terça-feira, 24 de abril de 2007

Já tinhamos dado conta

Um jornalista espanhol, que viveu um ano infiltrado nos «cabeças rapadas» portugueses, conta a sua experiência no Público de hoje. Trecho mais interessante:

  • «(...) em Portugal, os skinheads estão, como em Espanha, ligados às claques dos clubes de futebol, às bandas de música "Oi!" [estilo de música ouvida por neonazis] e aos partidos e movimentos legais de extrema-direita. "Em Portugal, aliás, a ligação aos partidos da direita é assumida de forma muito mais aberta do que noutros países. Em nenhum país europeu surgem os skins nas manifestações da extrema-direita, como acontece em Portugal. É normal que os partidos neguem qualquer relação com os bandos de delinquentes skinheads. Mas os partidos da extrema-direita portuguesa parecem não ter quaisquer problemas com isso".»

A realidade é esta: o PNR é mais próximo dos «cabeças rapadas» do que qualquer outro partido de extrema-direita da Europa ocidental. Mas quem tem olhos para ver já tinha reparado.

5 comentários :

Anónimo disse...

Tanto quanto sei do assunto, depois do grupo de skinheads assassinos do Alcino sairem da cadeira, entrou em curso um processo de desenvolvimento do grupo mais radical. Isto é o que tenho vindo a saber. É um pouco difuso, mas dá-te material para investigares mais.
Houve a extinção de vários grupos dispersos de skinheads (lusos natura, irmandade ariana, etc.) e unificação sob a hégide hammerskin. Houve concertos, surgiram bandas (ódio). Surgiu a frente nacional, e o fórum nacional, os grandes meios de propagação de ideias pela net. Houve uma acçao concertada para ir buscar mais elementos a sub-culturas próximas da "skinhead" (por exemplo, a subcultura "rockabilly"). 2 ou 3 lojas de roupa, sites na net ajudaram a propagar a "moda" junto aos mais jovens (a loja/empresa de segurança Viriatvs no chiado é a face mais visível, mas há tatuadores, ginásios, etc.). Entretanto ataques mais ou menos constantes a comunistas, skinheads-anti-nazis, etc., todos devidamente filmados, permitiram a um núcleo duro deste grupo ascender da condição de Prospect of the Nation a verdadeiro membro da Hammerskin internacional, conseguindo assim apoio (e adivinha-se financiamento) internacional.
Depois disto, restava tomar a última ferramenta, que foi o PNR. Durante algum tempo, procedeu-se a uma purga, de todos os velhos salazaristas-mas-não-racistas, e a frente-nacional/hammerskins tomou o PNR. Esta purga foi agressiva, e sairam por essa altura notícias nos jornais de espancamentos, tiroteios entre eles, etc. Finalmente conseguiram pôr lá o homem deles, o pinto coelho que não é mais que um fantoche dos skinheads, com gravata, lerdo, sem ideias próprias, que faz o que eles lhe mandam. Nesta altura é, mais que um movimento político, uma sub-cultura enorme, com milhares de jovens a apoiarem as suas ideias e a recrutarem mais, através de fóruns, da Juventude Nacional etc.
Mas que não hajam enganos: noutros países existem partidos políticos que têm apoio dos skinheads, em portugal, o partido político ganhou expressão enquanto ferramenta deles.

Anónimo disse...

Se investigares um pouco, lendo a história do fórum nacionalista, notícias antigas, etc., aperceberes-te-á que o PNR não é só um partido político pelo qual os skinheads nutrem simpatia. É sim uma ferramenta deles, no processo de se transformarem (nas palavras de um) "soldados de rua e soldados políticos". Outras facções dentro do partido foram completamente escorraçadas, ameaçadas (penso que a Causa Identitária seria a mais numerosa).
E é por isto que está tão sujeito a implodir pela via criminal. Seria impensável fazer mossa ao vlaams blok com rusgas a 30 skinheads violentos, porque a estrutura deste partido não passa em nada pelos skinheads. Em portugal, notou-se bem que uma pequena acção judiciária/policial contra um núcleo duro de violentos envolvidos em tráficos de armas (que são fáceis de capturar, porque faz parte da sua imagem a ostentação de rebeldes armados) é suficiente para romper toda a estrutura organizativa que funciona à volta deles. Um "grande encontro" internacional, o qual terá levado meses a organizar, com bandas, logística, partidos de 14 países (muitos com deputados e eurodeputados) convidados é CANCELADO e ELIMINADO após apenas 1 homem ser preso (o líder da frente nacional) e uma dezena vigiados. Isto porque é evidente que não haveria máscaras de politicamente correcto nessa reunião: haveria armas, haveria suásticas e haveria gritos de viva hitler.

Pedro Fontela disse...

Os políticos que estão a ignorar o problema porque pensam que vão ganhar qualquer coisa politicamente ainda se hão de queimar com a brincadeira....

Ricardo Alves disse...

«o PNR não é só um partido político pelo qual os skinheads nutrem simpatia. É sim uma ferramenta deles (..) Outras facções dentro do partido foram completamente escorraçadas, ameaçadas (penso que a Causa Identitária seria a mais numerosa).
E é por isto que está tão sujeito a implodir pela via criminal. Seria impensável fazer mossa ao vlaams blok com rusgas a 30 skinheads»

É exactamente disto que já suspeitava, caro leitor. O PNR é um braço da FN e não o contrário. E isso é o mais assustador.

Obrigado pela contribuição.

Anónimo disse...

Em primeiro, Oi! nao é musica de nazis. E nem todos os skinheads sao racista. Eu sou um skin e tem amigos skins negros. Pesquisem antes de falarem.