terça-feira, 17 de abril de 2012

As propinas da Universidade Católica vão baixar?

Se a ICAR está tão preocupada com o abandono no Ensino Superior e sugere «não aumentar o valor das propinas, reforçar o montante do Estado para a Acção Social e tornar mais justos os critérios de atribuição de bolsas», não sei porque se dirige ao Estado. Poderia tomar a iniciativa e baixar as propinas na Universidade Católica. Ou aumentar as bolsas nessa Universidade.

26 comentários :

António Parente disse...

http://www2.ucp.pt/site/custom/template/ucptpl_srv.asp?sspageID=995&lang=1

Sérgio disse...

Sim, existe... foi aumentado? vão reduzir o preço da propina?

Fizeram o que recomendam às Universidades Públicas?

Ricardo Alves disse...

António Parente,
o Sérgio tem razão: a questão não é se existem apoios. É se os vão aumentar. Mais amplamente, a questão é a ICAR pedir ao Estado o que não exige à Universidade Católica.

Porfirio Silva disse...

Acho um bocado estranho que o debate acerca do que deve fazer o Estado se misture com o debate acerca do que devem fazer as instituições privadas. Não quero dizer que não tem nada a ver uma coisa com a outra; quero dizer que colocar as coisas no mesmo plano, mesmo que pontualmente sirva para atacar a ICAR, pode implicar pressupostos muito duvidosos.

Ricardo Alves disse...

Porfírio,
um braço da ICAR pede ao Estado que faça o que não pede a outro braço da ICAR. A questão é essa.

Irreligious disse...

Eu estudei na UCP com bolsa - eles fazem o que podem:

http://www2.ucp.pt/site/custom/template/ucptpl_srvhome.asp?SSPAGEID=985&lang=1

A UCP para todos os efeitos è "Privada" - já não tem (e assim é que está certo) apoios do Estado.

Está-se aqui a falar de Ensino Superior Público.
Não entendo porque é que de um argumento de uma instituição (ICAR) que é verdadeiro, e aponta algo muito grave neste Pais (só estuda quem é "filho de"), se passa para ataques à UCP.

Porfirio Silva disse...

Ricardo, a política pública é um problema público, não é um problema de alguns privados. O contributo para o debate púbico deve ser entendido como tal: forma de apurar quais devem ser as políticas públicas. Supõe que eu defendo publicamente que o Ministério da Educação não deve autorizar os professores a mandar TPC aos alunos; tu vens perguntar-me se eu obrigo os meus filhos a fazer os TPC, para apurares da minha coerência. Se fizesses isso eu mandava-te passear; porquê? Porque o plano das políticas públicas é diferente do plano das "políticas privadas", salvo em casos bem identificados, como os direitos fundamentais, que não têm esconsos. Pior: o que se está a fazer com este "escrutinio" é a dar à ICAR um estatuto especial, tipo para-público.

Porfirio Silva disse...

A UCP tem apoios do Estado, sim senhor.
Quanto ao resto, concordo que a ICAR suscitou um problema importante, que deve ser ajuizado por essa importância e não por qualquer raiva sistemática contra a ICAR ou qualquer organização legal.

António Parente disse...

Ricardo Alves

Se a Igreja Católica está preocupada com o ensino superior público então s sugestões da conferência episcopal estão correctas. Não percebo como é que baixando o valor das propinas e aumentando as bolsas da UCP isso resolvesse os problemas do ensino superior público. Ou serã que o Ricardo pretende que os alunos das universidades públicas vão estudar para a Católica?

Ricardo Alves disse...

Porfírio,
há a política do Estado e há a política pública. As empresas privadas também estão sujeitas a escrutínio, crítica e exigências públicas. É por aí que as suas comparações com os TPC´s dos nossos filhos não colhem.

Estou exasperado com um debate mediático em que tudo se pede e exige ao Estado, mas se trata os privados como uma selva em que tudo se pode fazer e onde nada se pode exigir, e onde até um mínimo de coerência é dispensável (caso do post que estamos a comentar).

Posso dar outro exemplo: o centrar do debate sobre direitos laborais na situação dos funcionários públicos e das grandes empresas públicas, quando as condições laborais no privado são muito piores e estão a ressentir-se da crise muito mais. Não há nada a dizer quando são privados? Podem fazer o que quiserem? E se o Soares dos Santos leva o Pingo Doce para a Holanda está no seu direito, mesmo depois de ter andado na TV a criticar a política do Estado? Não permito saídas tão simples.

Ricardo Alves disse...

A UCP já teve um subsídio anual do Estado, fixo e gordo, que não era concedido a mais nenhuma Universidade privada. Terminou creio que com Augusto Santos Silva.

«Irreligious», veja o meu comentário anterior ao Porfírio.

Ricardo Alves disse...

O que eu pretendo é que haja um mínimo de coerência. Se a ICAR critica o Estado e lhe exige X, porque não exige o mesmo da sua Universidade?

Porfirio Silva disse...

