O desemprego atingiu, em Abril, os 10.8%. É um máximo histórico. A média da UE é 9.7%, mas nós estamos à frente. Como sempre.
Sobre uma guerra extremamente perigosa
Há 7 horas
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
12 comentários :
Como sempre não diria, o que até aumenta a gravidade da situação.
Durante bastante tempo esse era um dos indicadores em que nos mantínhamos confortavelmente à frente da média europeia.
Está-se a omitir que somos mais socialistas que muitos outros na UE além de que temos legislação social muito mais avançada. Há avanços que se pagam, qual o problema?
Isto parece um post do Neves.
O comentário do anónimo é bastante estranho. Chama-se Neves? ;)
Estou com o João,
dizer "como sempre" é estar a definir o "sempre" como "os últimos mesitos".
Portugal tem historicamente um desemprego mais baixo que a UE... e isto ainda torna a coisa mais negra.
Ou seja o que facto de NÃO ser como sempre, é que me assusta.
O «como sempre» era uma ironia.
eu gostava mesmo que o anónimo fosse à, eg, alemanha e me dissesse onde portugal tem uma legislação social "muito mais avançada"...
mas se calhar também era ironia.
Ao contrário daquilo que a malta de direita defende, os nossos problemas económico-financeiros não é o peso do estado, ou uma legislação "de esquerda".
A prova é que Portugal é um país perfeitamente típico no seio da UE. O peso no nosso estado na economia é muito semelhante à média da UE, a nossa legislação não é mais "de esquerda" que a da maioria dos países, nem mais de "direita".
Isso mostra perfeitamente que os nossos problemas económicos não estão aí.
Eu diria para começar na justiça e na educação.
João,
concordo na tua análise, justiça e educação são os dois principais problemas.
Mas não é verdade que sejamos um país típico. Em peso do estado estamos abaixo, mas em termos de mercado de trabalho, temos dos mais rígidos. Neste sentido é mais de "esquerda" (ou melhor de "má esquerda" porque há mercados de trabalho flexíveis "de esquerda").
Para além da muita ironia, o Ricardo podia também acrescentar o carácter do desemprego em Portugal, as suas diferenças da dos outros Países da UE, acrescentar-lhe talvez a origem desse desemprego, qual a produtividade média desses desempregados:
Comparando por exemplo o PIB quando eles estavam a trabalhar e agora com eles no desemprego...
Podia até, em nosso benefício, tomar em consideração a diferença numérica entre os que estavam a receber pensões de reforma em 2008 e o actual número, e assim, acrescentar ao número dos inactivos, a mais.
Perceber-se-ia melhor qual a verdadeira contribuição para o PIB dos que actualmentem trabalham e fazer então a comparação com a situação anterior.
Isso é que nos daria oportunidade para finas ironias!
Atentamente
Miguel:
A nossa legislação laboral é algo bizarra. Para uma parte importante dos trabalhadores ela é particularmente rígida, mas isso contrasta com aquilo que se passa com as novas gerações onde os vínculos laborais são particularmente... "flexíveis".
Mas não é por causa dessa situação mista (onde coexistem ambos os extremos) que eu aleguei que Portugal não é de "esquerda" na legislação.
É mesmo porque não considero que essa rigidez seja característica da esquerda. Em minha defesa cito a Suécia, que foi o país da UE onde a esquerda esteve mais tempo no poder (mais de 70 anos, se não me engano) e que tem uma legislação laboral mais flexível que a média.
Se compararmos a "rigidez laboral" com as ideologias dominantes nos diferentes países vamos encontrar uma relação muito mais ténue do que aquela que encontramos quando olhamos para a geografia, se não estou em erro. Países mediterrânicos (França, Itália, Espanha, Portugal e Grécia) são os mais rígidos, esteja lá a direita ou esquerda, e países nórdicos são menos.
Mais a mais, uma esquerda forte tende a encontrar mecanismos compensatórios que tornam a flexibilidade laboral numa possibilidade política.
Em Portugal a maior flexibilização foi "conseguida" à custa de um corte geralicional, e tão radical e injusto que é bem capaz de dar problemas sérios..
João,
a Suécia seria obviamente um exemplo para a "boa esquerda".
Infelizmente em Portugal não tem havido essa perceção.
A existência dos dois extremos faz de Portugal um caso atípico. E este é também um problema. É aqui que discordo de ti quando dizes que a legislação não é problema.
Eu não acho que a legislação ser "de esquerda" é o problema. E acho que a legislação que temos não é "de esquerda". Mais facilmente diria que é mediterrânica (um caso extremo disso).
A legislação que temos parece-me um problema grave, e ultrapassa muito o aspecto laboral.
Por ser uma teia demasiado complexa, contraditória, e inintelegível pelo cidadão comum, torna a justiça lenta, imprevisível, e facilmente corruptível.
Quando falo nos problemas na justiça falo também disto (uma coisa não é alheia à outra).
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