quarta-feira, 9 de junho de 2010

Regresso a Israel

Não sei se fui compreendido: o problema principal de Israel, no momento presente, é ser um Estado que existe para proteger uma religião e não todos os seus cidadãos, independentemente das suas convicções religiosas. Enquanto continuar a tratar uma parte da população como párias, Israel dificilmente terá paz. Não se pode ser simultaneamente uma democracia laica e um Estado judeu (ou católico, ou muçulmano...). A própria administração Obama já o terá compreendido.
A continuação da altercação no parlamento israelita (no dia 2 de junho) está no vídeo de baixo (via Blasfémias). A primeira parte foi divulgada aqui.

Quando nem sequer uma deputada pode falar, imagina-se como será no resto da sociedade?

7 comentários :

Anónimo disse...

Uma correção: Israel serve primariamente para defender todos os judeus, o que é muito diferente de defender uma religião. A maioria dos judeus não são religiosos. Por exemplo, os judeus russos que Israel acolheu em grande número ao longo dos últimos 20 anos, e que mudaram drasticamente a demografia, a economia e a política israelitas, são (ou pelo menos eram, à data do seu acolhimento) na sua quase totalidade arreligiosos. De facto, a maioria dos judeus israelitas não é religiosa - a paisagem religiosa israelita é similar à de um qualquer país europeu, com uma maioria da população a ser ateia ou então a só formalmente fingir ter uma religião. Os judeus vêem-se a si próprios como uma etnia, ou um povo, ou uma nação, mas não como uma religião; um judeu continua a sê-lo mesmo que abandone a religião judaica.

Luís Lavoura

Anónimo disse...

"Enquanto continuar a tratar uma parte da população como párias, Israel dificilmente terá paz"
Estás a referir-te ao 1.5 milhões de àrabes israelitas?
Párias estes cidadãos?
Párias com partido político e parlamentares para defender os seus interesses e direitos?
Mas que visão essa de Israel?
É só calinadas mixordeiras, sempre a diabolizar e a nazificar Israel.

O Luís Lavoura passou-te um sabonete magistral, e pôs a nu a tua canhota ignorância ou má fé, sei lá!...

"O Estado de Israel existe para proteger uma religião etc e tal."
ainda acrescento: Israel é uma democracia ao contrário de todos os países muçulmanos (seria um paradoxo espantoso assimilar islão e democracia) e uma barragem ao islão que tu, como qualquer defensor da democracia e inimigo da barbárie deveria defender, mas não, tu não não consegues sequer distinguir uma democracia do totalitarismo, nem um democrata dum extrema direita.
Triste e dramático o país que tem uma elite deste quilate.

João Vasco disse...

Anónimo:

Procure os textos com a etiqueta "islamismo" e verá que neste blogue o extremismo religioso e o islamofascismo têm sido duramente criticados.

Mas as críticas aqui feitas à actuação do governo israelita são mais do que legítimas e justas, e até partilhadas por muitos israelitas.

Quanto ao ser uma democracia, que obviamente não legitima qualquer agressão a terceiros, não me parece claro que Israel seja um país mais democrático que a Indonésia ou a Turquia. Parece ser uma democraia mais "musculada" (no mau sentido) que as democracias destes países.

João Vasco disse...

Luís Lavoura:

É verdade que cerca de 30% dos judeus é não-religioso, pelo que não podemos dizer que o judaísmo é apenas uma religião. Na verdade, a definição é tudo menos clara e consensual.

De qualquer das formas, um estado deve proteger todos os cidadãos, não uma determinada etnia, ou grupo de fronteiras étnico-religiosas mal definidas. A ideia de que "somos todos iguais à luz da lei" é um valor que corresponde a uma pedra basilar dos direitos humanos que creio universais.


Anónimo:
O anónimo diz que os árabes também têm representantes eleitos, mas o que este texto vem precisamente mostrar, através do video associado, é que isso não é o fim da história... Por isso, sugiro que o anónimo veja o video associado a este texto, para perceber a que é que o Ricardo se refere.

Ricardo Alves disse...

Anónimo (que creio ser o Joaquim Torrado/sempalasnosolhos/etc),
faço minhas as palavras do João Vasco.

http://esquerda-republicana.blogspot.com/search/label/Islamismo

Ricardo Alves disse...

Luís Lavoura,
o problema não é a «paisagem religiosa israelita» em si. O problema é que o Estado israelita se definiu, desde a declaração de independência, como um «Estado judeu», e destinado a promover o «regresso» dos judeus espalhados pelo mundo àquele território. Ainda hoje, os imigrantes recém-chegados da Rússia, alguns dos quais terão uma avó judaica ou pouco mais, podem pedir a cidadania israelita e aceder a todos os direitos correspondentes - enquanto os árabes nascidos naquele território continuam a ser cidadãos de segunda.

A questão religiosa é importante porque é mantida, pelo próprio Estado, como uma referência identitária e legal - inclusivamente para os que são ateus. A religião organiza toda a vida social, desde a escola onde se vai até a com quem se casa. Por exemplo: é impossível a um judeu israelita casar com uma muçulmana - a menos que se metam no avião para Chipre (Israel é a única democracia do mundo sem casamento civil). São aspectos desses que me parecem explicar a fossilização da sociedade israelita num conflito que noutras paragens (e.g., a Irlanda do Norte) já teria acalmado. E não vejo o debate na blogo-esfera, polarizado como está, dar atenção a estes aspectos.

José Gonçalves Cravinho disse...

Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote (89 anos)digo simplesmente que a criação do Estado de Israel pelo anglo-saxão Imperialismo,foi para ter ali no Médio Oriente um bastião militar,um braço armado ao serviço do Imperialismo anglo-saxão.E no meu fraco entender,acho que os judeus são racistas
pois consideram-se o Povo Eleito de Deus e para êles,a Palestina é a Terra da Promissão.Se não fôra o fanatismo religioso,tanto dos sionistas como dos maometanos,a Palestina poderia ser uma Rèpública Federada com dois Cantões,como por exemplo,a Suíça,mas sem Exército e sòmente Polícia e fazer de Jerusalém uma Cidade Internacional e Sede da ONU.Os Agentes religiosos e seus crentes não deveriam imiscuir-se na Política e limitar-se às suas Sinagogas,Mesquitas e Igrejas.Os chamados judeus espalhados pelo Mundo tinham as suas respectivas nacionalidades e no meu fraco entender deveriam ser considerados os mais internacionalistas de todos os habitantes do Planeta.
Só o espírito racista ou fanatismo religioso é que impede que possa haver Paz na Palestina.