Foi engraçado ouvir os alunos. No que se segue, para que fique claro, a identificação do quadrante político dos alunos é uma "adivinha" minha. Ninguém se identificou como membro de nenhum partido. Na primeira parte, falou (timidamente) um estudante nitidamente apoiante do PS e das políticas de Maria de Lurdes Rodrigues. Os críticos do "eduquês" e os seus colegas de partidos mais à esquerda defendem posições totalmente opostas, mas ambos reuniam-se para criticarem a anterior ministra - a sua inabilidade política reflete-se em, não ter sabido tirar proveito desta reunião. Na segunda parte, por volta dos 11 min, falou (julgo eu) um estudante apoiante do PCP. Refiro-o pela forma como se quis demarcar do estudante anterior e, pese algum nervosismo, pela forma como lia tudo o que queria dizer, sem se afastar nada do planeado. Logo depois, falou Pedro Feijó, assumidamente do Bloco de Esquerda, apresentado pela apresentadora como "o rapaz que estava doido por falar". O à-vontade a falar era notável. Fixem este nome: daqui a uns anos teremos ali deputado. Entretanto quer estudar Física... Tanto Feijó como a generalidade dos intervenientes pediram (em graus diferentes) "mais autonomia" para as escolas. Fossem professores e estudantes ou fossem só professores a fazê-lo, os programas deveriam ser decididos localmente e não pelo ministério. Gostaria de saber o que pensam os proponentes desse tipo de medidas desta reescrita da História no Estado do Texas (já referida pelo Filipe Castro).
sábado, 3 de abril de 2010
Prós & Contras: "quem manda nas escolas?"
Já há quinze dias (num debate sobre o PEC e as contas públicas) havia notado, e esta semana só o confirmei: o programa "Prós & Contras", que antigamente alguém chamava "Prós & Prós", está cada vez mais "Contras & Contras". Dantes, praticamente em cada semana estava lá um ministro; agora, para debater a educação, estavam (no último programa, disponível aqui), nada menos que Nuno Crato (apesar de tudo o melhor), Helena Matos e... Paulo Portas. Habilidoso, o líder do CDS conseguiu fazer passar a sua propaganda, a mensagem do seu partido, sem nunca a este se referir. Insistiu que na escola "não é admissível nenhum tipo de violência: violência contra professores, violência contra funcionários..." Não acabou. Ficámos sem saber se Portas toleraria a violência contra os alunos (desde que dirigida por professores ou funcionários).
Foi engraçado ouvir os alunos. No que se segue, para que fique claro, a identificação do quadrante político dos alunos é uma "adivinha" minha. Ninguém se identificou como membro de nenhum partido. Na primeira parte, falou (timidamente) um estudante nitidamente apoiante do PS e das políticas de Maria de Lurdes Rodrigues. Os críticos do "eduquês" e os seus colegas de partidos mais à esquerda defendem posições totalmente opostas, mas ambos reuniam-se para criticarem a anterior ministra - a sua inabilidade política reflete-se em, não ter sabido tirar proveito desta reunião. Na segunda parte, por volta dos 11 min, falou (julgo eu) um estudante apoiante do PCP. Refiro-o pela forma como se quis demarcar do estudante anterior e, pese algum nervosismo, pela forma como lia tudo o que queria dizer, sem se afastar nada do planeado. Logo depois, falou Pedro Feijó, assumidamente do Bloco de Esquerda, apresentado pela apresentadora como "o rapaz que estava doido por falar". O à-vontade a falar era notável. Fixem este nome: daqui a uns anos teremos ali deputado. Entretanto quer estudar Física... Tanto Feijó como a generalidade dos intervenientes pediram (em graus diferentes) "mais autonomia" para as escolas. Fossem professores e estudantes ou fossem só professores a fazê-lo, os programas deveriam ser decididos localmente e não pelo ministério. Gostaria de saber o que pensam os proponentes desse tipo de medidas desta reescrita da História no Estado do Texas (já referida pelo Filipe Castro).
