Embora os EUA sejam, formal e institucionalmente, um Estado mais laico do que a França, não deixa de ser verdade que os seus políticos encontram-se entre os que mais ostentam a sua religiosidade, demonstrando um proselitismo que em qualquer país europeu a oeste da Polónia seria considerado exótico. O exemplo mais recente: George W. Bush acaba de convocar um «Dia Nacional de Oração». Isso mesmo: o presidente dos EUA pede aos seus concidadãos para agradecerem as liberdades de que gozam ao seu amigo imaginário favorito. Através de pensamentos. Há gente mesmo muito estranha neste planeta.
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
9 comentários :
Apesar de ter começado bem - notar que nos EUA levam a sério a separação do Estado e da Igreja (eles têm os conceitos claros)- terminou mal porque confunde, como os europeus confundem, as coisas e acha que o presidente apelar à oração encerra política.
Não se aflija: eles não se confundem. Isto para eles está na prateleira das liberdades individuais. Coisa que eles não só prezam como incentivam. E, sim, inclui rezar. Inclui tudo. E, sim, na américa ninguém quer despojar quem seja eleito presidente da sua personalidade (por mais extravagante que seja) enquanto que nós por cá nem precisamos: é a primeira coisa que eles próprios fazem.
Sabe donde vem isto? De estarmos habituados a enganos, manipulações, maquiavelismo... De não conseguirmos entender ainda o que é isso de liberdade (apesar de sabermos bem que um marquês é menos que um conde...)
Concentre-se no facto que diz no início. É isso que é importante. A interpretação da acção estritamente pessoal de Bush deve ser deixada para o povo americano, que não precisa de licções nenhumas de europeu nenhum sobre liberdade (real, não académica), e que é o único com competência cultural (digamos assim) para a compreender.
Em matéria do culto da diversidade religiosa e SUBRETUDO EM MATÉRIA DE LIBERDADE a Europa é tão mentalmente indigente que devia ajoelhar agradecida por alguem lhe mostrar, na pratica, o q seja a liberdade e a diversidade religiosa
Há e não se alteraria nada ( embora isso a mim nada me choca-se 9 se em vez de ser a proclamação da casa Branca fosse a homologação da mm ao pedido do presidente da conferencia episcopal norte-americana ou ao pedido do presidente da Convençao Baptista do Sul para o mm fim
gpc,
há já alguns anos que concluí que os EUA são, institucionalmente, mais laicos do que a França. Nos EUA, as igrejas não recebem um cêntimo do Estado, por exemplo. Enquanto em França, centenas de igrejas têm a sua manutenção paga pelo erário público.
Mas a laicidade não termina na esfera institucional. Também existe a ética laica: um funcionário do Estado, seja qual for o cargo que ocupa, não pode usar esse cargo para fazer proselitismo religioso (ou anti-religioso, já agora). E esta «proclamação» é uma manifestação desse proselitismo (haverá outras mais graves, e que ferem a laicidade mais directamente, como as «faith-based initiatives» da actual administração dos EUA). Este «convite à oração» reúne a nação numa crença. Ora, não é nas crenças que as nações se devem reunir. É em torno de valores cívicos. As crenças, essas, são individuais e privadas.
Na semana passada saiu um estudo sobre a iniciativa presidencial de dar milhoes e milhoes de dolares aos fundamentalistas cristaos para eles desenvolverem programas para dissuadir as virgens americanas de terem relacoes sexuais antes do casamento.
TODAS as instituicoes que receberam estes milhoes e milhoes de dolares sao religiosas.
O resultado: zero. As miudas que fazem os retiros com a Biblia perdem a virgindade e engravidam exactamente à mesma taxa que as outras.
Os EUA sao um estado laico porque, ao contrario do que dizem os media, os arquitectos do estado americano desconfiavam imenso dos aldraboes todos que andavam pelos EUA a vender bocadinhos do ceu e a meter medo às pessoas.
Mas esta administracao foi eleita por fundamentalistas religiosos, nao acredita na separacao entre igrejas e estado, e tem dado bilioes de dolares a organizacoes religiosas.
Não é proseletismo é individualidade, é personalidade, é liberdade pessoal. É ele que é assim e não o deixou de ser por ser presidente. É transparência.
É melhor pensá-lo e fazê-lo, que assim estamos entendidos, do que vestir pele de cordeiro como, olhe, como a Ségolène...
O Estado não é afectado. Outro virá.
A liberdade religiosa também se aplica ao presidente.
GPC
Filipe,
acho que o estudo que referes é este:
http://www.slate.com/id/2164742/
E impressionante. Um milhão de dólares...
Correcção: um bilião...
" É melhor pensá-lo e fazê-lo, que assim estamos entendidos, do que vestir pele de cordeiro como, olhe, como a Ségolène... "
" GRANDA " CPC !!!
O meu fundamentalismo baptista não podia ter ficadomais contente do q ficou ao ouvir isto
Pena é q na Europa e desde logo em Portugal, ao menos depois do 25 Abril, nunca- ou quase - tenhamos tido politicos desta envergadura..
A constituição de 1976 e mm o programa do MFA ( que tb abordou a questão religiosa )agradeciam...!
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