sábado, 5 de junho de 2010

Mais propaganda monárquica?

Anuncia-se que a RTP produzirá quatro mini-séries para assinalar o centenário da República. Recordo-me logo da série «O dia do regicídio», produzida em 2008, em que os republicanos foram representados como uns demagogos, violentos e sem razões, os monárquicos como uns anjos, cordatos e cultos, e a repressão franquista como inexistente. O actor monárquico Virgílio Castelo compôs um tribuno republicano do qual se insinua que teria mandatado o regicídio, e que chega a beijar a pistola do crime. Rigor histórico: zero. Equilíbrio: nenhum. No momento do regicídio, o ridículo total: a realeza sangra e sofre, os regicidas não soltam uma gota de sangue.

Espero que desta vez a RTP não esteja a programar mais propaganda monárquica.

20 comentários :

Anónimo disse...

É MUITO CHATO. JÁ LÁ VÃO OS BONS VELHOS TEMPOS EM QUE A IMPRENSA FAZIA CAMPANHA PELA REPÚBLICA E ATÉ IA AOS CEMITÉRIOS EM ROMAGEM POR QUEM ASSASSINAVA CHEFES DE ESTADO, APESAR DE OS ESTRANGEIROS CHAMAREM A ISSO A VERGONHA DE LISBOA. AGORA QUE A TELEVISÃO DO ESTADO TRATA OS BOIS PELOS NOMES E OS REGICIDAS COMO ASSASSINOS A GENTE FICA CHATEADA.

Anónimo disse...

É natural, num pais onde tivemos um Presidente da Republica que queria ser Rei...

Anónimo disse...

QUERIA SER REI NO LUGAR DO REI.

Anónimo disse...

Eu acho que a república não pode estar sempre sob suspeita. É necessário que os dirigentes republicanos reconheçam de uma vez por todas os seus erros e crimes. Se isso acontecer o povo vai ver a republica com muito mais respeito e credibilidade. Isto não se aplica só à republica, mas também à maçonaria e à ICAR. No caso destes últimos isso verificou-se um pouquinho com João Paulo II, mas ficou por aí. Muito caminho ainda tem que ser percorrido.

Anónimo disse...

À medida que as pessoas procuram conhecer melhor a história do seu país acentuam, inevitavelmente, três conclusões:
- a implantação da republica significou uma redução da liberdade da maioria da população e o ódio entre os portugueses assumiu proporções só equiparáveis aos tempos mais conturbados da guerra civil;
- as três fases da republica podem ser caracterizadas por: intolerância sectária e caceteira (1a), ditatura de direira de brandos costumes (2a) e cleptocracia socialista de brancos costumes(3a);
- O problema de Portugal não é a forma de regime, é o conteúdo do regime, como infelizmente 100 anos de história demonstram.

As comemorações do centenário da republica são um exercício caro de propaganda e desonestidade política casualmente enquadrado no ambiente cleptocrático socialista predominante.

João Moutinho disse...

Não que eu concordo com a visão do Ricardo Alves.
Já que o objectivo da RTP será captar audiências (além do dinheiro dos contribuintes...) mas o facto de ele deixar na caixa de comentários aqueles que lhe são contrários demonstra um estado de espírito que faltou às duas primeiras Repúblicas.
A falta de rigor histórico também surge no filme sobre o 25 de Abril feito pela Helena Medeiros (que tb não foi idealizado em Paris).

Ricardo Alves disse...

Anónimo das 8:36,
a implantação da República significou maior liberdade e maior igualdade:
- fim dos privilégios aristocráticos;
- fim das leis de blasfémia;
- laicização do Estado (registo civil obrigatório e separação entre Estado e igreja);
- igualdade de tratamento das confissões religiosas;
- igualdade de direitos para as mulheres no Código Civil e nas leis da Família;
- direito à greve;
- possibilidade de eleição do chefe de Estado.

