sexta-feira, 12 de março de 2010

O candidato excêntrico

Fernando Nobre iniciou a sua campanha dizendo que o seu «espaço político» não estava definido «à esquerda, à direita, ou ao centro». Lendo as declarações excêntricas das últimas três semanas, começa a parecer que o seu real espaço político é o dos extremos. Ambos os extremos.

Na primeira entrevista, afirmou que o Hamas e o Hezbollah não eram «terroristas» mas sim «resistentes» (piscar de olho para o extremo esquerdo), assumiu-se monárquico e insistiu na questão de Olivença (piscar de olho para o outro extremo). Questionado sobre um referendo ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, respondeu que referendada deveria ter sido... a participação portuguesa na guerra do Iraque (um referendo a uma guerra?!).

Vem agora defender exames médicos periódicos para os titulares de órgãos de soberania, incluindo... o «rei»: «de três em três meses ou de seis em seis meses o povo saber que o seu rei, o seu Presidente da República, o seu Primeiro-Ministro está em condições de saúde para continuar a exercer as suas funções». Ah. Só uma perguntinha: se não estiver, quem demite o rei, perdão, o Presidente?

Enfim. Uma colecção de extravagâncias. Ou excentricidades (etimologia: fora do centro).

Felizmente, existe Manuel Alegre.

10 comentários :

Filipe Castro disse...

Acho refrescante que haja candidatos tontos que se assumam como tontos, entre os crápulas do costume (ignorantes, corruptos e criminosamente irreponsáveis), a fazerem-se passar por pessoas sérias.

dorean paxorales disse...

ou mais simplesmente: quem demite o presidente?

Anónimo disse...

Eu não sou monárquico e também acho que Olivença devia ser de Portugal!
Em relação á guerra do Iraque, faria mais sentido referendar a nossa presença lá do que o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Pelo menos nesta questão há mais argumentos de ambos os lados do que na outra.
So tenho pena que, além da falta de experiência politica, ele seja monárquico.

João Vasco disse...

Eu creio que em relação à questão de Olivença o diferendo tem sentido: o governo Português não se importaria de "ceder" Olivença (basicamente oficializar a situação actual), mas teria de haver acordos e compensações.
O governo Espanhol acha que é uma terriola, e não está para isso.

Mas aparte deste diferendo, Olivença nunca mais vai voltar a ser realmente parte do nosso território.

dorean paxorales disse...

até está na constituição da república...
(art.º 5)
"3. O Estado não aliena qualquer parte do território português ou dos direitos de soberania que
sobre ele exerce, sem prejuízo da rectificação de fronteiras."

bom, pelo menos impede a venda da madeira à alemanha para rectificação do défice.

João Vasco disse...

Na prática a soberania sobre Olivença não é exercida, e poderá ser dada a desculpa de que é uma rectificação de fronteiras.

Mas a hipótese mais provável é que este impasse se continue a manter por décadas.

Ricardo Alves disse...

Parece-me ainda mais absurdo referendar uma guerra do que o casamento entre homossexuais.

Mas não me pareceria nada absurdo referendar a pertença à OTAN, ou os tratados europeus.

Anónimo disse...

A sua tentariva de denegrir a imagem de Fernado Nobre chega a ser cómica, de tão absurda. Dizer que Nobre é monárquico só para o deitar abaixo, é até insultuoso. Se Nobre se candidata a um lugar da República, não é para a fazer cair, ou é ?
E o que dizer de referendar uma guerra. Está mesmo a ser honesto ? Nobre defendeu referendar uma participação portuguesa e não a guerra ! Que desastre !

Filipe Moura disse...

Qualquer assunto relativo a guerra está (e bem) excluído do instituto do referendo. Um desastre é um candidato a presidente não saber isso.

Ricardo Alves disse...

Senhor Anónimo de terça-feira,
Fernando Nobre é monárquico assumido e falou efectivamente em referendar a participação portuguesa na guerra do Iraque. Leia a Sábado de 25 de Fevereiro. Está lá tudo.