Os patuscos do PPM querem referendar o regime. Oh vida. Poderiam propor que se referendasse também a anexação militar dos territórios a sul do Tejo pelo Condado Portucalense, a secessão de Espanha em 1640, o fim da Inquisição, a necessidade de existir uma Constituição, a independência das colónias ou o nome «Portugal» (que poderia ser mudado para «Ratugolp» ou outra coisa qualquer).
Seriamente: não se referenda a forma republicana do Estado como não se referenda a democracia, a igualdade de direitos ou a liberdade. Não se referendam direitos fundamentais, e a República é inseparável de vários, particularmente da igualdade de todos os cidadãos e da liberdade de cada um participar na gestão da cidade. Não se referenda a obrigação de o chefe de Estado fazer exames ao ADN para comprovar que descende do usurpador Miguel ou de outro chimpanzé tagarela qualquer. Acho eu.
(Evidentemente, a proposta é uma jogada de afirmação de um grupo que até entre os monárquicos, pelo menos aqueles que constituem cerca de um terço da audiência deste blogue, parece ser minoritário. Mas, curiosamente, o novo líder do PPM apoia a candidatura presidencial de Fernando Nobre, o «independente». Ai-ai. Um candidato independente apoiado por um partido. E um partido monárquico que apela ao voto para a presidência da República. Coerência, onde estás?)
Nota final: uma sondagem recente encontrou 72% de republicanos, 11% de monárquicos e 17% de indiferentes ou sem opinião.
8 comentários :
O PPM está entregue à bicharada. Tanto quanto sei, já não são muitos os monárquicos que se sentem representados por esse partido. Até mesmo alguns dos fundadores. Só assim se explica que tenha o presidente de partido que tem.
Agora é só um clube de marialvas...
diz o tacho para a sertã...
então começas por explicar, e bem, que igualdade e liberdade não se referendam (embora confundas tudo com a forma de chefia do estado, mas o que conta é a intenção) e que a vontade da maioria transitiva tem de está abaixo de certos valores para depois acabares com um argumento de maioria transitiva, ainda que de sondagem?
está mal, está mal...
A sondagem só lá está para mostrar como os portugueses, diga-se o que disserem, compreendem isto na sua esmagadora maioria...
Já não é a primeira visto que vejo esta vossa aversão ao referendo da República/Monarquia quando a República nunca foi eleita. Na altura do 5 de Outubro de 1910 o Partido Republicano era claramente minoritário.
Lamento mesmo esta atitude em particular quando vejo que colocam a questão em termos de democracia e direito humanos.
Eu vejo ao contrário acredito que o referendo seria um voto de maturidade, mesmo que o resultado seja esmagador a favor do actual sistema.
Sei que já é chavão mas se virmos os países escandinavos (excluindo a Finlândia que é uma República) são um exemplo de estados sociais em que a produção de riqueza surge a par da distribuição da mesma, ou o próprio Japão. Esse países são monarquias - em alguns casos mesmo Estados confessionais.
Não, não aprecio essa postura de não discutimos isto e aquilo.
Sei que a diferença é abismal mas o António (que já não é do meu tipo) achava que não podia discutir a pátria ou a família porque só ele sabia cuidar dela.
Acho bem que defendam as vossas ideia com unhas e dentes mas deixem os outros defenderem as deles.
Quando disse que o António não era do meu tipo queria dizer tempo, é o que dá querer escrever tudo duma vez.
Não conheço o Ricardo Alves pessoalmente mas espero que entenda isto como um desabafo perante (aquilo que considero) a vossa intransigência excessiva.
João Moutinho,
o seu primeiro comentário surpreendeu-me porque não é o seu registo habitual. Li agora o segundo, em que recua um bocado.
Deixe-me dizer-lhe que aceito discutir tudo: a democracia, a liberdade, a independência nacional, a República, a existência de Deus ( ;) ), a liberdade de expressão, a pena de morte e tudo o resto.
O que eu escrevi neste post foi que a República não se referenda. Mas discute-se porque não se referenda, e tanto se discute que foi isso que fiz neste post.
Bom Dia Ricardo,
Acordei numa manhã de Sol e aquela sexta-feira à noite já passou.
É verdade que estamos aqui a discutir a República.
Mas a Res- Publica também pode ser defendida em Monarquias.
E quanto o referendo lembro-me de no Brasil ter sido realizado e o resultado foi aquele que se esperava.
E a Monarquia tem alguns pontos a favor, no Carnaval os Pais vestem as menina de Princesas mas não de filhas de Presidente da República.
Há no entanto algo que já não seria tão bom, o D. Duarte teria de se coibir de fazer certas declarações sobre certos assutos, e aí já seria uma pena.
Por acaso, tanto quanto sei, houve câmaras municipais onde se votou favoravelmente a implantação da República.
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