Acho revelador que considere o Estado Novo (que para mim não é República) mais «brando» e menos «sectário» e «caceteiro» do que a 1ª República. Os exageros da propaganda monárquica dão nisto: considerar Afonso Costa (que sempre governou com parlamentos plurais e abandonou o poder várias vezes, de acordo com a Constituição em vigor), menos democrata do que Salazar (que nunca tolerou parlamentos plurais e só abandonou o poder por cadeirais razões alheias à sua vontade).

Anónimo disse...

Ricardo Alves,

Na verdade o Estado na 1a republica não se separou da Igreja. Sob vários aspectos esteve até mais ligado a ela do que no tempo do liberalismo. Por exemplo: os bispos não podiam fazer comunicações aos fieis sem censura prévia, foi retirada à igreja não só a posse dos templos como dos utensílios usados no culto, sendo que estes detidos por comissões encarregues de os disponibilizar; os católicos e só estes, foram proibidos de usar vestes talares em público. Acontece ainda que Estado continuou a pagar "ordenado" aos padres católicos, tal como fazia antes. Para uma “Lei de Separação" teve muito de lei e pouco de separação.

A blasfémia religiosa transferiu-se para a blasfémia política. No tempo da monarquia blesfemava-se num jornal e arriscava-se um processo judicial. No tempo da 1a republica blasfemava-se contra o regime e arriscavam-se sovas públicas e destruição de redacções e maquinaria, como tantas vezes sucedeu até aos jornais republicanos não fundamentalistas.

A Lei da greve é outro logro de propaganda, à imagem da Lei de Saparação. As greves passaram a ser legais, no entanto já existiam greves no tempo da monarquia. Aquilo que não existia no tempo da monarquia e passou a existir na 1ª republica foi uma repressão feroz sobre grevistas que incluia a deportação para África sem julgamento. Consulte literatura sindicalista da época.

É certo que a 2a republica foi menos caceteira do que a 1ª tal como é certo que foi mais branda que 1a. Desde logo foi muito menos mortífera; contam-se aos milhares os mortos em golpes de Estado ou tentativas de golpe de Estado e assassinatos políticos em 15 anos de 1a republica, bem menos do que pelas mesmas razões da 2a. republica. O mesmo com as duas guerras para que o pais foi arrastado pelos governantes: morreram mais portugueses em dois anos de participação escusada na igm do que na guerra colonial a que a 2ª republica não soube encontrar saída política.

Por fim, considerar "democrático" Afonso Costa é uma falha fatal; parlamentos que eram eleitos com base eleitoral em cerca de 20% da população dos quais votavam (ou deixavam votar) cerca de metade eram intrinsecamente anti-democráticos. Todos sabiam isso.
Ainda quanto a Afonso Costa, faça como eu, não se preocupe com monárquicos e restrinja-se à opinião republicana sobre o indivíduo; pode começar por José Relvas, passe por Guerra Junqueiro, termine em António José de Almeida. Não esqueça que por algum motivo, e já em plena 2ª republica, o GOL não ergueu uma estátua a Afonso Costa em Lisboa, mas sim a António José de Almeida, um homem que se opôs com valor aos “democráticos” e a Afonso Costa na 1ª republica.

O Ricardo acha ainda que a 2ª republica não foi “republica”. Por um instante ponha de lado a fé e a crença e lembre a anedota: tem nariz de leão mas não é leão, tem pata de leão mas não é leão, tem boca de leão mas não é leão, (etc, etc)... O que é então? É a leoa, a mulher do leão.

Ricardo Alves disse...

«Na verdade o Estado na 1a republica não se separou da Igreja.»

Deve ser por isso que se deram ao trabalho de publicar uma Lei de Separação.

«Sob vários aspectos esteve até mais ligado a ela do que no tempo do liberalismo. Por exemplo: os bispos não podiam fazer comunicações aos fieis sem censura prévia»

Esse beneplácito já existia antes de 1910. Eu seria contra a sua manutenção hoje em dia.

