segunda-feira, 9 de abril de 2007

Revista de blogues (9/4/2007)

  1. «A ciência consiste na correcção de erros. E eu, como cientista, sinto-me na obrigação de apontar os erros de teor científico de que tenho conhecimento. (...) Eu não sabia, mas um leitor do blogue informou-me que o criacionismo já anda a ser ensinado na Universidade de Coimbra há algum tempo. No manual "Direito Internacional, Do paradigma clássico ao Pós-11 de Setembro" (...) da autoria do Doutor Jónatas Machado, que é usado obrigatoriamente na cadeira de Direito Internacional Público e Europeu do segundo ano da licenciatura em Direito (...) encontra-se logo à entrada uma apologia do criacionismo contendo comentários como: "(...) estou farto desta homobiologia homem-macaco (...)" e "(...) a teoria do intelligent design é a maior conquista intelectual dos últimos 200 anos (...)" O autor, activista religioso de verbo fácil, devota largas páginas da introdução à defesa do "intelligent design" (...) com um estilo doutoral que poderá impressionar os leitores menos prevenidos. Será que ensina isso aos seus alunos e que essa matéria faz parte dos exames? E o que é que isso tem a ver com o Direito Internacional Público e Europeu? (...) Será que a universidade permite que do alto de uma cátedra alguém faça proselitismo religioso? Podem os alunos de uma universidade laica ser evangelizados em vez de ensinados?» («Cátedra ou púlpito?», no De Rerum Natura.)
  2. «Como muita gente, já tive um crush pelo Vasco Pulido Valente. E fácil ter um crush pelo VPV. (...) Quando tive o tal crush, há coisa de quase vinte anos, o tom dele já era esse, exactamente esse. A maçada que é, foi e será sempre Portugal e o desinteressantes, incapazes e estúpidos que são, foram e serão sempre os portugueses os temas recorrentes. (...) Com VPV, estamos sempre mal. Nunca chegaremos a sofisticação, nunca seremos cosmopolitas. Saloios para sempre, miseráveis forever, por mais viagens que façamos, por mais que nos afastemos do terço e do jugo dos caciques. O golpe de misericórdia está porém para vir: nem sequer temos uma época de teatro nem uma época de música, lamenta-se VPV, que foi, há muito muito tempo, secretário de Estado da Cultura ou coisa que o valha (não tenho idade para me lembrar bem disso, sorry) e que defende que a cultura deve sobreviver sem subsídios do Estado. Nem sequer, continua, direito ao que mais dói, temos futebol de jeito. Não festejamos verdadeiramente nada, conclui ele, o homem que há décadas garante que não há nada na nossa história nem nos nossos feitos que valha a pena festejar, nada na nossa cultura que mereça loas, nada que suceda que não fosse melhor não ter sucedido. Afinal, descobriu VPV, os portugueses tornaram-se terrivelmente parecidos com ele. E ele não acha graça nenhuma. Acha uma tristeza. Uma maçada.» («Que pena, Vasco», no Cinco Dias.)

2 comentários :

David Cameira disse...

Deixo , apenas, o cometário do DOUTOR Jónatas Machado que reputo a melhor resposta a este post.

https://www2.blogger.com/comment.g?blogID=8194926647666006484&postID=8358639128680397565

Anónimo disse...

Mencionar o intelligent design em duas páginas, juntamente com referências à sociobiologia e à auto-organização dos sistemas complexos é fazer proselitismo de que religião? Alguém me pode esclarecer?