Ricardo, não percebo essa distinção entre políticas públicas e políticas do Estado. Se o Estado tem políticas que não são políticas públicas, acabe-se com elas, porque se não continuamos numa versão não republicana de soberano.
Acho um pouco estranho que me metas no saco dos que acham que os privados podem fazer o que quiserem. Se alguém tem razões de queixa da forma como a ICAR (a UCP) não respeita os direitos fundamentais, sou eu. Isso toca a todos num Estado de direito. Mas isso nunca me levaria a tentar deslegitimar a ICAR como fazedora de opinião sobre as políticas públicas. Que os privados tenham obrigações (sem dúvida) não transforma o debate público numa reserva de caça onde só cabem aqueles que fazem o que nós achamos bem.
Além do mais, por este caminho (exigimos aos privados que façam isto e aquilo antes de se pronunciarem sobre as políticas públicas) qualquer dia não há actores para debate.

Porfirio Silva disse...

Não sei qual é a forma ou a modalidade do subsídio, mas a UCP recebe dinheiro do Estado, ainda e provavelmente sempre.

António Parente disse...

Então se o Ricardo Alves exigir a construção, pelo Estado, de um aeroporto deverá construir outro para dar o exemplo? Entendeu até onde o pode levar o seu raciocínio?

Sérgio disse...

Non-Sequitur.
Eu explico, bem devagar.
Um individuo possui uma empresa que produz X.
Se esse individuo sugerir que outras empresas que também produzem X, sejam elas públicas ou privadas, implementem esta ou aquela medida então, por uma questão de coerência, deveria começar por dar o exemplo aplicando-as ou ter o cuidado de explicitar porque motivo as suas sugestões não se aplicam a ele próprio.
De contrário é apenas um hipócrita. O que em abono da verdade não é nada de espantar tendo em conta a organização a que pertence.

António Parente disse...

Sérgio

Tente perceber que o escreveu não faz nenhum sentido. Por exemplo, quem defende o financiamento da dívida pública pelo BCE o que deverá fazer? Pegar numa fotocopiadora, começar a emitir notas e entregá-las na repartição de finanças mais próxima? Ou deve tomar de assalto o BCE, demitir a administração e mandar as rotativas imprimir notas e distribui-las pela Europa em camiões TIR? Tem consciência do absurdo daquilo que escreveu? Claro que tem, porque depois tentou arranjar uma teoria que o justificasse. Lá arranjou o "explicitar porque motivo as suas sugestões não se aplicam a ele próprio". Qualquer pessoa minimamente inteligente percebe que não há necessidade da ICAR aplicar o que quer que seja à UCP. O Ricardo Alves, que eu conheço dos blogues há 7 anos e que é uma mente brilhante, sabe-o mas como tem de manter acesa a sua chama anti-religiosa tem de escrever posts deste tipo sabendo das fraquezas da argumentação.

No seu caso, Sérgio, não sei se percebe que a aquilo que se aplica a uma instituição pública não se aplica a uma instituição privada. A questão de afectar mais fundos ao sector universitário é política (ou então o Sérgio é daquela direita que diz sempre que "não há dinheiro"?) governamental: basta o ministro das finanças autorizar e o dinheiro corre célere para as universidades, podendo fazer poupanças noutros sectores (há sempre onde poupar, acredite). Numa instituição privada em que existem receitas e despesas que não estão sustentadas no estado não há essa elasticidade. Se há um défice prolongado, a instituição privada fecha enquanto uma pública com os mesmos problemas é "reestruturada". É tão difícil perceber isto?

Tenha um bom dia, Sérgio. Aproveite o dia para rever a lógica.

Grande abaço, foi um prazer conhecê-lo.



Deixe-me agora explicar-lhe devagarinho: a ICAR pronunciou-se sobre o ensino superior público, a acção social do Estado e as propinas do ensino público. A ICAR não é um Esta
Quanto ao non-sequitur, faz favor de fazer uma revisão dos seus conhecimentos de lógica.

Tenha um excelente dia. Foi um prazer conhecê-lo.

P.S. - Espero que não tenha a ousadia de tentar ofender o Ricardo Alves por ele não me responder. O Ricardo Alves é brilhante e não merece ser maltratado por comenadores menos informados. Eu estarei do lado do Ricardo Alves nesse caso.

António Parente disse...

Ricardo

Veja a segunda parte da resposta ao Sérgio.

Abraço

António Parente disse...

Sérgio

A minha resposta saiu um pouco confusa na parte final porque escrevo a 100 à hora. Me perdoe.

Abraço

Sérgio disse...

Caro António Parente,

A resposta saiu um pouco confusa porque não tem ponta por onde se lhe pegue. Excluindo o tom pedante e professoral, não sobra qualquer ideia sustentável.

O Non-Sequitur existe porque o António Parente é desonesto (repare que não coloco o "intelectualmente"). A posição oficial de uma instituição como a ICAR não está ao nivel da opinião de um particular que não tem qualquer tipo de interesses ou actividades que critica.
Por outras palavras, se eu for o dono de uma escola e reclamar que o estado forneça condições que eu não ofereço na minha escola eu sou um hipocrita. É diferente de criticar a politica do BCE: nem eu tenho um banco central nem pretendo obrigar o BCE a fazer a minha vontade.

