quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O masoquismo é um direito

Karol Wojtyla autoflagelava-se com um cinto. Nada tenho contra, o corpo era dele. Os adultos têm o direito de fazer mal a si próprios, e na medida em que isso não prejudique os que deles dependem, não se deve impedi-los. Pode-se, evidentemente, tentar persuadi-los de que o excesso de álcool estraga o cérebro e o fígado, de que a heroína vicia, ou de que os fritos sobem o colesterol. Mas, na medida em que sabem o que estão a fazer e não se prejudicam, é lá com eles.

Todavia, não se deve fazer a propaganda do alcoolismo, incentivar as crianças a alimentarem-se exclusivamente de batatas fritas e chocolate, ou banalizar o sofrimento, mesmo quando provocado pelo próprio e livremente.

Não é portanto muito normal que se considere como «modelo de virtudes» um tipo que, aparentemente, procurava a dor deliberadamente, e que se considere o cinto (ou a auto-agressão em si?) um «instrumento de perfeição». Há gostos para tudo, mas convém não exaltar a auto-imposição do sofrimento.

5 comentários :

Filipe Castro disse...

Mesmo que nós não soubéssemos porque é que ele batia, ele lá sabia porque é que apanhava... :o)

António Parente disse...

Falta explicar por que motivo não se pode exaltar o sofrimento (é uma questão filosófica).

Ricardo Alves disse...

Acha que é saudável exaltar o sofrimento ou, para ser mais claro, a demanda do sofrimento em si?

Filipe Moura disse...

Muito interessante esse teu ponto de vista do direito ao masoquismo. O que pensas da burca?

Ricardo Alves disse...

Penso que as mulheres não a usam livremente. Logo, não se trata de masoquismo, mas sim de sadismo dos maridos.