segunda-feira, 30 de abril de 2012

Grécia: subida dos anti-tróica mas tudo na mesma?

As eleições na Grécia (já no domingo) têm merecido pouca atenção nos media e na blogosfera (com uma excepção). E no entanto, vai a votos o país que vai «um ano à nossa frente» na espiral da crise.

A confirmarem-se as sondagens, os resultados não serão muito tranquilizadores para a esquerda. O PASOK, como era de esperar, será quase varrido do mapa (passará de 44% para uns 15%). A esquerda mais radical beneficia, mas (atendendo às circunstâncias) muito pouco: o KKE (os únicos comunistas da UE «antiga» mais estalinistas do que o PCP) passarão de 7,5% para 10%; já o SYRIZA (o BE lá do sítio) irá de 4,5% para 11%. Portanto, numa situação que já foi descrita quase como «pré-revolucionária», os «revolucionários» terão cerca de 20%. A Esquerda Democrática (equivalente a uma união entre dissidentes do BE e do PS) que se apresenta pela primeira vez e é anti-tróica mas não anticapitalista, terá uns 8%. Ou seja, a esquerda «anti-tróica» ganhará votos e deputados, mas no meio de uma crise criada pelo capitalismo a esquerda como um todo perderá bastante.

A direita até pode ganhar. A Nova Democracia, lado direito do bloco central grego, comprometida como está com o troiquismo, é certo que perde: irá de 33% para uns 23%. Os seus dissidentes «anti-tróica» (o ANEL) terão uns 10%. O LAOS, que era descrito por toda a imprensa como «extrema-direita» antes de ir para o governo, passa de 5,6% para 3,6%, enquanto os neo-nazis (é o termo apropriado) surgem com 5%. A direita anti-tróica também deve ganhar votos e deputados.

Este cenário é confuso para um país em que o bloco central costumava esmagar. A pulverização partidária é agora enorme (há ainda os ecologistas e outros partidos de dissidentes, mas a minha paciência não chega lá). O sistema eleitoral simplifica: com 40 deputados de «jackpot» para o partido mais votado e imensos círculos eleitorais, a proporcionalidade entre votos e deputados nunca existiu e obviamente existirá ainda menos desta vez. O mais provável, ironia das ironias, é que o novo parlamento grego tenha uma maioria pró-tróica com os dois actuais partidos de governo: a Nova Democracia e o PASOK. Ou seja, ficará tudo na mesma. Com a pequena diferença de que os «anti-tróica» terão todos «subidas» para os motivar (e alentar novos protestos).

8 comentários :

João Vasco disse...

O «like» não está a funcionar...

Ricardo Alves disse...

Vê lá se funciona agora...

João Vasco disse...

não..

Igor Caldeira disse...

Crise provocada pelo capitalismo? O capitalismo tem costas largas. Não será antes crise provocada pelo estatismo? Foi o défice público que atirou a Grécia para a crise.

Em todo o caso, é verdade que as forças anticapitalistas terão a maior parte dos votos. Porque o anticapitalismo não é um monopólio da esquerda, mas apanágio de todos os extremismos.

Ricardo Alves disse...

Grrrr....

E estou sem paciência para mexer nessas coisas...

Ricardo Alves disse...

Não sei onde está o estatismo em deixar os bancos fazerem o que querem.

Ah, e se acha que os «anticapitalistas» terão a maioria dos votos, está a fazer mal as contas.

João Vasco disse...

«O capitalismo tem costas largas. Não será antes crise provocada pelo estatismo? Foi o défice público que atirou a Grécia para a crise. »

Foi uma crise provocada pela desregulamentação financeira. Começou em 2008, e ainda não parou. Não se limitou à Grécia, nem aos países mais «estatistas», pelo contrário (passou ao lado do Canadá, que tinha um bom controlo do sistema financeiro, não provocou grandes problemas na Escandinávia, etc..).

Maquiavel disse...

Este Igor é como o outro (seräo a mesma pessoa?)... a Reserva Federal, a Goldman Sachs, a Stanley Morgan, Moody's e Fitch, säo tudo entidades do Estado. A sério, ignorem gente dessa.