sexta-feira, 20 de abril de 2012

Revista de imprensa (20/4/2012)

  • «Há muitos anos, numa entrevista televisiva, o já desaparecido empresário António Champalimaud surpreendeu-me por um rasgo de profunda e sóbria humanidade: interrogado por uma jornalista acerca do motivo que o levara a deixar a paixão da caça, Champalimaud limitou-se a responder que começara a sentir uma espécie de náusea quando compreendeu que a caça estava a contribuir para o desaparecimento de muitas espécies. Não consta que Champalimaud tenha sido presidente honorário de nenhuma organização ecologista, como é o caso do rei espanhol D. Juan Carlos. Limitou-se a ser consequente nos actos com aquilo que lhe parecia ser um imperativo ético evidente. É essa a diferença que separa a profundidade da frivolidade. O Rei de Espanha enverga na lapela o emblema da organização conservacionista WWF, mas continua a matar elefantes, uma das espécies mais emblemáticas e ameaçadas do mundo. A vaga de protestos em Espanha contra esta dispendiosa escapadela cinegética para África do rei de um país com 23 % de desempregados, na mira da especulação financeira, e com um problema de separatismo que só aumentará com a brutal redução do orçamento das autonomias, talvez tenha ajudado a derrubar o mito de que só a monarquia salva o Estado espanhol da fragmentação. O tiro de Juan Carlos talvez não tenha derrubado só um elefante. Ele terá ajudado a dissipar os preconceitos que ainda explicam o absurdo de manter monarquias hereditárias em Estados de direito, onde, como dizia Thomas Paine, só "a lei é o rei"... Contra esta frivolidade monárquica, um pouco de austeridade republicana será uma bênção para a Espanha.» (Viriato Soromenho Marques)

7 comentários :

Luís Lavoura disse...

Surpreende-me ver o Viriato Soromenho Marques, uma pessoa que tenho em elevada consideração, a escrever tais disparates.
Os elefantes são certamente uma espécie emblemática, mas o Viriato deveria saber que não são, de forma nenhuma, uma espécie ameaçada, pelo menos no sul da África.
Aquilo que o rei de Espanha fez nada tem de mal em termos de conservação das espécies. Muito pelo contrário - é necessário limitar o número de elefantes para que eles não dêem cabo do meio ambiente todo (e para que, no limite, eles próprios não acabem todos por morrer).

Maquiavel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maquiavel disse...

Também é necessário limitar o número de idiotas para que eles não dêem cabo do meio ambiente todo.

O melhor elogio ao artigo do Viriato é precisamente o comentário do Lavoura a chamar-lhe "disparates"!!!

António Matos disse...

Desculpar-me-à o Luís, mas o elefante africano (Loxodonta africana) está classificado como uma espécie vulnerável pela IUCN, o que o coloca na categoria de ameaçado (vide aqui -> http://www.iucnredlist.org/apps/redlist/details/12392/0).
Além disso, o que afirma como um facto que não carece discussão ("é necessário limitar o número de elefantes para que eles não dêem cabo do meio ambiente todo e para que, no limite, eles próprios não acabem todos por morrer") está longe de o ser entre os profissionais da conservação. É verdade que a população de elefantes no Botswana é particularmente saudável, e que existe legalmente caça controlada dos mesmos, tal como noutros países. É até verdade que já foi proposto o abate de alguns animais para manter a população controlada. Daí a dizer que é preciso matá-los para que eles não se matem vai muito... quem o ouvir até pensa que acha que antes de haver pessoas a caçá-los os elefantes não existiam por falta de quem lhes controlasse as populações.
Tinha um argumento válido algures aí no meio, escusava era de fazer generalizações.

Banda in barbar disse...

é preciso dar cabo dos elefantes porque dão cabo da agricultura e nunca votaram em nenhuma eleição

além disso o preço do marfim está pela hora da morte
e os machos velhos são sempre super-agressivos

felizmente há uns reys presidentes e ex-primeiros ministros e outros que gostam de dar ao dedo por

60 a 150 mil eurros por elefante apagado
felizmente ainda há elefantes pra tanta gente bem

senão tinham de caçar hotentotes ou outra bicharada que dá cabo do hambiente

Banda in barbar disse...

