terça-feira, 2 de março de 2010

O Estado sustenta os privados

Tanta conversa de «cheque-ensino», tanta treta de o ensino privado não necessitar do Estado para nada, e cada vez é mais claro que sem o Estado a escola privada portuguesa já teria falido, ou pelo menos visto drasticamente reduzido o seu peso no sistema de ensino: 44% dos alunos da escola privada são financiados pelo Estado. Imagino que, se o Estado retirasse estes apoios, os Martins e Gonçalos cujos pais realmente podem pagar as propinas dos colégios privados não fossem suficientes para manter as referidas escolas a funcionar. E os meninos teriam que ir para a escola pública, onde há menos missas e mais piolhos.

5 comentários :

Filipe Moura disse...

Tinha que ser o Adão da Fonseca...

MFerrer disse...

Por alguma razão a Escola Pública é tão atacada pela Direita!
Isto para não falar na irresponsabiliade da chamada esquerda que não entende que os privados nada têm a oferecer em termos de condições de trabalho, salários e carreira docente...

Daniel Nicola disse...

Na escola pública existem imensas famílias que não os "Martins e Gonçalos". E passam por dificuldades imensas devido à mercantilização anual do mercado de materiais escolares.
Depois das férias de "sonho" (ou não...) em Agosto, segue-se sempre o pesadelo de Setembro. Os livros são escandalosamente caros. E o capitalismo trata de criar anualmente uma nova necessidade para o mesmo bem. Porque raio um livro de história dura apenas um ano, quando nem sequer se dão ao trabalho de inserir na nova edição aquilo que entretanto decorreu desde o ano que afinal passou?
E como é grande o lobby das editoras na escola, Uma espécie de delegados da propaganda médica. Só que em vez de comprimidos, apenas vendem conhecimento.
Isto para dizer o quê?
Que o estado devia era transferir as verbas com que tem alimentado os colégios de bem do ensino privado para a escola pública, afectando as verbas no alargamento dos beneficiários e no patrocínio de livros. Até porque subsidiar rituais religiosos ou a contratação de docentes escolhidos segundo padrões que não se coadunam de todo com os valores de uma República laica, não é coisa que o estado deva andar por aí. Querem cortar? Comecem por aí. Há toda a liberdade para criar escolas privadas. Mas se a liberdade implica responsabilidade, e este é um chavão querido da direita, então amigos: ou se auto-governam e dão lucro, ou então fechem as portas. E não se preocupem com as crianças. O estado tem muitas e boas escolas pelo país, e ao contrário de vós, jamais excluiu uma criança!

Ricardo Alves disse...

Caros leitores,
para além dos vosso comentários, com que estou de acordo, é impressionante ler os comentários no site do Público: toda a gente está de acordo que é um escândalo a escola privada viver à custa do erário público. No entanto, o lóbi dos privados já conquistou a imprensa e sabe apresentar o seu caso...

Eunice Goes disse...

Claro que o Estado sustenta os privados. Muita da iniciativa privada de risco e garantida pelo Estado. Mais escandaloso do que os subsidios a educacao privada sao as Parcerias Publicas e Privadas nos sectores da saude, tranportes publicos, educacao. Estudo apos estudo revela que estas parcerias custam muito caro ao contribuinte, e o alegadamente inovador sector privado so investe quanto o risco e todo transferido para o Estado.