Foi engraçado ouvir os alunos. No que se segue, para que fique claro, a identificação do quadrante político dos alunos é uma "adivinha" minha. Ninguém se identificou como membro de nenhum partido. Na primeira parte, falou (timidamente) um estudante nitidamente apoiante do PS e das políticas de Maria de Lurdes Rodrigues. Os críticos do "eduquês" e os seus colegas de partidos mais à esquerda defendem posições totalmente opostas, mas ambos reuniam-se para criticarem a anterior ministra - a sua inabilidade política reflete-se em, não ter sabido tirar proveito desta reunião. Na segunda parte, por volta dos 11 min, falou (julgo eu) um estudante apoiante do PCP. Refiro-o pela forma como se quis demarcar do estudante anterior e, pese algum nervosismo, pela forma como lia tudo o que queria dizer, sem se afastar nada do planeado. Logo depois, falou Pedro Feijó, assumidamente do Bloco de Esquerda, apresentado pela apresentadora como "o rapaz que estava doido por falar". O à-vontade a falar era notável. Fixem este nome: daqui a uns anos teremos ali deputado. Entretanto quer estudar Física... Tanto Feijó como a generalidade dos intervenientes pediram (em graus diferentes) "mais autonomia" para as escolas. Fossem professores e estudantes ou fossem só professores a fazê-lo, os programas deveriam ser decididos localmente e não pelo ministério. Gostaria de saber o que pensam os proponentes desse tipo de medidas desta reescrita da História no Estado do Texas (já referida pelo Filipe Castro).
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6 comentários :
Pelo que percebi foi o Texas Board of Education, ou seja, o Estado do Texas, que decidiu obrigar as faculdades a re-escrever a história. Esta medida centralista mostra bem o perigo de centralizar as decisões sobre educação e não dar autonomia às faculdades - sujeita-se a educação às vontades indoutrinadoras dos fanáticos religiosos que gerem o Texas e não se dá hipótese de que haja sequer uma única faculdade que recuse as ordens centralizadoras e que possa ser escolhida pelos alunos e professores mais interessados em receber uma boa educação do que serem indoutrinados.
O Filipe Castro poderá dizer se em Austin não houve alguma resistência a esta imposição do Estado.
Seria excelente se houvesse mais autonomia das faculdades. Assim uma faculdade interessada na educação poderia recusar-se a obedecer a leis que vêm de um estado central com outras prioridades que não a de providenciar a melhor educação possível.
Obviamente quando disse universidades queria dizer escolas em geral.
O João Branco acha realmente que os curricula e os programas podem ser decididos localmente, de forma «descentralizada»?
João, como sempre tu estás preocupado com os estudantes que não podem escapar às diretivas do Estado (do Texas, neste caso). Estás preocupado com o indivíduo que, neste caso, não pode escolhar livremente a sua educação.
Eu acho que as pessoas não devem ter a liberdade de escolherem uma educação errada (algo que a ti não te diz nada). Eu estou preocupado com os estudantes que têm a liberdade (neste caso, é uma liberdade dos seus pais - para os estudantes é uma violência) de "escolherem" o que podem aprender e de que forma o podem aprender em matérias tão essenciais e horizontais como a História ou a Biologia (não digo que tal liberdade não possa existir em outros domínios menos horizontais).
Em ciência, a liberdade é uma parametrização da nossa ignorância, João.
Claro que para fazer ciência, para produzir conhecimento, é preciso liberdade. Mas garanto-te que há muito mais liberdade numa escola pública, do Estado, do que numa escola privada, principalmente se for religiosa.
Em Austin festejou-se esta medida: o governador, Rick Perry, é da extrema-direita dura (é um dos milhares de evangélicos que acham que a Bíblia não diz nada sobre a democracia; e mais um homofóbico militante que não é gay - Deus nos livre! - mas volta e meia é apanhado com eles na cama).
O Texas Board of Ed. não tem nenhum poder institucional sobre o resto do país, mas como é o maior cliente de livros de estudos, as editoras tendem a seguir as indicações do Texas.
No fim do dia acho que o João tem toda a razão: quanto mais regulamentos, mais poder tem o estado. Os ministérios da educação deviam dar directivas e deixar as escolas decidir os curriculos e os livros, apoiar as escolas pobres (um estudo recente aqui nos EUA sugere que o sucesso escolar depende do ambiente em casa; não tem quase nada que ver com a qualidade das escolas), e premiar os professores e as escolas com melhor desempenho. O problema é avaliar o desempenho de escolas e professores... :o)
Aposto que os professores portugueses são óptimos, como os dos outros países todos, mas num país em que o mérito não é premiado as pessoas, mesmo as melhores, acabam por baixar os braços.
Pois, Filipe, em Portugal os professores queixam-se das diretivas do ministério, mas não querem o reconhecimento do mérito (que obviamente implica uma avaliação, e que nem todos cheguem ao topo da carreira).
As escolas decidirem aspetos como horários e metodologias, tudo bem. Agora os programas e currículos? Para além de colocar os alunos numa situação de desigualdade (algo que me parece inaceitável numa escola pública), tem consequências práticas que são um problema - inviabiliza qualquer tipo de avaliação nacional, por exemplo.
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