E o António Parente sabe bem disso. Apenas se faz de parvo porque é-lhe insuportável a ideia de que a ICAR é hipócrita pois os seus lideres são hipócritas. E os escolhidos do deus e do jesus não podem ser hipócritas, não é?

António Parente disse...

Caro Sérgio

Tenho uma norma muito simples: discuto ideias, não respondo a insultos. Procurei estabelecer um diálogo cordato consigo mas vejo que é impossível.

O que devo fazer? Insistir em explicar-lhe o que manifestamente não entende? Transformar uma conversa que eu pretendo civilizada, de acordo com o que pedem os donos do blog por cima da caixa de comentários, num combate palavroso e insultuoso?

Insultá-lo não o farei porque somos diferentes e no alto da caixa de comentários os donos do blogue dizem não aceitar mensagens puramente insultuosas e eu quando entro nnum blogue procuro respeitar os termos da discussão. Resta-me tentar explicar-lhe pela terceira vez. Não haverá uma quarta vez porque há mais vida para além dos blogues.

O seu erro é colocar a ICAR ao mesmo nível do Estado. Não estão. Nem são concorrentes. O Estado fornece um serviço público à sociedade e pode ser criticado por quem quer que seja que faça parte da sociedade civil. O Sérgio não tem o direito de limitar o direito à crítica, à opinião e à expressão de ideias em função dos seus (do Sérgio) interesses particulares.

Tal com o Sérgio não quer obrigar o BCE a fazer a sua vontade também a ICAR não tem poder para obrigar o Estado a baixar propinas, aumentar bolsas, etc. Exprimiu uma opinião livre sobre um assunto público. Se a ICAR gerisse o ensino superior público, fizesse as críticas e fosse de sua competência tomar as decisões para corrigir o que criticava então aí existia incoerência e hipocrisia.

Ser dono de uma escola privada, de uma empresa, não impede ninguém de criticar aquilo que é público, que é de todos. Não podemos exigir que uns se vejam obrigados a substituirem-se ao Estado e outros tenham todo o direito de tagarelarem e dizerem baboseiras sem qualquer necessidade de justificação. Isso é criar relações assimétricas na sociedade, criar cidadãos de primeira e segunda. Em suma, não é democrático.

Se percebeu, óptimo. Se não percebeu, paciência.

Apesar dos insultos, foi um prazer conversar comigo.

Um grande abraço,

P.S. - Qualquer resposta sua, seja insultuosa ou não, não terá réplica. Não tenho vida para passar o tempo em caixas de comentários de blogues.

Ricardo Alves disse...

Porfírio,
eu sei que poucos como tu conhecem a capacidade dos privados (e em particular da Univ. Católica) de discriminar de uma forma que seria muito mais difícil aos públicos. Justamente.

O debate sobre a política pública não se pode resumir ao que o Estado faz ou não faz. Os privados com responsabilidades públicas (como as Universidades ou outros empregadores) também são «debatíveis». Pouco republicano é concentrar o debate público exclusivamente na política do Estado.

E não te meti em saco nenhum.

Ricardo Alves disse...

Imagino que nesta fase receba os mesmos subsídios que as outras privadas (bolsas sociais, projectos, etc).

Mas já recebeu um subsídio «avulso», considerável, que terminou creio que em 2001. Ver aqui:

http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=918327&audio_id=900292

Ricardo Alves disse...

Exacto, Sérgio.

Ricardo Alves disse...

António,
veja a minha última resposta ao Porfírio. ;)

Sérgio disse...

Caro António Parente,

A sua primeira resposta é toda ela um insulto e, já agora, não é insulto nenhum constatar que foi pedante.

Em relação ao exposto. A ICAR tem tanto o direito de dar sugestões acerca de como a esfera pública da Educação deve ser gerida como eu tenho o direito de lhes chamar hipócritas. A ICAR não está ao nivel de um qualquer cidadão e, sendo proprietária de diversas instituições de ensino que beneficiam igualmente de subsidios estatais deveria ser mais comedida relativamente ao que afirma.

A menos que o tal senhor tenha falado em nome próprio e acho que não foi o caso.

Desta maneira criticar o Estado por retirar apoios e bolsas não me choca. O que me choca é que não pratique o mesmo na sua própria casa. Afinal, uma instituição que é a ICAR e visto que muitos liberais de direita, muitos deles bastante crentes, andam sempre com a sociedade civil na boca, tem aqui uma excelente oportunidade para mostrar um pouco da caridade cristã abrindo, porque não, um programa para permitir o acesso ao ensino a crianças/jovens oriundos de familias carenciadas.

Não o fez preferindo aconselhar o Estado a fazê-lo. Estão no seu direito. Afinal é mais barato ser bonzinho do que fazer o bem.