«foi retirada à igreja não só a posse dos templos como dos utensílios usados no culto»

Não. A lei de 1911 estabeleceu que a ICAR poderia utilizar esses edifícios e bens por 99 anos. Ou seja, até 2010. ;) Para alguém que, segundo a propaganda católico-monárquica, tinha um plano maquiavélico para «extinguir» o catolicismo em duas gerações (50 ou 60 anos, portanto), não deixa de ser estranho que previsse o seu uso livre de encargos por 99 anos (três ou quatro gerações).

Repare-se que esses bens não foram construídos com rezas e óstias. Originalmente, o Estado tinha pago por eles.

«os católicos e só estes, foram proibidos de usar vestes talares em público»

Já disse várias vezes que é uma das poucas medidas que acho que não fez sentido. Mas não acho que só por si constituísse uma «perseguição horrorosa», até porque os padres portugueses não eram dados às vestes talares.

«Acontece ainda que Estado continuou a pagar "ordenado" aos padres católicos, tal como fazia antes.»

Falso. O que a Lei de Separação estatuiu foi o pagamento de «pensões» (hoje diríamos «reformas») aos padres que tinham sido funcionários públicos. Mas deixariam de ser funcionários públicos, evidentemente.

Curiosamente, hoje ninguém, nem sequer os anónimos destas caixas de comentários, defende que continuassem a ser funcionários públicos.

«A blasfémia religiosa transferiu-se para a blasfémia política.»

Infelizmente, ainda hoje existe. Existem penas para quem queima a bandeira em público. Não para quem rouba bandeiras, aparentemente.


«No tempo da monarquia blesfemava-se num jornal e arriscava-se um processo judicial.»

Houve quem fosse para a prisão por escrever sobre matéria religiosa. E só se podia ser licenciado da Universidade de Coimbra (a única da monarquia) depois de jurar um dogma ridículo. Felizmente, a República acabou com esses juramentos e com o monopólio de Coimbra.

«As greves passaram a ser legais, no entanto já existiam greves no tempo da monarquia.»

Mas passaram a ser legais. A diferença é essa.

«Aquilo que não existia no tempo da monarquia e passou a existir na 1ª republica foi uma repressão feroz sobre grevistas que incluia a deportação para África sem julgamento.»

O Carlos 1º assinou um decreto, a 31 de Janeiro de 1908, para deportar para África e Timor dirigentes republicanos. Era a moda da época. Vinha do século 19 e continuou durante mais meio século.

Os sindicatos expandiram-se, em número de filiados e influência, durante a 1ª República. Não se pode dizer o mesmo do Estado Novo, particularmente antes de 1970.

«Consulte literatura sindicalista da época.»

Já consultei. Tenho alguma admiração pelos anarco-sindicalistas desse período. Que tinham simpatias republicanas, e não monárquicas.

Já agora, qual é a sua opinião sobre a CGTP?

Ricardo Alves disse...

«É certo que a 2a republica foi menos caceteira do que a 1ª tal como é certo que foi mais branda que 1a.»

Perfeito disparate. Durante a 1ª República, a regra foi o Parlamento ter vários partidos, de socialistas a católicos políticos (incluindo Salazar, que foi eleito deputado). Durante o Estado Novo, a oposição não elegeu um único deputado.

«Desde logo foi muito menos mortífera; contam-se aos milhares os mortos em golpes de Estado ou tentativas de golpe de Estado e assassinatos políticos em 15 anos de 1a republica, bem menos do que pelas mesmas razões da 2a.republica.»

Outro rotundo disparate. Aqui há semanas, outro anónimo (ou o mesmo? Dada a vossa cobardia congénita, é impossível saber se estou a debater com o mesmo de há umas semanas ou com outro...) levou-me a fazer as contas. Por alto, não creio que se chegue aos dois mil mortos na violência desses dezasseis anos. Incluindo os que combateram contra as guerrilhas monárquicas de Paiva Couceiro, e contra a insurreição monárquica de Monsanto.

Quanto aos assassinatos políticos, não subestime a PIDE, que talvez ainda tenha matado depois de 1974.

