terça-feira, 1 de junho de 2010

Máximo histórico

O desemprego atingiu, em Abril, os 10.8%. É um máximo histórico. A média da UE é 9.7%, mas nós estamos à frente. Como sempre.

12 comentários :

João Vasco disse...

Como sempre não diria, o que até aumenta a gravidade da situação.

Durante bastante tempo esse era um dos indicadores em que nos mantínhamos confortavelmente à frente da média europeia.

Anónimo disse...

Está-se a omitir que somos mais socialistas que muitos outros na UE além de que temos legislação social muito mais avançada. Há avanços que se pagam, qual o problema?

Isto parece um post do Neves.

Ricardo Alves disse...

O comentário do anónimo é bastante estranho. Chama-se Neves? ;)

Miguel Carvalho disse...

Estou com o João,
dizer "como sempre" é estar a definir o "sempre" como "os últimos mesitos".
Portugal tem historicamente um desemprego mais baixo que a UE... e isto ainda torna a coisa mais negra.

Ou seja o que facto de NÃO ser como sempre, é que me assusta.

Ricardo Alves disse...

O «como sempre» era uma ironia.

dorean paxorales disse...

eu gostava mesmo que o anónimo fosse à, eg, alemanha e me dissesse onde portugal tem uma legislação social "muito mais avançada"...
mas se calhar também era ironia.

João Vasco disse...

Ao contrário daquilo que a malta de direita defende, os nossos problemas económico-financeiros não é o peso do estado, ou uma legislação "de esquerda".
A prova é que Portugal é um país perfeitamente típico no seio da UE. O peso no nosso estado na economia é muito semelhante à média da UE, a nossa legislação não é mais "de esquerda" que a da maioria dos países, nem mais de "direita".

Isso mostra perfeitamente que os nossos problemas económicos não estão aí.

Eu diria para começar na justiça e na educação.

Miguel Carvalho disse...

João,
concordo na tua análise, justiça e educação são os dois principais problemas.
Mas não é verdade que sejamos um país típico. Em peso do estado estamos abaixo, mas em termos de mercado de trabalho, temos dos mais rígidos. Neste sentido é mais de "esquerda" (ou melhor de "má esquerda" porque há mercados de trabalho flexíveis "de esquerda").

MFerrer disse...

Para além da muita ironia, o Ricardo podia também acrescentar o carácter do desemprego em Portugal, as suas diferenças da dos outros Países da UE, acrescentar-lhe talvez a origem desse desemprego, qual a produtividade média desses desempregados:
Comparando por exemplo o PIB quando eles estavam a trabalhar e agora com eles no desemprego...
Podia até, em nosso benefício, tomar em consideração a diferença numérica entre os que estavam a receber pensões de reforma em 2008 e o actual número, e assim, acrescentar ao número dos inactivos, a mais.
Perceber-se-ia melhor qual a verdadeira contribuição para o PIB dos que actualmentem trabalham e fazer então a comparação com a situação anterior.
Isso é que nos daria oportunidade para finas ironias!
Atentamente

João Vasco disse...

Miguel:

A nossa legislação laboral é algo bizarra. Para uma parte importante dos trabalhadores ela é particularmente rígida, mas isso contrasta com aquilo que se passa com as novas gerações onde os vínculos laborais são particularmente... "flexíveis".

Mas não é por causa dessa situação mista (onde coexistem ambos os extremos) que eu aleguei que Portugal não é de "esquerda" na legislação.
É mesmo porque não considero que essa rigidez seja característica da esquerda. Em minha defesa cito a Suécia, que foi o país da UE onde a esquerda esteve mais tempo no poder (mais de 70 anos, se não me engano) e que tem uma legislação laboral mais flexível que a média.

Se compararmos a "rigidez laboral" com as ideologias dominantes nos diferentes países vamos encontrar uma relação muito mais ténue do que aquela que encontramos quando olhamos para a geografia, se não estou em erro. Países mediterrânicos (França, Itália, Espanha, Portugal e Grécia) são os mais rígidos, esteja lá a direita ou esquerda, e países nórdicos são menos.

Mais a mais, uma esquerda forte tende a encontrar mecanismos compensatórios que tornam a flexibilidade laboral numa possibilidade política.

Em Portugal a maior flexibilização foi "conseguida" à custa de um corte geralicional, e tão radical e injusto que é bem capaz de dar problemas sérios..

Miguel Carvalho disse...

João,
a Suécia seria obviamente um exemplo para a "boa esquerda".
Infelizmente em Portugal não tem havido essa perceção.

A existência dos dois extremos faz de Portugal um caso atípico. E este é também um problema. É aqui que discordo de ti quando dizes que a legislação não é problema.

João Vasco disse...

Eu não acho que a legislação ser "de esquerda" é o problema. E acho que a legislação que temos não é "de esquerda". Mais facilmente diria que é mediterrânica (um caso extremo disso).

A legislação que temos parece-me um problema grave, e ultrapassa muito o aspecto laboral.
Por ser uma teia demasiado complexa, contraditória, e inintelegível pelo cidadão comum, torna a justiça lenta, imprevisível, e facilmente corruptível.

Quando falo nos problemas na justiça falo também disto (uma coisa não é alheia à outra).