quarta-feira, 16 de junho de 2010

38 anos para reconhecer a barbárie

Acho interessante quando sou confrontado com opiniões que dão o Reino Unido como uma democracia exemplar. Ontem, 38 anos depois, um Primeiro Ministro britânico reconhece finalmente o bloody sunday, um massacre de cidadãos que manifestavam desarmados por um regimento de para-quedistas britânicos. Isto não é aceitável em democracia e ainda muito menos numa democracia exemplar.

Quem acompanha a política britânica sabe que assim que se passa do território da Inglaterra para os restantes territórios do Reino Unido os atropelos à democracia são frequentes. A não reunificação da Irlanda - a reunificação era uma promessa dos acordos de independência - é uma mancha na história da Europa que continua a ser alimentada por hooligans orangistas ao serviço de Sua Majestade. Para cúmulo, o contribuinte europeu ainda tem que pagar um programa de pacificação da Irlanda do Norte: o programa PEACE II. Ironicamente, o contribuinte europeu tem a seu cargo os custos da exemplaridade da democracia britânica.

3 comentários :

Andre disse...

Sao os intocaveis em termos de politica externa.
Mentalidade de ilhota.

dorean paxorales disse...

tem razão, a republique só demorou 37 anos a condenar os seus:
http://en.wikipedia.org/wiki/Paris_massacre_of_1961

Ricardo Alves disse...

A democracia britânica não tem nada de «exemplar», e a situação da Irlanda do Norte é um dos exemplos do contrário. Nesse ponto concordo com o Rui.

Ia acrescentar que outras democracias europeias têm massacres de civis (em território europeu e depois de 1950) no seu cadastro. O caso mais gritante é o massacre de outubro de 1961 em Paris:

http://esquerda-republicana.blogspot.com/2006/04/as-democracias-tambm-torturam.html

Há também o caso dos assassinatos cometidos pelos GAL espanhóis nos anos 80 do século 20. Mas esse é um caso em que a justiça (alguma justiça) não tardou muito. E depois há os casos estranhos de Itália, nos anos 70...