Peter William Joseph Baxter antigo do Trinity college in dublin publicou em 1996 o 2º de muitos outros sobre o excesso de elefantes numa zona que pode ser considerada uma savana a caminhar para a desertificação há milénios

Concerns over elephant impacts to woody plants in African savannas have highlighted
shifts in vegetation community composition with implications for possible reductions in
biodiversity.
environmental variables (fire and rainfall...que tem sido muy variável na última década)fogo e tree
recruitment.
ora o elefante ao limpar troços de vegetação é um corta-fogo natural
impedindo a regeneração pelo fogo e aumentando a pressão sobre o long-term tree-grass
coexistence and realistic fire frequencies. The tree- grass balance of the model is more
sensitive to changes in rainfall conditions and tree growth rates while less sensitive to
fire regime. Introducing elephants into this model savanna has the expected effect of
reducing tree cover, although at an elephant density of 1.0 per square kilometer, woody
plants still persist for over a century.


a Spatial heterogeneity of the woody plant component increases with
elephant density.

and elephant-enhanced germination cagatória – with elephant preference for either species

logo dizer que o elefante é um factor negativo num shrubland em seca persistente com um rio pertinho
e uma densidade de 60 mil elefantes/60 mil km2
é capaz de ser meia solução exterminá-los

Banda in barbar disse...

Sam M. Ferreira o entomologista from pretoria

Abstract The apparent increase...a área de estimação das populações (ou seja o segmento a partir do qual se estima o tamanho da população tem aumentado logo...aparente ...porque em termos de densidade anda à volta de 1 elefante por km2) considera-se que as populações de elefantes expandiram as suas áreas originais (o que é falso pois comparar com 1973 quando as populações originais tinham sido exterminadas) in elephant Loxodonta
ajricana numbers in northern Botswana is of concern
because it may affect other species. We compared
changes in population growth rates based on elephant
numbers and densities over 1973-2004. Population estimates
and survey details extracted from published and
unpublished sources allowed us to calculate growth
rates. From 1973 to 1993 growth rate was positive when
based on elephant numbers but did not differ from zero
when calculated for densities. This discrepancy may be
because of the significant increase in survey area during
the same period. In contrast, none of the growth rates
differed from zero for time series between 1996 and
Introduction
Botswana supports the largest population of African
elephant Loxodonta africana in any country (Cumming &
Jones, 2005), and numbers are apparently increasing
(Gibson et aI., 1998; Spinage, 1990; Blanc et aI., 2003;
Cumming & Jones, 2005). This has generated concern
about potential adverse effects on vegetation and on cooccurring
species (Sommerlatte, 1976; Colegrave et al.,
1992; Ben-Shahar, 1997; Skarpe et al., 2004) and the
likely increase in human conflict (Bengis, 1996). In such
cases population management is often mooted as a
precaution.
There is a general assumption that elephant numbers
and impact are directly related (van Aarde et al., 2006;
van Aarde & Jackson, 2007). This may not necessarily be
the case because density and, more specifically, the
intensity of land use, may dictate impact. For instance,
elephants in areas with a high density of water sources
have smaller home ranges than those in areas with a low
density of water sources (Grainger et aI., 2005). In small
home ranges elephants may use specific parts of their
ranges more intensely than in large home ranges and
and Sam M.
Ferreira
when the size of the survey area varied little.
We
propose two explanations for these results.

The first
suggests that the population did not grow, while the
second proposes that the population expanded its range
and increased in size...logo nem é con sensual

nem 100 mil ou 150 mil elefantes
fazem mais estragos que os 80 a 120 mil de 97
ou os 120 mil de 1999 quando se começaram a abater por caça furtiva uns centos e depois uns milhares por ano
porque o marfim rende né...e um macho dá para 10 gaijas ou mais

reduz a diversidade genética do elefantado
mas ela já é pequerrucha tanto fax
porque o