eh!
Há muitas canções que fazem a ligação entre a utopia que chegará e a Primavera. Lembro-me logo do álbum «Cantigas de Maio» do Zeca Afonso, cheio delas.

Terão havido erros e problemas com a ideologia comunista, mas algum optimismo e esperança parecem-me positivos e hoje estão bastante em falta. Somos mais prejudicados por cinismo em excesso do que por excessiva esperança.

«O que faz falta é animar a malta».


Quanto à não discriminação da direita, verás que (infelizmente?) ela faz o trabalho sozinha: ela auto discrimina-se e não quer comparecer.
E se eu estiver errado será bom sinal: será sinal de que existirá mesmo muita mobilização. Que terá consequências...

Ricardo Alves disse...

«a Plataforma 15 de Outubro (...) que hoje está moribunda, foi durante largos meses a oposição «organizada» mais eficaz e mobilizadora ao actual governo»

As manifestações da CGTP foram mais numerosas e tiveram mais gente. Portanto, foram mais mobilizadoras. Quanto à eficácia, não dei conta de que o governo tivesse recuado fosse no que fosse. Portanto, a eficácia é a mesma: zero.

João Vasco disse...

Nessa altura nenhuma manifestação da CGTP teve tanta gente como a de 15 de Outubro. Talvez tenham conseguido mais que as seguintes, visto que houve uma diminuição sucessiva.

Ricardo Alves disse...

Com aquelas ideias e aquele vocabulário, não tem potencial para nada disso.

Anónimo disse...

Parece que as ideias são pobres, as frases feitas, as pessoas as mesmas. No governo, mais do mesmo, ou pior. Na rua, mais do mesmo. Assim, prevejo que o País fique na mesma, ou pior.

O Governo acha que sabe muito bem o que está a fazer, melhor que os portugueses, e governa por cima deles. Nas manifestações, há feudos que fazem o mesmo: acham que sabem muito bem o que estão a fazer e espezinham tudo o que quiser alternativas ao "não pagamos", "a luta continua" e os batuques e feiras hippies do costume.