Sou ambivalente quanto a fenómenos como o independentismo da Flandres. Os povos têm direito ao seu próprio Estado, é claro (embora nem todos concordemos no que constitui um «povo»). Por outro lado, sentimentos como a obsessão pelas raízes, a glorificação da língua materna, a hostilidade aos vizinhos ou o egoísmo fiscal dos ricos nortistas que não querem sustentar os sulistas que falam outra língua, são outras tantas paixões que em política me parecem pouco aconselháveis.
Psicologicamente, flamengos e valões já estarão divorciados há muito. Ontem deu-se mais um passo para formalizar a separação. Quando os separatistas atingem os 45% na Flandres (incluindo o maior partido nacional, com 30% localmente), a questão pode ter deixado de ser o «se» para passar a ser o «quando».
O que acontecerá, presume-se, sem dramas. Mas uma Europa que em duas décadas viu surgir dezassete novos países não parece parar num processo que, lá por 2030, talvez nos aproxime das setenta bandeirinhas nacionais. Quem sabe não ficaremos por aí: o sonho de muitos é fazer de cada bairro ou aldeia um Estado independente.
(Les Flamingants, Jacques Brel, por sugestão do MSP)
2 comentários :
já estás a salivar com a destruição da monarquia belga, não é?
agora a sério, esse sonho de muitos que descreves está mais próximo do senhorio feudal que da democracia ateniense.
Parece-me que não me entendeste, Dorean.
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