Foi isso que eu pensei quando soube que esta questão se punha: falta de sentido de oportunidade. E é bem possível que a Fernanda tenha razão: pode ter sido uma ratoeira lançada pela Igreja Católica. E que a Câmara Municipal de Lisboa mordeu.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
O casamento gay de Santo António
Claramente o casamento civil é uma instituição laica, e isso é válido também para os casamentos civis "de Santo António", apoiados financeiramente pela Câmara Municipal de Lisboa. Uma vez aprovado (como julgo que esperamos) o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a questão do apoio financeiro a esses casamentos por altura do Santo António teria que se pôr (e a resposta correta seria, claramente, a não discriminação, como manda a constituição). Mas essa questão só deveria ser posta nessa altura: tudo o que fosse pô-la antes da aprovação definitiva da lei seria uma provocação inútil e com consequências nefastas. Não me refiro somente à opinião dominante na sociedade sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo: refiro-me mesmo aos agentes que ainda têm que intervir no processo (Presidente da República; juízes do Tribunal Constitucional). Provocar a Igreja Católica pode ter graça para alguns, mas provocar estes senhores (e alguns deles podem sentir-se provocados por esta questão dos casamentos de Santo António) pode ter consequências desagradáveis, numa altura em que a lei ainda não passou (e não se sabe se passa).
Foi isso que eu pensei quando soube que esta questão se punha: falta de sentido de oportunidade. E é bem possível que a Fernanda tenha razão: pode ter sido uma ratoeira lançada pela Igreja Católica. E que a Câmara Municipal de Lisboa mordeu.
Foi isso que eu pensei quando soube que esta questão se punha: falta de sentido de oportunidade. E é bem possível que a Fernanda tenha razão: pode ter sido uma ratoeira lançada pela Igreja Católica. E que a Câmara Municipal de Lisboa mordeu.
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4 comentários :
Filipe,
se começarmos a pensar em «não provocar» a ICAR, acabo a não poder dizer em público que sou ateu.
E quanto aos casamentos, o melhor seria passar a fazê-los no salão nobre da câmara municipal, num ritual exclusivamente civil. Afinal, a maioria dos lisboetas casa-se pelo civil... Portanto, para quê promover outra forma de casamento?
Ricardo, vou tentar ser breve.
1) Há alturas, há ocasiões, em que não devemos provocar certas pessoas ou instituições, mesmo que nos apeteça, pois tal pode originar um jogo de vitimização por parte dessas pessoas ou instituições. OK?
2) No meu texto, a altura/ocasião é esta da aprovação do casamento homossexual, e a instituição é a Igreja Católica. Foi isto que se passou.
3) Tal como a Fernanda Câncio, não excluo que a Igreja Católica quisesse e tenha feito o que lhe foi possível para ser provocada nesta altura. E quem os provocou com esta história caiu na armadilha (e se calhar nem deu por isso).
Filipe,
a atitude provocatória, neste caso, é nitidamente da ICAR. Vê a última:
http://www.publico.clix.pt/Sociedade/patriarcado-exorta-cml-a-tornar-publico-entendimento-sobre-casamentos-de-santo-antonio_1418729
E no entanto, a ICAR tem sido mimada pelo governo nos últimos meses. Basta referir que, no verão, o governo publicou os diplomas que garantem os lugares dos capelães católicos nas forças armadas, nos hospitais, nas prisões, e até (novidade) nas forças de segurança. São centenas de empregos do Estado para funções estritamente religiosas, o que é muito mais importante do que qualquer aprovação de «casamento gay».
Já falam que este ano vai haver os casamentos de Santo António, e os casamentos do António Variações.
Nova modalidade! ;)
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