Há uma década ou mais que os neoliberais nos matracam as meninges com o lema da «liberdade de escolha». Dizem que «querem escolher a escola dos filhos».
Na realidade, sempre puderam. Primeiro, podem escolher entre o ensino privado e o ensino público. Segundo, se escolherem o ensino público podem escolher entre a área de residência e a área de emprego de um dos progenitores. Terceiro, podem seriar cinco escolas na área que escolheram. Há anos que é assim.
Agora, as brilhantemente «liberalistas» cabeças que estão no governo anunciam que «os pais vão ter total liberdade de escolha da escola». Bela treta: a única alteração é que poderão seriar cinco escolas, sejam ou não na área de residência ou de emprego (em meio rural, a oferta é tão pequena que a escolha é inexistente e esta é uma não notícia). E como as escolas não podem aceitar um número infinito de alunos, são evidentemente as escolas que acabam por escolher os alunos, mantendo o critério lógico e natural de os progenitores residirem ou trabalharem na área da escola. E portanto fica tudo na mesma em 98% dos casos. Tanto barulho para isto.
Acontece que a ofensiva da «liberdade de escolha» não termina aqui. Como afirmam claramente os clericais, o objectivo final é alargar o regime de «contratos de associação» de forma a que qualquer escola privada «associada» (com missa obrigatória ou não, com selecção social dos alunos ou não) seja subsidiada pelo Estado na forma do famigerado «cheque ensino». Portanto, os «liberais» querem é subir a renda que as escolas privadas extraem do erário público. O «neoliberalismo», neste e noutros casos, é aumentar a despesa do Estado para engordar os privados.
E como Nuno Crato não hesitou em violar o memorando com a tróica (que previa a redução de despesas públicas com o ensino privado), é de temer que lhes dê o que querem...
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