«O mesmo com as duas guerras para que o pais foi arrastado pelos governantes: morreram mais portugueses em dois anos de participação escusada na igm do que na guerra colonial a que a 2ª republica não soube encontrar saída política.»

Mais disparates, que ninguém seria capaz de assinar com nome verdadeiro e cara.

A nossa participação na guerra de 1914-19 era indispensável para impedir que a Alemanha e a Inglaterra fizessem a paz à custa das nossas colónias da época. A guerra colonial resultou da política errada do Estado Novo, que tinha numerosos políticos monárquicos e que foi implantado pelo pessoal político que, sendo católico, monárquico ou fascista, se opusera à 1ª República.

«parlamentos que eram eleitos com base eleitoral em cerca de 20% da população»

Não era muito diferente no tempo da monarquia.

«Ainda quanto a Afonso Costa, faça como eu»

«Eu»? Mas quem é você? Para mim é o anónimo cobardola das 2:30 PM, que não é nem deixa de ser o mesmo dos anteriores comentários anónimos. Se quer ter «personalidade», passe a assinar com nome de gente e, já agora e-mail e cara.

«O Ricardo acha ainda que a 2ª republica não foi “republica”. Por um instante ponha de lado a fé e a crença e lembre a anedota: tem nariz de leão mas não é leão, tem pata de leão mas não é leão, tem boca de leão mas não é leão, (etc, etc)... O que é então?»

Uma andorinha não faz a Primavera. Um Presidente não faz uma República.

Anónimo disse...

E as medições de cabeças clericais?! Foram montagens em Photoshop feitas por simpatizantes Monárquicos exilados em Inglaterra?

Mastermind disse...

Não acho que o "Dia do Regicidio" tenha sido assim tão pro-monárquico. Mas podiam ter-se baseado mais nos factos reais, em vez de por exemplo, inventarem aquela história de o Afonso Costa ter pago a um regicida para matar outro e ficar-lhe com a "arma que matou o rei".
É que, por outro lado, o Aquilino Ribeiro era um anarco-republicano bem mais dedicado do que pareceu pela série.

Ricardo Alves disse...

Anónimo das 8:48,
as medições de cabeça eram um procedimento de rotina feito a todos os detidos.

Ricardo Alves disse...

«o Aquilino Ribeiro era um anarco-republicano bem mais dedicado do que pareceu pela série»

Sim, é verdade.

Anónimo disse...

"as medições de cabeça eram um procedimento de rotina feito a todos os detidos."

A todos os detidos que se sentiam livres de professarem a religião Católica.

As rotinas republicanas esqueciam-se de respeitar os DIREITOS HUMANOS.

Anónimo disse...

«o Aquilino Ribeiro era um anarco-republicano bem mais dedicado do que pareceu pela série»

De certeza que o termo "dedicado" é um eufemismo. O Ricardo Alves e o Mastermind sairam-nos cá uns brincalhões :)

Ricardo Alves disse...

«A todos os detidos que se sentiam livres de professarem a religião Católica.»

Falso. Tem que estudar melhor esse período.

«As rotinas republicanas esqueciam-se de respeitar os DIREITOS HUMANOS.»

Ainda não existia a DUDH. Mas não foram os anónimos que a fizeram...

Anónimo disse...

Ai, então era por não existir a DUDH? Então admite que a LIBERDADE IGUALDADE E FRATERNIDADE que tanto serviu de mote à propaganda republicana, tanto não existiu, como funcionou ao contrário. A Monarquia aboliu a pena de morte e a republica re-introduziu-a nas suas ROTINAS, vulgo matanças, e vinganças mesquinhas.

Fiquei a perceber que a republica funcionou como um autêntico "engana meninos e papa-lhe o pão".

João Vasco disse...

A quantidade de mentiras... O Ricardo bem tenta esclarecer, mas é mais fácil repetir mentiras como se o Ricardo não tivesse escrito nada...

dorean paxorales disse...

sabes onde se arranja o dvd?