segunda-feira, 23 de abril de 2012

Sectarismo na esquerda francesa: NPA/LCR e Verdes


A NPA (o novo oleado da LCR) escolheu voluntariamente a via do sectarismo recusando a aliança com Mélenchon, mas muito pior que isso foi a escolha de um candidato absolutamente impreparado para representar o programa da LCR. Mais uma vez a LCR não resistiu ao populismo barato e escolheu um candidato com o único propósito de ir rapar votos a um sector da sociedade sem haver a mínima preocupação de perceber se o candidato estava preparado ou motivado para representar essas ideias. Foi um desastre, Philippe Poutou foi recorrentemente gozado nos debates e entrevistas em que participou pelas inúmeras gafes e desconhecimento completo de alguns dos principais tema políticos e do seu próprio programa político.
Em 2001, em Estrasburgo, tive oportunidade de participar em debates com Alain Krivine. Independentemente de concordarmos ou não com ele, constatei de perto que o homem era uma verdadeira sumidade. Desde então a escolha dos candidatos da LCR/NPA não se processa segundo a capacidade do candidato para transmitir o programa político, mas antes segundo o cálculo do voto que se vai buscar se o candidato é carteiro, ou se usa lenço ou se trabalha na indústria automóvel (ouvir a intervenção Michel Onfray sobre este assunto). O populismo barato e o sectarismo explicam os 1,15% obtidos.


Os Verdes decidiram escolher uma candidata contra Nicolas Hulot, de longe o Verde francês mais popular. Apesar de não se candidatar, há cinco anos as sondagens chegaram a colocá-lo nos 15%. Mas como Nicolas Hulot é um militante recente e não estava suficientemente purificado, a ala mais sectária dos Verdes franceses estendeu-lhe todas as cascas de banana possíveis para evitar a sua escolha como candidato. Conseguiu-o, Eva Jolly foi eleita candidata, mas era uma candidata sem motivação, sem grandes ideias ou estratégias que pudessem encaixar no programa dos Verdes. A sua campanha foi errática, confusa e sem chama como testemunham os 2,3% obtidos. No entanto, é preciso não esquecer que o ponto fraco dos Verdes são as presidenciais, a sua posição contra o sistema presidencialista sempre mobilizou pouco os militantes ecologistas.

6 comentários :

Ricardo Alves disse...

O resultado foi clarificador para a esquerda. Os trostquistas foram reduzidos à insignificância, mostrando a esterilidade da linha estratégica que tu apontas. Os ecologistas mostraram que o seu tempo talvez já tenha passado. O que deixa a esquerda reduzida ao PSF e ao Front de Gauche, que se podem entender futuramente para um governo transformador.

Rui Curado Silva disse...

Mas os Verdes obtem bons resultados nas europeias, regionais e locais. Sempre foi assim nas presidenciais. A excepção seria o Hulot.

Ricardo Alves disse...

O Bloco de Esquerda tem lições a tirar do que se passou em França...

Tá na laethanta saoire thart-Cruáil an tsaoil disse...

então não tem a maioria da juventude silenciosa é pró fascista pelo menos em france

Rui Curado Silva disse...

Nem por isso. O BE tem relações muito fortes com o Front de Gauche, é principal parceiro francês no PE, faz parte do grupo do GUE tal como o BE. Para eles a coisa correu muito bem, graças em parte aos erros dos Verdes. O PSR é que é mais ligado à LCR/NPA. Mas já o foi mais do que é hoje.

Ricardo Alves disse...

Pois Rui, mas a estratégia do BE é mais próxima da do NPA do que da do FG...